terça-feira, 23 de setembro de 2008

A restauração dos casarões do Boulevard

A Prefeitura resolveu chamar a si a responsabilidade de recuperar prédios do centro histórico de Belém, muito provavelmente por conta do financiamento para este fim que foi oferecido pelo Projeto Monumenta, sobre o qual se depositou as melhores expectativas, mas despertou o interesse de pouquíssimos proprietários de imóveis nessa área.

Soube-se pelos jornais que, na impossibilidade de atender de uma vez a totalidade das edificações, a Prefeitura elegeu para o trabalho os casarões do Boulevard Castilhos França e da rua Leão XIII.

No Boulevard, os operários trabalham em várias fachadas ao lado de uma placa que anuncia o Projeto “Portal das Cores”. Num deles observa-se a aplicação de réplicas de azulejos com um padrão comum a vários outros prédios daquele conjunto, cujo resultado visual de cor e textura faz parecer exatamente aquilo que são – réplicas.

Um outro sobrado, apresentava revestimento azulejado com poucas lacunas. O padrão desses azulejos, com fundo branco e elaborada decoração em azul, se não for único, é raríssimo entre as poucas casas azulejadas remanescentes em Belém. Para este, a decisão dos responsáveis pelo Projeto foi despojá-lo de seus azulejos originais.

Pensei, por algum tempo, acreditando, talvez, que a retirada tivesse fins de restauração e os azulejos seriam recolocados oportunamente. Finalmente constatei que nem os azulejos originais, aparentemente em bom estado, nem réplicas inconvincentes haviam sido aplicadas à fachada. Ela está sendo simplesmente pintada com uma cor diferente das demais casas para compor o tal portal policromático.

O entusiasmo cidadão ao saber que, finalmente, antes que desabassem ou fossem destruídos por um incêndio, veria aquele belo trecho recuperado, virou espanto.

Justamente o poder público, que deveria estabelecer bons critérios para a preservação do malsinado patrimônio histórico da cidade, avaliza uma ação desastrada que beira a delinqüência. O que foi feito dos azulejos retirados?

Será que tiveram o mesmo fim do corrimão da Avenida Presidente Vargas?

Aguarda-se uma resposta da Prefeitura para a questão, já rezando para que a Rua Leão XIII escape das boas intenções do Projeto Portal das Cores.

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