sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Transporte público, esse marginal...

Fui 11 anos chefe de gabinete e assessor legislativo na Câmara municipal de Belém. Participei da elaboração do Plano Diretor Urbano de Belém, sancionado em 1993.
Desde muito tempo, talvez em fins da década de 70, se não me falha a memória, já se falava na revisão da operação do transporte público (entenda-se, ônibus) em Belém. Até um organismo especializado japonês esteve em Belém avaliando o sistema viário.
Mas o PDU estabeleceu, em lei, que Belém deveria adotar o sistema troncal de linhas. O que era isso?
Se alguém quisesse vir de Icoaraci, distante cerca de 40 Km do Centro Comercial, ele tomaria o ônibus naquela localidade e, com uma só passagem, desceria no Entroncamento, tomaria outro ônibus até São Bráz, cujo terminal de passageiros interurbano seria transformado em terminal do sistema troncal, de onde finalmente tomaria outro ônibus até o seu destino final.
Isso diminuiria a quantidade de ônibus que circulam em Belém, ordenaria, p. ex., os horários de saídas de ônibus em determinados bairros mais populosos, diminuiria as custos das passagens para o usuário, humanizaria mais o serviço de transporte urbano. Ele não foi implantado.
Desde a eleição de 1992 para prefeito vejo nas propagandas eleitorais a intenção dos candidatos em por em prática o referido sistema. Já se vão 16 anos e nada.
O não surgimento de novas linhas e o aumento das passagens empurraram os usuários de ônibus para as bicicletas, vans e motos-táxis. Isto somado à facilidade no financiamento para compra de automóveis e portanto, no aumento da quantidade de veículos particulares circulando nas ruas, transformaram o trânsito de Belém num caos.
Distâncias de menos de 1 km, em determinados horários, são percorridas em 30/40 minutos, nas áreas mais nobres da cidade.
Considero também que a falta de planejamento da cidade no sentido de estabelecer que áreas são residenciais, quais são comerciais, em quais podem ser estabelecidas atividades que aglomeram muitas pessoas, como centros de convenções, cinemas, shoppings, boates, restaurantes, casas de shows, agravam mais ainda o problema.
É chegada a hora de mais um período eleitoral e é muito provável que, novamente, ouviremos e assistiremos candidatos tratarem do transporte público e de como querem resolver o problema.
Será que o sistema troncal ainda é uma opção? Quais são as sugestões para o momento para o transporte público e sistema viário de Belém? Quanto tempo mais a cidade aguenta o aumento de número de automóveis particulares sem o correspondente aumento de vias de circulação? Já é hora do rodízio de automóveis? É possível a implantação de um sistema hidroviário? E trilhos urbanos?
Perguntas que não querem calar para pessoas que terão de falar, e responder, no horário eleitoral gratuito.

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