domingo, 3 de agosto de 2008

O bairro do Umarizal

Ainda pegando o gancho do post anterior, eu preciso falar do bairro que moro, Umarizal.
Na década de 50, esse bairro era conhecido pelas vacarias, pequenas propriedades, normalmente de portugueses, que se dedicavam a fornecer leite para a cidade.
Também era um bairro de pequenas casas, contrastando com outras maiores, de pessoas que trabalhavam no centro industrial de Belém, o bairro do Reduto, e aqueles que trabalhavam na navegação, por ser um bairro próximo do Cais do Porto.
O Plano Diretor de Belém, de 1993, não previu o Umarizal como área de expansão, nem residencial, nem comercial.
Uma revisão na lei, modificando a chamada outorga onerosa fez com que o bairro voltasse a interessar as empresas de construção.
Hoje o Umarizal tem pelo menos 20 prédios em construção ou já construídos, comerciais e residenciais, com mais de 25 andares e dois shoppings Centers estão a caminho.
As pequenas casas estão sendo substituídas por prédios. Cinco casas ao lado do meu prédio foram compradas para construir um condomínio de alto luxo.
Substituir cinco casas, onde possivelmente morariam 20 pessoas por um prédio, digamos, de 30 andares, dois apartamentos por andar, com quatro pessoas em média em cada unidade, terei como vizinhos 240 pessoas. Muito provavelmente são pessoas que terão dois carros em casa, 120 carros, portanto.
No meu quarteirão, além do meu prédio, que só possui uma vaga de garagem por apartamento, há mais dois prédios e dois surgirão, incluído o já citado. Só restaram quatro casas do lado esquerdo do quarteirão. Numa delas está instalado um Juizado Especial e outra foi vendida para servir de depósito de material de construção. Mais carros e caminhões para o mesmo quarteirão.
No quarteirão anterior, surgirá um loft e office, ou seja, um prédio comercial e uma espécie de flat, bem como um prédio para consultórios que segundo anúncio é para 200 (duzentas) salas para médicos e mais um outro residencial. Uma vila de casas de classe média uma lavanderia restaram como unidades térreas.
Vamos as contas.
Num prédio de 200 salas de consultórios, se cada médico tiver um carro, serão duzentos carros. Se apenas um cliente de cada médico for de carro para a consulta são mais duzentos carros, já estamos em quatrocentos. Digamos que um funcionário a cada dois consultórios tenha carro e precise e queira ir de carro, são mais cem carros. E estamos numa conta de 500 carros num quarteirão de pouco mais de cem metros. Há previsão de estacionamento para todos?
Mas, como é comum hoje em dia, boa parte dos funcionários subalternos dos consultórios irão de bicicleta para o trabalho. Digamos que cem pessoas que trabalharão no prédio usem bicicleta. Haverá bicicleteiro para todos?
Evidentemente que muitos dos funcionários não poderão voltar para casa para almoçar. Daí seguramente surgirão os carrinhos de lanche, barracas que servirão refeições, que certamente se instalarão no passeio público como sói acontece em nossa cidade, fora a quantidade de flanelinhas que surgirão no ponto, em vista dessa enorme quantidade de automóveis que para lá acorrerão, não nos esquecendo do ponto, ou pontos, de táxis, que nascerão, coisas que nascem e crescem por si só em nossa cidade.
Esses são exemplos de apenas dois quarteirões no Umarizal. Ainda falarei sobre os shoppings.
Qual será o futuro do Umarizal?
Logo logo veremos.
Em tempo: não tenho nada contra os empresários da construção civil. Se alguém aí teria que planejar e modular o que está sendo feito no bairro, esse alguém é a Prefeitura de Belém.

Um comentário:

Sirlene Veiga disse...

Olá Mauro, Sou Sirlene Veiga, estudante de Jornalismo e estou escrevendo para um revista sobre, também, o bairro do Umarizal, mais exatamente sobre o canal da Doca e gostaria, se possível, conversar contigo sobre tua visão a respeito do referencial historico e atual do local. Como posso entrar em contato contigo? Um abraço.
Obs.: meu email - veigasirlene@gmail.com