Ouvi dizer que saiu um estudo afirmando que as mangueiras são inadequadas para Belém.
As mangueiras, hoje centenárias, plantadas em parte de nossa cidade, foram idéia do então intendente Antônio Lemos.
Devo dizer que a notícia não é nova. Ainda em 2003, quando finalizava a minha dissertação de mestrado, encontrava num clipping da UFPA, a seguinte notícia:
No aniversário do Museu Paraense Emílio Goeldi, Belém ganha um presente que promete contribuir para diversificar a paisagem árborea da cidade paraense - o Horto Botânico Jacques Huber. O Horto é produto do projeto “Seleção de espécies arbóreas ornamentais para produção de mudas para arborização urbana adequada à rede elétrica no Estado do Pará”, resultante da parceria do Museu Goeldi, Rede Celpa e Fundação Instituto para o Desenvolvimento da Amazônia (Fidesa). O projeto pretende melhorar a arborização da capital e de outras cidades do Estado do Pará.
O Horto Botânico, funcionando desde abril deste ano, será inaugurado oficialmente hoje, no Campus de Pesquisa do Museu Goeldi, como parte da programação comemorativa dos 137 anos da instituição. O projeto “Seleção de espécies arbóreas ornamentais” vai produzir mais de 10 mil mudas de espécies adequadas ao espaço urbano, considerando sobretudo à rede elétrica. O plantio das novas árvores também será monitorado pelos técnicos formados no projeto para evitar a degradação estética e danos ao patrimônio da cidade.
Além da criação do Horto Jacques Huber, o projeto visa capacitar estudantes de nível superior, professores do nível médio, funcionários de empresas privadas e das prefeituras na produção de mudas e gerenciamento de unidades de produção. Ainda relacionado ao envolvimento da comunidade paraense com a melhoria ambiental das cidades, a parceria do Museu Goeldi e Rede Celpa também pretende desenvolver atividades de educação ambiental direcionadas a estudantes e a comunidade, tendo como “sala de aula” o próprio horto.
Arborização - Segundo levantamento prévio, Belém tem aproximadamente duas mil árvores, sendo estas em sua maioria mangueiras, acácias e castanholas. O dado curioso sobre a capital paraense é que cerca de 96% das espécies catalogadas não são originárias da Amazônia. Além disso, segundo a avaliação dos pesquisadores do projeto, as árvores que compõem a paisagem de Belém podem ser classificadas como inadequadas de acordo com critérios botânicos que relacionam as condições da planta com o meio ambiente urbano, bem-estar da população e custo para conservação e manutenção dessas espécies.
No Horto Botânico do Museu Goeldi, estão sendo produzidas mudas de 15 espécies consideradas adequadas ao perfil urbano de Belém e que serão distribuídas, pela Rede Celpa, às prefeituras. Entre as espécies selecionadas para compor a nova arborização de Belém, Rafael Salomão (botânico do Museu Goeldi e coordenador do Projeto) destaca árvores frondosas como a Mamorana (Pachyra aquatica), própria das áreas de várzea, a Andirá Uchi, a Aroreira e o Ipê do Cerrado, o Pau Preto e a Moringa, originária do Nordeste. O projeto tem duração prevista para três anos e segundo relatório parcial já produziu mais de sete mil mudas.
Percebam que a notícia tratava de uma parceria entre a empresa distribuidora de energia elétrica no Pará e instituições de pesquisa e ensino de Belém para adequar a arborização da cidade à rede distribuidora de energia elétrica.
Quando plantadas, não existiam praticamente carros na cidade, tampouco havia energia elétrica gerada em massa como temos nos dias atuais.
Mas, depois de tanto tempo, e Belém sendo chamada (dizem os paraibanos injustamente porque João Pessoa é que seria a que deveria ganhar o adjetivo) de cidades das mangueiras, elas tornaram-se inadequadas para a cidade.
Mesmo não tendo acesso aos estudos feitos, arvoro-me (sem trocadilho) a dizer que inadequados são os métodos e a maneira de gestão das áreas verdes e arborização da cidade, bem como a forma como se administra a instalação e manutenção da rede de energia elétrica em Belém.
Como disse num outro post em agosto, Belém perde 27 bosques Rodrigues Alves por ano em desmatamento de áreas verdes em Belém, agora também em florestas urbanas.
Evidentemente que Belém já foi uma floresta, e floresta equatorial. Assim, suas árvores típicas eram o Mogno, a samaúma e tantas outras frodosas árvores. A mangueira além de frondosa, é frutífera, dá sombra em abundância, enfim, é bela e charmosa.
Como dizia o texto da matéria acima, das 2.000 árvores da cidade, a maioria não era de árvores nativas da região, além de que as mangueiras já não eram a maioria
Se elas são inadequadas, mais inadequadas são uns tais de "ficus" que têm sido plantados em substituição de mangueiras, muitas vezes porque a mangueira atrapalha a entrada da garagem de uma casa, prédio, ou comércio. Tal árvore não é frondosa, não dá frutos e nem bonita é.
Se inadequadas são as mangueiras, mais inadequadas ainda são as podas feitas em formato de "v" apenas para contemplar os fios que passam por entre as árvores.
Já disse em outra oportunidade, se pagamos tão caro uma taxa de iluminação pública por que não fazemos um plano de tornar subterrânea as fiações elétricas, telefônicas, de fibra ótica, enfim, tudo o que está colocado nos postes da cidade.
Manter as mangueiras é fundamental, além de aceitar também o resultado do estudo acima e do estudo que vier.
Melhorar a gestão ambiental da cidade é imprescindível.
terça-feira, 9 de setembro de 2008
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