sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Fórum Mundial de Teologia e Libertação: Leonardo Boff e sua serena pregação

Conheci Leonardo Boff por meio dos livros, mais especialmente de um que me interessou pela abordagem ambiental: Saber Cuidar.
Sempre me perguntei porque razão a Igreja Católica o afastou se sua pregação é serena e simples: cuidar do planeta, cuidar das pessoas, cuidar da vida.
O Fórum Social Mundial, que se realizará de 27 de janeiro até 1º de fevereiro de 2009, na próxima semana, portanto, em Belém, trouxe consigo alguns eventos paralelos. Um deles, o Fórum Mundial de Teologia e Libertação que está acontecendo até domingo desta semana.
A primeira conferência foi proferida por ele. E lá fui eu assistir. Dá gosto. Não há elementos político-partidários na sua ideologia. Há uma base cristã, posto que sua fala é permeada de citações bíblicas, mas sobretudo de fundamentos cristãos.
Mas é uma pregação serena, tolerante e firme sobre a importância do entendermos que somos um todo, que o homem não é o ser mais importante da terra, mas mais um elemento vivo da terra.
Que este homem precisa tomar para si o papel de guardião da terra, antes que a terra, na sua caminhada evolutiva e defensiva reaja de tal maneira que acabe por eliminar o ser humano da terra, como fez com os dinossauros. Como aparentemente tem reagido com os diversos eventos climáticos extremos que vem acontecendo no mundo.
Muitas passagens interessantes do seu discurso, recheadas de citações científicas ficaram marcadas, como a que a terra já não apresenta mais capacidade de manter um equilíbrio ecológico, sem que haja uma mudança de atitude em relação ao ritmo de vida e destruição que submetemos a terra e o meio-ambiente. Que de toda a água disponível para consumo no mundo, 70% é usada para fins industriais e agropecuários e só 30% para matar a sede do ser humano. Que 20% por cento da população do mundo consome ou tem disponível para si para consumo 80% de tudo que a terra produz. Que este desequilírbrio sócio-econômico produz um desequilíbrio ambiental. Que precisaríamos de 3 terras para consumir tudo o que andamos produzindo na terra, mas mesmo assim temos mais de 1 bilhão de pessoas passando fome.
Foi muito bom ver tantas pessoas reunidas para ouví-lo. Tantos católicos, inclusive.
Que sua pregação não seja em vão.

Jovem redator faz de Obama um orador brilhante

21/01/2009 - 00h01
Jovem redator faz de Obama um orador brilhante

Francisco Peregil
Em Washington
Um homem pratica esporte em Washington perto do memorial de Abraham Lincoln, diante da imponente estátua do presidente que em 1863 proclamou o fim da escravidão. Ali mesmo, em 28 de agosto de 1963, sob as palavras de Lincoln gravadas no mármore, Martin Luther King pronunciou seu legendário discurso "Eu tenho um sonho": "Que meus quatro filhos vivam um dia em uma nação na qual não sejam julgados pela cor de sua pele, mas por sua reputação. Que um dia sobre as colinas vermelhas da Geórgia os filhos dos que foram escravos e os filhos dos que foram proprietários de escravos sejam capazes de...".

Jon Favreau para de correr e pensa no que sabe que não deveria pensar: amanhã estarão no Memorial a Lincoln milhões de pessoas para ouvir o discurso de Barack Obama, um discurso que durará 20 minutos e no qual este homem de 27 anos trabalhou durante mais de dois meses.

Semanas antes das férias do Natal, Obama e seu conselheiro David Axelrod se reuniram em Chicago com Favreau para lhe dar as diretrizes do que deveria ser o discurso. Assobiaram a música sabendo que Favreau colocaria a melhor letra. Ele estudou os discursos de posse de outros presidentes, reuniu-se com Peggy Noonan, redatora dos discursos de Ronald Reagan, encarregou um membro de sua equipe de estudar os pronunciamentos presidenciais em tempos de crise e outro de entrevistar vários historiadores.

Bill Burton, porta-voz de Obama, disse a Favreau: "Você percebe que o que está escrevendo as pessoas vão pendurar em cartazes em seus quartos?" Mas se pensasse nisso Favreau ficava paralisado. Se pensasse que desde 20 de janeiro passaria a ser o redator de discursos mais jovem que já trabalhou na Casa Branca e que suas palavras poderão um dia ser gravadas em mármore, não avançava.

Favreau prefere continuar sendo Favs, o rapaz que leva o computador portátil para as lanchonetes e escreve dali enquanto se comunica com seus amigos no site Facebook, o sujeito que comprou um apartamento de um quarto em Washington e o mobiliou apenas com um colchão inflável, o escritor que durante a campanha eleitoral declarou que não tinha namorada e que muita gente, quando lhe perguntava qual era sua ocupação, não acreditava que fosse o redator de Obama.

Favreau também foi criticado às vezes pela suposta vacuidade e excessiva beleza de seus discursos. "Meu rival faz discursos. Eu ofereço soluções", costumava dizer Hillary Clinton quando competia com Obama nas primárias. Mas a oratória de Obama a foi dominando. Depois de ganhar as presidenciais, um amigo de Favs expôs durante duas horas no Facebook uma foto na qual ele era visto muito sorridente em uma festa enquanto segurava o peito de uma figura de papelão de Hillary Clinton. A foto saltou do Facebook para o resto da rede e daí para a imprensa. Aparentemente, a brincadeira não incomodou muito a próxima secretária de Estado do país.

Em meados de setembro o jornal "The Washington Post" colocou Favreau em sua capa e quase já não se mencionava o caso Hillary. O grande tema era o primeiro discurso do primeiro presidente negro. Favreau falou do medo que o paralisa quando passa diante da estátua de Lincoln e de sua comunicação com Obama, que declarou várias vezes que, mais que um redator, ele parece "um leitor de mentes". Favreau também contou que até alguns meses atrás dividia um apartamento com seis amigos, quase não se barbeava, nunca cozinhava e costumava ficar até de madrugada jogando videogame.

Obama, que já escreveu dois livros autobiográficos, e Favreau criaram alguns dos discursos mais memoráveis das últimas décadas, o que é dizer muito em um país onde o discurso político tem o grau de gênero literário e as palavras de presidentes como Franklin D. Roosevelt - "A única coisa da qual devemos ter medo é o próprio medo" - ou John Fitzgerald Kennedy - "Não pergunte o que seu país pode fazer por você, mas o que você pode fazer por seu país" - fazem parte da memória coletiva.

Em março de 2008, em plena campanha eleitoral, Jeremiah Wright, o sacerdote que casou Obama e batizou suas duas filhas, pediu "que Deus amaldiçoe a América" por causa do racismo. Quando Obama enfrentou a polêmica com um discurso sobre o racismo que incendiou negros e brancos e foi qualificado de histórico por centenas de jornais - "A raiva é real, é poderosa e o simples fato de desejar que desapareça, ou condená-la sem entender suas raízes, só serve para aumentar o abismo da falta de entendimento que existe entre as raças" -, a pluma de Favreau já estava cumprindo seu trabalho. Cinco meses depois, em Denver, quando Obama colocou no bolso os delegados democratas com seu discurso para uma platéia de 38 milhões de telespectadores - "Temos mais riqueza que ninguém, mas isso não nos torna ricos. Temos as maiores forças armadas da terra, mas não é isso que nos faz fortes. Nossas universidades e nossa cultura são a inveja do mundo, mas não é por isso que o mundo se aproxima de nós. É o espírito americano, essa promessa americana que nos empurra quando o caminho se torna incerto. Essa promessa constitui nossa maior herança" -, Favreau também havia feito seu trabalho. Na noite em que Obama ganhou as eleições e pronunciou um discurso em Chicago - "Se ainda resta por aí alguém que duvida que os EUA são um lugar onde tudo é possível..." - que comoveu milhões de cidadãos, Favreau também tinha pronto o da derrota, caso seu chefe perdesse.

O discurso que Obama pronunciou nesta terça-feira ficará para a história como seu discurso, mas Favreau também levará sua parte de reconhecimento. Nos EUA, os redatores que escrevem para outras pessoas são chamados de fantasmas ("ghost writers"). Robert Schlesinger, filho de um redator de discursos de Kennedy e autor do livro "Os Fantasmas da Casa Branca", escreveu em seu blog que a chave do sucesso de um fantasma é saber captar a voz de seu chefe, que tenham trabalhado muito tempo lado a lado e que o chefe confie plenamente nele.

A história de Favreau como grande escritor começou em um verão quatro anos atrás em Boston, quando tinha só 23 anos e trabalhava para o candidato democrata à presidência, John Kerry. Favreau viu atrás do palco da convenção um senador ensaiando seu discurso e não hesitou em aconselhar que ele suprimisse uma frase porque parecia redundante. O senador era Barack Obama. E o discurso que ensaiava era uma peça brilhante que marcaria um antes e um depois na política americana. Mas Favreau se atreveu a fazer aquela sugestão.

"Obama me olhou um pouco confuso, como que dizendo 'Quem é esse garoto?'", declarou Favreau a vários veículos da mídia. No ano seguinte Favreau ficou desempregado e pediu uma entrevista com Obama para trabalhar como redator de discursos do senador. Depois de meia hora conversando sobre a família e o beisebol, Obama lhe perguntou qual era sua teoria sobre os discursos. E Favreau, que acabara de se formar em ciências políticas na Universidade Holy Cross de Worcester (Massachusetts), disse: "Um discurso pode ampliar o círculo de pessoas a quem essa coisa interessa. É como dizer à pessoa que sofreu: 'Eu a escuto. Mesmo que você esteja decepcionado e cínico em relação à política do passado, porque tem boas razões para se sentir assim, podemos ir na direção correta. Me dê apenas uma oportunidade'".

Obama a deu a Favreau. Ele fez o mesmo com Adam Frankel, 26, e Ben Rhodes, 30, que trabalharam sob suas ordens na campanha. E juntos se encarregaram de buscar as melhores palavras de ânimo em uma época desanimadora.

Tradução: Luiz Roberto Mendes Gonçalves

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Fórum Social Mundial e a chuva: o que Belém pode oferecer?

O Fórum social Mundial está chegando. A cidade tenta se preparar como pode para receber quase 100 mil pessoas. Haverá eventos em diversos pontos da cidade, inclusive no Distrito de Mosqueiro, localizado, por estrada, a cerca de 70 Km de Belém.
Casas foram alugadas, quartos, em face da dificuldade de acomodação de tantas pessoas numa cidade que não tem a vocação turística, com as cidades do nordeste do país, por exemplo. É verdade que está havendo uma mudança de perfil da cidade a partir da colocação à disposição para uso de um bonito e funcional centro de convenções, além de outros espaços que podem servir a congressos, seminários ou fóruns. Escolas vão parar no período do evento para que o trânsito consiga fluir um pouco melhor. As maiores escolas particulares também se dispuseram a servir de alojamento para os participantes.
Apesar da boa vontade, Belém suportará o evento?
Tratar-se-á de um teste, ou batismo, de fogo à base de muita água. O FSM realiza-se no período chuvoso. No mais chuvoso.
Por conta das características topográficas, somadas à incúria dos governantes, Belém atravessa problemas de saneamento e escoamento das águas pluviais de décadas. O caso de ruas como a Mundurucus, Pariquis, Conceição, Conselheiro Furtado remontam à década de 70. Era menino e essas ruas alagavam. Hoje, homem feito e quarentão os problemas permanecem quase os mesmos.
Além disso, carapanãs, mosquitos, doenças tropicais podem ser incômodos aos nossos visitantes.
Em tem a questão da violência. Apesar da Força Nacional, do reforço do policiamento, as colunas policiais ainda teimam em mostrar assaltos e sequestros relâmpagos.
Belém não tem se preparado para ser uma cidade agradável aos seus habitantes. Conseguirá sê-la para seus visitantes?
É possível que nosso povo receptivo supra a deficiência estrutural.
Que a chuva lave nossos pecados e Deus nos ajude.

Obama chegou: o mundo está preparado para a tolerância que expõe?

Como disse em outro post, vale a pena conferir o discurso de posse de Barack Obama.
Descobrimos agora que Obama é pura miscigenação e multilateralidade. É cristão, com nome árabe, decendente de africano, há uma localidade no Japão por nome Obama, é negro.
Seu discurso prega uma nova era não só para os EUA, mas para o mundo. Prega o fim do mercado totalmente livre e o retorno do Estado solidário, prega o estender as mãos aos inimigos, a tolerância às diferenças, diz que o sentido de nação não está na cor, raça, religião, mas no fato de todos terem um sentido comum. Prega o respeito aos mais velhos e o culto aos antepassados que construíram a sua nação. Diz que os EUA devem respeitar o meio ambiente e usar os recursos ambientais com respeito as gerações futuras.Diz que vai combater a corrupção e os negócios feitos às escuras...
Foi um discurso marcante, não só pelo teor mas pela extrema sinceridade que tratou os problemas que irá enfrentar. Imagine algum político no Brasil falando com tanta sinceridade que enfrentará dificuldades e que essas dificuldades só serão superadas em anos.
Disse que quer fazer um programa de assistência médica universal, que os EUA precisam ser reconstruídos, que irá investir em estradas, pontes, infra-estrutura, energia alternativa.
Pausa para uma observação mais particular ainda.
Vendo as reportagens sobre os EUA, vi uma especialmente interessante que tratava dos programas assistenciais hoje oferecidos aos mais pobres.
Numa reportagem da Rede Record, Carlos Dornelles mostra que o governo americano doa cesta básicas para até três dias para desempregados e que mantém uma espécie de Bolsa Salário para velhos e desempregados. Como é que é?
Se isso fosse no Brasil, a imprensa estaria caindo de críticas por conta desses programas assistencialistas. E era um governo republicana, a direita das direitas que patrocinava esse programa. Além disso, os EUA não tem um sistema de saúde que contemple os mais pobres. Onde está a cidadania desse país mesmo?
Talvez o Brasil deve mostrar como é que faz, bem ou mal. Aqui no Brasil, especialmente em Belém, temos grandes hospitais particulares com equipamentos extremamente modernos, mas tratamento de redioterapia só no hospital público de referência. É o Estado que oferece o tratamento mais complexo de câncer.
Voltando ao ponto, enfim, Obama chegou.
Será que conseguirá dobrar a própria intolerância dos americanos mais atrasados? Será que estará protegido, como não estiveram seus compatriotas Luther King, John e Bob Kennedy e, no mundo, os tolerantes Gandhi, Ytzak Rabin, Anuar Sadat e tantos outros?
Será que ele vai conseguir vencer os mais variados lobbies que povoam os EUA e implementar as mudanças que propõe?
O mundo mais intolerante aceitará a tolerância que propõe?
Será que, finalmente, estamos diante de alguém diferente que sobreviverá aos que remam contra a maré do bem-querer, do cuidado, da solidariedade, do meio-ambiente saudável e da humanidade?
Vamos conferir e torcer para que assim seja.
Pai nosso que estás no céu....

Vale a pena conferir (discurso de posse de Obama)

"Obrigado
(Obama, Obama)
Meus compatriotas,

Aqui me encontro hoje humilde diante da tarefa à nossa frente, agradecido pela confiança depositada por vocês, atento aos sacrifícios feitos por nossos ancestrais. Agradeço ao presidente Bush pelos seus serviços a esta nação, assim como pela generosidade e pela cooperação mostradas durante esta transição.

Quarenta e quatro americanos, até hoje, prestaram o juramento presidencial. Suas palavras foram ditas durante a maré ascendente da prosperidade e nas águas calmas da paz. Mas frequentemente o juramento é prestado em meio a nuvens crescentes e tempestades ruidosas. Nestes momentos a América foi em frente não apenas graças ao talento e à visão daqueles no poder, mas porque nós, o povo, permanecemos fiéis aos ideais de nossos antecessores e aos nossos documentos fundadores.

Foi assim e deve ser assim com esta geração de americanos.

É bem sabido que estamos no meio de uma crise. Nossa nação está em guerra contra uma rede de violência e ódio de longo alcance. Nossa nação está bastante enfraquecida, uma consequência da ganância e da irresponsabilidade de alguns, mas também da nossa incapacidade coletiva de tomar decisões difíceis e preparar a nação para uma nova era. Lares foram perdidos; empregos foram cortados; empresas destruídas. Nossa saúde é cara demais; nossas escolas deixam muitos para trás; e cada dia traz novas evidências de que a forma como usamos a energia fortalece nossos adversários e ameaça nosso planeta.

Estes são os indicadores de uma crise, tema de dados e estatísticas. Menos mensurável, mas não menos profundo, é o solapamento da confiança por todo o nosso país. Um medo persistente de que o declínio da América seja inevitável, e que a próxima geração deva ter objetivos menores.
Hoje eu lhes digo que os desafios diante de nós são reais. São sérios e são muitos. Eles não serão superados facilmente ou num curto período de tempo. Mas saiba disso, América: eles serão superados. (aplausos)

Neste dia nós nos unimos porque escolhemos a esperança e não o medo, a unidade de objetivo, e não o conflito e a discórdia.

Neste dia viemos proclamar o fim de nossos choramingos e falsas promessas, as recriminações e os dogmas desgastados, que por tempo demais estrangularam nossa política.

Ainda somos uma nação jovem, mas, nas palavras das Escrituras, chegou a hora de acabar com as coisas de menino. Chegou a hora de reafirmar nosso espírito resistente; de optar pela nossa melhor história; de levar adiante esse dom precioso, essa nobre ideia, passada de geração em geração: a promessa divina de que todos são livres, todos são iguais e todos merecem a chance de lutar por sua medida justa de felicidade.
Ao reafirmar a grandeza de nossa nação, compreendemos que ela não é um presente. Deve ser conquistada. Nossa jornada nunca foi aquela de atalhos ou de quem se contenta com pouco. Nunca foi o caminho dos fracos de coração – daqueles que preferem o ócio ao trabalho, ou buscam apenas os prazeres da fortuna e da fama. Foi, isto sim, o dos que correm risco, dos que fazem, dos que executam coisas – alguns célebres, mas mais comumente homens e mulheres obscuros em seu trabalho, que nos levaram pelo longo e áspero caminho da prosperidade e da liberdade.

Por nós eles empacotaram suas pequenas posses mundanas e viajaram pelos oceanos em busca de uma nova vida.
Por nós eles trabalharam em condições ruins e se estabeleceram no oeste; suportaram o estalar do chicote e araram a terra dura.

Por nós eles lutaram e morreram em lugares como Concord e Gettysburg; na Normandia e em Khe Sahn.
Mais de uma vez esses homens e mulheres lutaram, se sacrificaram e trabalharam até que suas mãos estivessem em carne viva para que nós vivêssemos uma vida melhor. Eles viram uma América maior que a soma de nossas ambições individuais; maior que todas as diferenças de nascença ou riqueza ou partido.

Esta é a jornada que continuamos hoje. Ainda somos a nação mais próspera e mais poderosa na face da Terra. Nossos trabalhadores não são menos produtivos que no início desta crise. Nossas mentes não são menos inventivas, nossos bens e serviços não são menos necessários que na semana passada, no mês passado ou no ano passado. Nossa capacidade permanece intacta. O tempo de deixar as coisas como estão, ou de proteger pequenos interesses e adiar decisões desagradáveis, esse tempo certamente passou. A partir de hoje, temos que nos levantar, sacudir a poeira e começar de novo o trabalho de refazer a América.

Para onde quer que olhemos, há trabalho a fazer. O estado da economia exige ação, ousada e rápida, e nós vamos agir – não apenas para criar novos empregos, mas para estabelecer novas fundações para o crescimento. Construiremos as estradas e pontes, as linhas elétricas e digitais que alimentam nosso comércio e nos unem. Recolocaremos a ciência em seu devido lugar, e usaremos as maravilhas da tecnologia para elevar a qualidade de nosso atendimento de saúde e reduzir seu custo. Usaremos o sol, os ventos e o solo para abastecer nossos carros e fazer funcionar nossas fábricas. E transformaremos nossas escolas e universidades para atender as exigências de uma nova era. Podemos fazer tudo isso. E faremos tudo isso.
Ora, alguns questionam a escala de nossas ambições. Sugerem que nosso sistema não pode tolerar planos demais. Suas memórias são curtas. Pois esquecem o que este país já fez; o que homens e mulheres livres podem obter quando a imaginação se une a um objetivo comum, e a necessidade à coragem.

O que os cínicos não conseguem entender é que o chão moveu-se sob seus pés. Que as disputas políticas vazias que nos consumiram por tanto tempo não servem mais. A questão que se deve perguntar hoje não é se o governo é grande demais ou pequeno demais, mas se funciona – se ajuda as famílias a encontrar empregos com salários decentes, assistência que possam pagar, aposentadorias dignas. Onde a resposta for sim, nossa intenção é seguir em frente. Onde a resposta for não, os programas serão cortados. E aqueles que administram os dólares da população terão que assumir suas responsabilidades: gastar com sabedoria, mudar os maus hábitos, fazer negócios à luz do dia. Porque só então poderemos restaurar a confiança que é vital entre um povo e seu governo.
Tampouco a pergunta diante de nós é se o mercado é uma força do bem ou do mal. Seu poder para gerar riqueza e expandir a liberdade não tem igual, mas esta crise nos fez lembrar que, sem um olhar atento, o mercado pode sair do controle – e que uma nação não pode prosperar por muito tempo se favorece apenas os prósperos. O sucesso de nossa economia sempre dependeu não apenas do tamanho do nosso Produto Interno Bruto, mas do alcance de nossa prosperidade; e da nossa capacidade de levar as oportunidades a todos os corações desejosos - não por caridade, mas porque é o caminho mais seguro para nosso bem comum.
Quanto à nossa defesa comum, rejeitamos como falsa a escolha entre nossa segurança e nossos ideais. Nossos pais fundadores, diante de perigos que mal conseguimos imaginar, elaboraram uma carta para assegurar o império da lei e os direitos do homem, uma carta difundida pelo sangue de gerações. Esses ideais ainda iluminam o mundo, e não vamos abandoná-los em nome da praticidade. Assim, a todos os outros povos e governos que estão assistindo hoje, das maiores capitais ao vilarejo onde meu pai nasceu: saibam que a América é amiga de toda nação e todo homem, mulher e criança que busca um futuro de paz e dignidade, e que nós estamos prontos para liderar uma vez mais.
(aplausos)

Lembrem-se que as gerações anteriores encararam o fascismo e o comunismo não apenas com mísseis e tanques, mas com alianças resolutas e convicções duradouras. Elas entenderam que nosso poder, por si só, não pode nos proteger, nem nos autoriza a fazer tudo como queremos. Em vez disso, elas sabiam que nosso poder cresce quando usado com prudência; que nossa segurança emana da justeza de nossa causa, da força do nosso exemplo, as sóbrias qualidades da humildade e do comedimento.

Somos os mantenedores desse legado. Guiados por esse exemplo uma vez mais, podemos superar estas novas ameaças, que exigem um esforço ainda maior, uma cooperação e uma compreensão ainda maiores entre as nações.

Começaremos de forma responsável a deixar o Iraque para seu povo, e forjaremos uma paz duramente conquistada no Afeganistão. Com velhos amigos e ex-inimigos, trabalharemos incansavelmente para reduzir a ameaça nuclear e fazer recuar o espectro de um planeta em aquecimento.

Não pediremos desculpas por nosso modo de vida, nem fraquejaremos em nossa defesa, e para aqueles que buscam atingir seus objetivos induzindo ao terror e massacrando inocentes, dizemos a vocês que nosso espírito é mais forte não pode ser quebrado; vocês não sobreviverão a nós, e nós os derrotaremos.
(aplausos)

Pois sabemos que a colcha de retalhos de nossa herança é uma força, não uma fraqueza. Somos uma nação de cristãos e muçulmanos, judeus e hindus - e ateus. Somos formados de todas as línguas e culturas, trazidas de todo canto desta Terra; e porque provamos o fel amargo da Guerra Civil e da segregação, e emergimos desse capítulo sombrio mais fortes e mais unidos, não podemos deixar de acreditar que os velhos ódios um dia passarão; que as linhas tribais logo dissolver-se-ão; que à medida que o mundo se torne menor, nossa humanidade em comum revelar-se-á; e que a América deve exercer seu papel no surgimento desta nova era de paz.

Ao mundo muçulmano: buscamos uma nova trilha adiante, baseada em interesses mútuos e respeito mútuo. Àqueles líderes mundo afora que buscam semear o conflito, ou pôr no Ocidente a culpa pelos males de suas sociedades: saibam que o povo os julgará por aquilo que vocês podem construir não pelo que vocês destruírem. Àqueles que se agarram ao poder por meio de corrupção e trapaças, e que silenciam opositores: saibam que vocês estão do lado errado da história; mas que estendermos a mão se vocês estiverem dispostos a descerrar seus pulsos.

Aos povos das nações pobres: comprometemo-nos a trabalhar ao lado de vocês para que suas fazendas floresçam e águas limpas possam fluir; para alimentar corpos esfomeados e mentes famintas. E àquelas nações como a nossa, que gozam de relativa abundância, dizemos que não podemos mais aceitar a indiferença ao sofrimento fora de nossas fronteiras; nem podemos consumir os recursos do mundo sem pensar nos efeitos disso. Pois o mundo mudou, e precisamos mudar junto com ele.
No momento em que divisamos a estrada que surge diante de nós, lembramo-nos com gratidão daqueles bravos americanos que neste exato momento patrulham desertos longínquos e montanhas distantes. Eles têm algo a nos dizer hoje, assim como os heróis caídos que repousam em Arlington murmurarão até o fim dos tempos. Nós os homenageamos não apenas porque são os guardiões de nossa liberdade, mas porque eles encarnam o espírito do serviço; uma disposição para encontrar sentido em algo maior que eles mesmos. Neste momento, um momento que definirá uma geração, é exatamente este espírito que devemos ter dentro de todos nós.

Pois, por mais que os governos possam e devam fazer, no fim das contas é na fé e na determinação do povo americano que esta nação confia. É a gentileza de socorrer um estranho quando um dique é destruído, a generosidade dos trabalhadores que aceitam reduzir sua jornada de trabalho para que um amigo não perca seu emprego, que nos fazem superar os piores momentos. É a coragem do bombeiro que atravessa uma escadaria cheia de fumaça, mas também a disposição de um pai para criar um filho, que decidem afinal a nossa sorte.

Nossos desafios podem ser novos. Os instrumentos com que os enfrentamos podem ser novos. Mas os valores de que nosso êxito depende – honestidade e trabalho duro; coragem e ética; lealdade e patriotismo; essas coisas são antigas. Essas coisas são verdadeiras.
Elas têm sido a força silenciosa do progresso ao longo de nossa história. O que se exige, então, é um retorno a essas verdades. O que se exige de nós agora é uma nova era de responsabilidade – um reconhecimento, por parte de todo americano, de que temos deveres para conosco, para com nossa nação e o mundo, deveres que não devemos aceitar de mau grado, mas sim agarrar com alegria, firmes na percepção de que não há nada mais satisfatório para o espírito, mais definidor de nosso caráter, que darmos o máximo de nós mesmos em uma tarefa difícil.
Este é o preço e a promessa da cidadania.

Esta é a fonte de nossa confiança – a noção de que Deus nos pede que definamos um destino incerto.

Este é o significado de nossa liberdade e de nosso credo - razão pela qual homens, mulheres e crianças de todas as raças e religiões podem reunir-se em celebração nesta magnífica avenida, e a razão pela qual um homem cujo pai, menos de 60 anos atrás, não poderia fazer um pedido num restaurante local, pode agora comparecer diante de vocês para prestar um sacratíssimo juramento.

Marquemos, pois, este dia, com a lembrança, daquilo que somos e do quão longe chegamos. No ano do nascimento da América, no mês mais frio do ano, um pequeno grupo de patriotas juntou-se diante de fogueiras que se apagavam às margens de um rio congelado. A capital fora abandonada. O inimigo avançava. A neve estava manchada de sangue. No momento em que o resultado de nossa revolução parecia mais incerto, o pai de nossa nação ordenou que estas palavras fossem lidas ao povo:

"Façam saber ao mundo futuro... que nas profundezas do inverno, quando nada a não ser a esperança e a virtude poderiam sobreviver.. que a cidade e o país, alarmados por um perigo comum, ergueram-se para vencê-lo".

América. Diante de nossos perigos comuns, neste inverno de dificulades, lembremos estas palavras atemporais. Com esperança e virtude, vamos enfrentar uma vez mais as correntes geladas e suportar quaisquer tempestades que surgirem. Que os filhos de nossos filhos possam dizer que, quando fomos testados, nos recusamos a permitir o fim desta jornada, que não viramos as costas nem fraquejamos; e com os olhos fixos no horizonte e a graça de Deus sobre nós, levamos adiante o grande dom da liberdade e o entregamos em segurança às gerações futuras.

Muito obrigado. Deus os abençoe. E Deus abençoe os Estados Unidos da América."

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Sinais graves de Barbárie....

Este blog nasceu para falar do urbanismo, meio ambiente, das cidades, música e do cotidiano. Coisas que me interessam e preocupam.
Nos últimos tempos, tenho dedicado vários textos sobre a violência urbana. Chocante, a crueldade tem aumentado e quando pensamos que nada mais pode nos surpreender, vem um novo episódio que nos assalta de terror.
Dois episódios nesta semana que termina, nenhum em Belém. Um na região metropolitana de Salvador, onde um carro que carregava cinco traficantes parou em frente a casa de um PM conhecido, segundo a notícia, pelo combate feroz ao tráfico de drogas, e todos os cinco, armados, atiraram contra o policial, que reagiu e ainda conseguiu acionar a polícia que, chegando a tempo, matou quatro dos cinco bandidos.
Outro em Americana, SP. Pai, mãe, e duas filhas menores foram assassinados com tiros na cabeça e estrangulamento.
Pareceu que estávamos assistindo a uma parte do filme "O Poderoso Chefão", de Coppola.
Apesar de não terem ocorrido no Pará, aqui também se percebe que crimes de encomenda voltaram a acontecer com frequência. Ano passado cinco pessoas, candidatos a prefeito, candidatos a vereador, sindicalistas, ruralistas morreram assassinados.
Não sei, mas penso que a ausência de Estado, repressão ineficiente ao crime, lentidão da justiça, ausência de políticas inclusivas estão trazendo a idade média de volta.
Sinais graves de barbárie...

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Estou de volta......

Depois de passar o ano novo em Natal, mais alguns dias em Fortaleza, estou de volta. Energias renovadas, amor novo, pronto para continuar a caminhada da vida, com amor e alegria, amizade, apesar das preocupações cotidianas.
Temos muito a fazer, vamos em frente.

Belém, 393 anos. O que comemorar?

Cidade informal que, tirando as ruas planejadas no início do século XX, retrata a falta de planejamento urbano no decorrer dos tempos. Cidade que teve uma das maiores produções de prédios históricos do Brasil por conta de sua administração direta da Coroa Portuguesa, mas que vê-los cair um a um, ou tornarem-se apenas fachada sem que o Poder Público possa conter a destruição. Cidade das bicicletas e dos moto-táxis, meios de transporte individual e individualista, que não consegue ter um Plano Diretor de Transporte Urbano e que não consegue dar um transporte público a seus habitantes, ricos e pobres. Cidade das águas, banhada por mais de 10 bacias hidrográficas, quase uma enseada, mas que começa a perceber níquel, cromo, mercúrio em suas águas ao seu redor.
Cidade das florestas urbanas, que perde cinco bosques Rodrigues Alves todos os anos, que desde 1975 só faz perder a sua cobertura vegetal.
Cidade da ausência de praças e logradouros de lazer contemplação.
Cidade de povo bom e hospitaleiro, que não consegue juntar forças para transformá-la.
Antes de comemoração, deveríamos juntar-nos em oração por esta cidade

Vítimas fatais de assaltos não são mártires....

Martin Luther King, Ghandi, Bob Kennedy, Steve Biko, todos mártires. Suas mortes ajudaram a transformar um dado momento na história de opressão, de preconceito, de violência.
Belém, fim de 2008 , início de 2009, século XXI. Mal estávamos tentando assimilar e conformar com mais uma morte de assalto, a do médico Salvador Nhamias, outra morte chega ao conhecimento: Marcelo Iúdice. Advogado, Procurador do Município de Belém, morto quando esperava alguém na porta de uma farmácia em área praticamente central da cidade, depois de recusar(?) entregar o carro onde esperava dita pessoa.
Os dois e mais tantos outros mortos em assaltos, tentativas de assaltos, fuga de assaltos não são mártires. Não estão ajudando a transformar o mundo porque simplesmente este mundo está negando a transformação.
Não se trata apenas de segurança pública. Trata-se da produção de vidas sem sentido em profusão. Ande pelos subúrbios da cidade e vejam quantas crianças sem escola, quantos jovens sem ocupação, quanta falta de oportunidade, quanta falta de áreas de lazer, quantas pessoas não tem sentido na vida e não vêem sentido na vida humana e não dão valor à vida humana.
Há também evidentemente o problema da segurança pública, falta de investimento em pessoal, treinamento, déficit de pessoal, armas, planejamento.
A sucessão de casos de mortes resultantes de assaltos à mão armada, desproporcional em relação a qualquer cidade do Brasil, afeta a biografia de todos envolvidos no Poder Executivo Estadual na questão da segurança, mesmo os de boa-vontade.
Ou esse sangue derramado se transforma em sangue transformador ou esta cidade esta condenada a barbárie.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Músicas

Como estou em férias, nada de assuntos sérios. Quando der coloco umas músicas aqui.
A de hoje é UM ANJO DO CÉU, do grupo Maskavo, que me foi oferecida pela Carol, responsável pelo retorno de minha alegria e vontade de amar alguém.
Até qualquer hora