Por Paulo Roberto Andrade, da Agência USP
Apesar dos poucos recursos, os jovens da periferia gastam seu dinheiro principalmente em cuidados com a aparência. A escolha é uma tentativa de fugir dos preconceitos que sofrem e serem aceitos pelo seu grupo social e pela sociedade. A cientista social Paula Nascimento da Silva pesquisou o tema em seu mestrado, concluído em 2008, pela Faculdade de Educação (FE) da USP como bolsista da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
Paula estudou o Grupo de Assistência Social Bom Caminho, na periferia da Zona Oeste de São Paulo. A instituição trabalha com cerca de 160 jovens da comunidade, discutindo educação, família, saúde, violência e outros temas. “Eu entrei na instituição como voluntária e, durante quatro anos, além das atividades sociais, realizei entrevistas e questionários, com jovens de 13 a 21 anos, sobre consumo e assuntos relacionados”, conta.
O objetivo da pesquisa foi identificar quais bens de consumo eram privilegiados por esses jovens e o porquê. Pelas entrevistas, Paula constatou que os jovens privilegiam o vestuário e objetos que compõem a aparência pessoal, como tênis, roupas, produtos de cabelo, cosméticos, etc.. Uma das perguntas realizadas foi o que o jovem compraria se tivesse R$ 500 à mão naquele momento. Apesar de aparecerem respostas como ajudar a família, as contas da casa ou comprar alimentos, predominaram os gastos com a aparência.
Falta de emprego
Diferentemente do jovem de classe média e alta, que não tem grandes dificuldades para conseguir trabalho ou estágios, o jovem da periferia geralmente não tem emprego formal, a maioria faz bicos eventuais. Com o tráfico e outras atividades ilegais — sempre mais presentes que para outros grupos sociais — eles podem ganhar mais dinheiro em bem menos tempo. “A questão que eu levantei foi: porque esses jovens arriscam a vida para ganhar dinheiro e gastam com coisas aparentemente supérfluas, como tênis de marca, roupas, festas e baladas?”, questiona a pesquisadora.
A resposta é que esses jovens especificamente são estigmatizados como marginais, que não trabalham. Há assim um preconceito muito forte da sociedade em geral, mas se ignora que eles têm uma vitimização muito maior que em outros setores e faixas etárias da sociedade. Por exemplo, o Brasil tem uma taxa de homicídios violentos de cerca 48 casos para cada 1.000 mortes na população geral. Na periferia de São Paulo, entre os jovens do sexo masculino, essa taxa sobe para 106 casos.
A pesquisa de campo mostrou que, quando os jovens saem da periferia, eles sofrem esse olhar de discriminação. “Um exemplo típico é quando ele vai ao shopping e o segurança o aborda perguntando o que ele está fazendo ali”, explica Paula, “pensando nisso, percebi que o consumo está diretamente ligado ao preconceito”. A tentativa em mudar a aparência é também uma tentativa de fugir desse estigma negativo que existe em relação ao jovem da periferia.
Assim, a pergunta inicial está respondida: porque o jovem privilegia bens de consumo aparentemente desnecessários? A pesquisa mostrou que vestuário e aparência não são gastos supérfluos para o jovem da periferia, muito pelo contrário. “Como eles são excluídos pela sociedade, vivendo sem segurança, saúde e educação, as possibilidades de construir um futuro estão muito distantes. Nesse contexto, o consumo ligado à aparência traz resultados mais rápidos e evidentes”, explica a pesquisadora.
Alternativas à exclusão
Ao invés de construir uma formação, o jovem, para fugir dos estereótipos e ser aceito em seu próprio grupo, tenta aparentar algo mais próximo do que a sociedade aceita e valoriza. Paula esclarece que “o jovem nessa faixa etária tem fragilidade e a necessidade de reconhecimento e aceitação. E esse reconhecimento se dá pelo que o jovem tem materialmente, pois vivemos numa sociedade de consumo”.
Segundo a socióloga, falta ao poder público não apenas conscientizar esse jovem, para que ele use seus poucos recursos em algo mais necessário e construtivo, mas, principalmente construir melhores condições de educação, saúde, alimentação e moradia. A sociedade exige que ele esteja inserido nesse imperativo social, e seria insensato exigir que o jovem da periferia nade contra a corrente da sociedade de consumo e ainda vença os muitos preconceitos que sofre.
terça-feira, 28 de abril de 2009
“É preciso entender o Brasil urbano”
Por Fábio de Castro, da Agência Fapesp
Para Nestor Goulart Reis, da FAUUSP, a urbanização dispersa – fenômeno que caracteriza a organização atual das cidades – ainda não é devidamente compreendida. O resultado é que os investimentos públicos se tornam inócuos.
Professor titular da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAUUSP), o urbanista Nestor Goulart Reis é um dos principais pesquisadores da urbanização dispersa. Trata-se de uma tendência mundial, mas, ao mesmo tempo, um fenômeno que ainda começa a ser estudado.
Nesse tipo de urbanização, novos bairros surgem longe do centro da cidade e se espalham em diferentes formas, que vão desde condomínios de luxo até favelas no entorno de estradas. Reis coordenou o Projeto Temático “Urbanização dispersa e mudanças no tecido urbano. Estudo de caso: Estado de São Paulo”, apoiado pela FAPESP e encerrado em 2008.
De acordo com o professor, os estudos demonstraram que, nas últimas décadas, a população brasileira se concentrou em um número reduzido de grandes núcleos metropolitanos. Mas, paradoxalmente, a concentração nesses polos foi acompanhada de uma dispersão no espaço intraurbano. “Houve um esgarçamento do tecido urbano”, disse.
Em entrevista à Agência FAPESP, o urbanista explica a origem dessa nova forma de ocupação do solo e alerta para suas consequências: a dispersão urbana como uma “fábrica de favelas”. Além disso, os estudos constataram que o processo está esvaziando as áreas centrais das cidades médias e grandes, ocasionando um desperdício nos investimentos públicos em infraestrutura nesses locais.
Segundo Reis, como o processo ainda não é totalmente conhecido, há um descompasso entre os investimentos do Estado e a realidade urbana. Para ele, é fundamental estudar o fenômeno e gerar dados que possam orientar políticas urbanas públicas e privadas. Leia a seguir os principais trechos da entrevista.
Agência FAPESP – Quando se iniciou o processo de urbanização dispersa?
Nestor Goulart Reis – Apesar de ainda ser pouco estudado, o processo teve início em quase todos os países industrializados após a Segunda Guerra Mundial. No Brasil, ele se acelerou entre 1970 e 1980. No século 19, em todas as cidades as fábricas ficavam à beira das ferrovias para ter acesso ao carvão. Isso começou a mudar ao longo do século 20, com o desenvolvimento do uso da eletricidade e a construção de grandes rodovias. Entretanto, o processo foi interrompido com a crise econômica de 1929. Quando terminou a guerra, os governos começaram a investir em infraestrutura e o processo foi deflagrado. Mas nos últimos 20 anos ele tomou proporções globais.
Agência FAPESP – Todo o processo teve início então com a dispersão industrial?
Goulart Reis – Sim. Com a mecanização da indústria havia mais investimentos em equipamentos do que em mão-de-obra. Então, foi preciso instalar as fábricas em grandes áreas e isso foi possível porque não havia mais dependência do carvão e das ferrovias. A dispersão industrial gerou bairros operários nessas áreas. Em São Paulo, na primeira geração criaram-se as áreas metropolitanas. Na segunda geração desse processo, depois de 1970, as indústrias se dispersaram para áreas mais afastadas – as cidades médias paulistas a partir daí passam a crescer mais do que a área metropolitana de São Paulo: Campinas, Vale do Paraíba, Cubatão e Baixada Santista, Sorocaba, Jundiaí. Nosso sistema metropolitano hoje tem mais de 30 milhões de habitantes.
Agência FAPESP – O mesmo ocorreu em outras regiões do país?
Goulart Reis – Tivemos dez grandes áreas metropolitanas se formando na década de 1970, de Porto Alegre a Belém. Também cresceram as cidades médias ao longo das rodovias – casos como Uberlândia, em Minas Gerais, ou Ribeirão Preto, no interior paulista. Além disso, houve nesse período uma concentração em cerca de 50 polos em áreas metropolitanas e não-metropolitanas – isto é, aqueles em que a cidade central não chega a 1 milhão de habitantes. Mas essa concentração populacional, que explodiu o sistema urbano, não se distribuiu por igual pelo território.
Agência FAPESP – Como foi essa distribuição?
Goulart Reis – Nesses 50 pontos do território nacional, por um lado há uma concentração, mas, por outro, há dispersão. Quando a população chega, os preços sobem. A tendência é que os que chegam procurem os municípios vizinhos, onde a terra é mais barata. Então, em vez de crescer como uma mancha de óleo como no tempo das ferrovias – porque era preciso que todos estivessem colados – as pessoas usam as rodovias e estradas vicinais e vão morar em conjuntos fora da cidade. E entre esses núcleos também há mudanças, não é mais o mundo rural que conhecemos no passado. Nas áreas extensas, há a agroindústria. Nas áreas pequenas, há propriedades muito diferenciadas, que se aproveitam das áreas urbanas. Quando nos afastamos disso, vemos um Brasil esvaziado. A grande parte da população mora nesses 50 pontos onde há, ao mesmo tempo, concentração e dispersão.
Agência FAPESP – Então as metrópoles sofrem um inchaço, mas de forma descontínua?
Goulart Reis – Exato, há um esgarçamento do tecido urbano. Alguns geógrafos afirmam que não há dispersão, que a área metropolitana de São Paulo é que cresceu, mas isso não é verdade no intraurbano. No intraurbano há dispersão. No país, temos concentração nos 50 polos e dispersão no intraurbano. Por isso, estudamos esse tema em escala: no país, depois nas regiões e, em seguida, no intraurbano. E constatamos que o intraurbano explodiu e se dispersou.
Agência FAPESP – Esses novos padrões de urbanização ocorrem em todo o mundo?
Goulart Reis – Constatamos um processo parecido, em larga escala, em vários países da Europa e nos Estados Unidos, mas as características diferem muito em cada país. Na Europa a dispersão é praticamente toda da classe média. Os problemas sociais estão basicamente ligados aos imigrantes. Ao passo que nós temos o que chamamos de “dispersão dos pobres”, que corresponde a quase metade dos espaços de dispersão no Brasil, com problemas muito mais graves para serem enfrentados. Nossa dispersão se estabelece nas regiões rurais de uma só vez. Na Europa há um grande número de aldeias e povoados rurais, e uma parte da dispersão se fez a partir dessas aldeias. A população ali se transforma e adota padrões metropolitanos. No Brasil, a dispersão se dá em áreas ainda desocupadas, de uma vez só. Em 30 anos passamos por todas as etapas que a Europa passou em dois séculos.
Agência FAPESP – No Brasil a tendência da dispersão urbana se associou, então, a uma explosão demográfica e urbana?
Goulart Reis – Vejamos: em 1940 o Brasil tinha 42 milhões de habitantes, sendo 13 milhões urbanos e 29 milhões rurais. Hoje, temos 190 milhões de habitantes, sendo 30 milhões rurais e 160 milhões urbanos. Trata-se de um país urbano. Em pouco mais de 60 anos, a população urbana cresceu mais de 12 vezes. Foi o maior processo migratório rural-urbano da história da humanidade. Só foi ultrapassado recentemente pela China. Isso é tão sério que os demógrafos chineses estão estudando a formação das cidades médias brasileiras. Aqui, a população cresceu rapidamente em número, mas esse crescimento não ficou no campo. As pessoas não moram em qualquer cidade. Muitas cidades pequenas perdem população. Algumas até mesmo desaparecem.
Agência FAPESP – Que consequências a dispersão urbana pode trazer?
Goulart Reis – Um dos aspectos principais é que ela tende a tornar obsoletos os padrões correntes de controle do Estado sobre o espaço urbano. Porque toda a legislação está baseada no poder do município. E todos os problemas que discutimos aqui são intermunicipais. A legislação de loteamentos e condomínios é obsoleta, não responde às necessidades de hoje. O grosso da urbanização é feito à margem da lei.
Agência FAPESP – Tanto no caso dos ricos como no dos pobres?
Goulart Reis – Antes, só os bairros populares estavam à margem. Agora, a classe média também ocupa irregularmente. Isso porque toda a estrutura administrativa está atrasada em pelo menos meio século. Mas as pessoas não estão dando atenção aos problemas urbanos no Brasil.
Agência FAPESP – Todo esse processo ainda continua avançando no mesmo ritmo?
Goulart Reis – O movimento rural-urbano arrefeceu, porque a população proporcionalmente já é muito menor. Mas, por outro lado, as cidades menores permanecem se esvaziando. O mesmo ocorre com o centro das cidades grandes. Bairros nobres de São Paulo, como os Jardins, perdem população há 20 anos. Os bairros periféricos ainda crescem, mas a indústria saiu da cidade. Bairros que eram altamente industrializados no início do século 20, como a Mooca, não têm mais fábricas. Os municípios como os do ABC e Osasco, que absorveram essas fábricas a partir dos anos 1940, estão também se desindustrializando. As fábricas estão indo muito mais para o interior ou para outros estados. As áreas metropolitanas mudam para centros de serviços e comércio. Os serviços, por sua vez, organizam-se em escala industrial – ensino, cursos de inglês, laboratórios médicos –, tudo padronizado em redes nacionais. Mas os velhos centros estão esvaziados, assim como as áreas portuárias.
Agência FAPESP – O que motiva hoje o processo de dispersão?
Goulart Reis – As pessoas são atraídas de acordo com a dinâmica do trabalho e dos negócios. É um fenômeno mundial. Isso traz o inconveniente de abandonar áreas nas quais foram feitos grandes investimentos por um século ou mais. Os bairros industriais paulistanos abandonados são um desperdício gigantesco de infraestrutura formada com investimentos públicos. Não se pode jogar fora cidades, nem partes delas. O centro de São Paulo tem cerca de 100 edifícios fechados. É um desperdício. Por outro lado, parte dos investimentos feitos nos bairros ricos e condomínios fechados é realizada pelos próprios loteadores. Como se constrói mais em áreas novas, mas dispersas, o terreno é mais barato e o mercado imobiliário contribui com a dispersão.
Agência FAPESP – Falamos dos condomínios de luxo, mas como se dá a dispersão no caso das favelas?
Goulart Reis – Durante a construção das rodovias, condomínios, fábricas e refinarias, as construtoras levam os operários. Os mais pobres, enquanto a construção está em curso, usam sobras de materiais para se instalar. Quando termina a construção, apenas a parte da mão-de-obra mais qualificada é aproveitada nas fábricas. Os demais se instalam precariamente. Então, a construção das áreas dispersas é uma fábrica de favelas. Ela gera bolsões de miséria. Estamos fabricando monstruosidades urbanísticas porque não há regras claras para esse tipo de processo. Isso acontece porque não damos atenção à questão urbana.
Agência FAPESP – Os investimentos públicos não levam em conta a nova realidade urbana?
Goulart Reis – Não levam em conta. Porque não temos conhecimento suficiente dessa nova realidade. Até 1960, havia acompanhamento dos investimentos públicos e das mudanças urbanas. Hoje, não temos mais. Seria preciso ter no Brasil núcleos de estudos sobre cada uma dessas 50 aglomerações urbanas, estudando sistematicamente esses processos, com dados anuais que permitissem orientar políticas públicas e privadas. Isso também é do interesse do mercado, porque o setor de construção civil funciona em escala industrial. Seguindo padrões de indústria, precisam que as regras sejam fixadas com antecedência. Interessa ao grande investidor que haja coleta e organização de dados.
Para Nestor Goulart Reis, da FAUUSP, a urbanização dispersa – fenômeno que caracteriza a organização atual das cidades – ainda não é devidamente compreendida. O resultado é que os investimentos públicos se tornam inócuos.
Professor titular da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAUUSP), o urbanista Nestor Goulart Reis é um dos principais pesquisadores da urbanização dispersa. Trata-se de uma tendência mundial, mas, ao mesmo tempo, um fenômeno que ainda começa a ser estudado.
Nesse tipo de urbanização, novos bairros surgem longe do centro da cidade e se espalham em diferentes formas, que vão desde condomínios de luxo até favelas no entorno de estradas. Reis coordenou o Projeto Temático “Urbanização dispersa e mudanças no tecido urbano. Estudo de caso: Estado de São Paulo”, apoiado pela FAPESP e encerrado em 2008.
De acordo com o professor, os estudos demonstraram que, nas últimas décadas, a população brasileira se concentrou em um número reduzido de grandes núcleos metropolitanos. Mas, paradoxalmente, a concentração nesses polos foi acompanhada de uma dispersão no espaço intraurbano. “Houve um esgarçamento do tecido urbano”, disse.
Em entrevista à Agência FAPESP, o urbanista explica a origem dessa nova forma de ocupação do solo e alerta para suas consequências: a dispersão urbana como uma “fábrica de favelas”. Além disso, os estudos constataram que o processo está esvaziando as áreas centrais das cidades médias e grandes, ocasionando um desperdício nos investimentos públicos em infraestrutura nesses locais.
Segundo Reis, como o processo ainda não é totalmente conhecido, há um descompasso entre os investimentos do Estado e a realidade urbana. Para ele, é fundamental estudar o fenômeno e gerar dados que possam orientar políticas urbanas públicas e privadas. Leia a seguir os principais trechos da entrevista.
Agência FAPESP – Quando se iniciou o processo de urbanização dispersa?
Nestor Goulart Reis – Apesar de ainda ser pouco estudado, o processo teve início em quase todos os países industrializados após a Segunda Guerra Mundial. No Brasil, ele se acelerou entre 1970 e 1980. No século 19, em todas as cidades as fábricas ficavam à beira das ferrovias para ter acesso ao carvão. Isso começou a mudar ao longo do século 20, com o desenvolvimento do uso da eletricidade e a construção de grandes rodovias. Entretanto, o processo foi interrompido com a crise econômica de 1929. Quando terminou a guerra, os governos começaram a investir em infraestrutura e o processo foi deflagrado. Mas nos últimos 20 anos ele tomou proporções globais.
Agência FAPESP – Todo o processo teve início então com a dispersão industrial?
Goulart Reis – Sim. Com a mecanização da indústria havia mais investimentos em equipamentos do que em mão-de-obra. Então, foi preciso instalar as fábricas em grandes áreas e isso foi possível porque não havia mais dependência do carvão e das ferrovias. A dispersão industrial gerou bairros operários nessas áreas. Em São Paulo, na primeira geração criaram-se as áreas metropolitanas. Na segunda geração desse processo, depois de 1970, as indústrias se dispersaram para áreas mais afastadas – as cidades médias paulistas a partir daí passam a crescer mais do que a área metropolitana de São Paulo: Campinas, Vale do Paraíba, Cubatão e Baixada Santista, Sorocaba, Jundiaí. Nosso sistema metropolitano hoje tem mais de 30 milhões de habitantes.
Agência FAPESP – O mesmo ocorreu em outras regiões do país?
Goulart Reis – Tivemos dez grandes áreas metropolitanas se formando na década de 1970, de Porto Alegre a Belém. Também cresceram as cidades médias ao longo das rodovias – casos como Uberlândia, em Minas Gerais, ou Ribeirão Preto, no interior paulista. Além disso, houve nesse período uma concentração em cerca de 50 polos em áreas metropolitanas e não-metropolitanas – isto é, aqueles em que a cidade central não chega a 1 milhão de habitantes. Mas essa concentração populacional, que explodiu o sistema urbano, não se distribuiu por igual pelo território.
Agência FAPESP – Como foi essa distribuição?
Goulart Reis – Nesses 50 pontos do território nacional, por um lado há uma concentração, mas, por outro, há dispersão. Quando a população chega, os preços sobem. A tendência é que os que chegam procurem os municípios vizinhos, onde a terra é mais barata. Então, em vez de crescer como uma mancha de óleo como no tempo das ferrovias – porque era preciso que todos estivessem colados – as pessoas usam as rodovias e estradas vicinais e vão morar em conjuntos fora da cidade. E entre esses núcleos também há mudanças, não é mais o mundo rural que conhecemos no passado. Nas áreas extensas, há a agroindústria. Nas áreas pequenas, há propriedades muito diferenciadas, que se aproveitam das áreas urbanas. Quando nos afastamos disso, vemos um Brasil esvaziado. A grande parte da população mora nesses 50 pontos onde há, ao mesmo tempo, concentração e dispersão.
Agência FAPESP – Então as metrópoles sofrem um inchaço, mas de forma descontínua?
Goulart Reis – Exato, há um esgarçamento do tecido urbano. Alguns geógrafos afirmam que não há dispersão, que a área metropolitana de São Paulo é que cresceu, mas isso não é verdade no intraurbano. No intraurbano há dispersão. No país, temos concentração nos 50 polos e dispersão no intraurbano. Por isso, estudamos esse tema em escala: no país, depois nas regiões e, em seguida, no intraurbano. E constatamos que o intraurbano explodiu e se dispersou.
Agência FAPESP – Esses novos padrões de urbanização ocorrem em todo o mundo?
Goulart Reis – Constatamos um processo parecido, em larga escala, em vários países da Europa e nos Estados Unidos, mas as características diferem muito em cada país. Na Europa a dispersão é praticamente toda da classe média. Os problemas sociais estão basicamente ligados aos imigrantes. Ao passo que nós temos o que chamamos de “dispersão dos pobres”, que corresponde a quase metade dos espaços de dispersão no Brasil, com problemas muito mais graves para serem enfrentados. Nossa dispersão se estabelece nas regiões rurais de uma só vez. Na Europa há um grande número de aldeias e povoados rurais, e uma parte da dispersão se fez a partir dessas aldeias. A população ali se transforma e adota padrões metropolitanos. No Brasil, a dispersão se dá em áreas ainda desocupadas, de uma vez só. Em 30 anos passamos por todas as etapas que a Europa passou em dois séculos.
Agência FAPESP – No Brasil a tendência da dispersão urbana se associou, então, a uma explosão demográfica e urbana?
Goulart Reis – Vejamos: em 1940 o Brasil tinha 42 milhões de habitantes, sendo 13 milhões urbanos e 29 milhões rurais. Hoje, temos 190 milhões de habitantes, sendo 30 milhões rurais e 160 milhões urbanos. Trata-se de um país urbano. Em pouco mais de 60 anos, a população urbana cresceu mais de 12 vezes. Foi o maior processo migratório rural-urbano da história da humanidade. Só foi ultrapassado recentemente pela China. Isso é tão sério que os demógrafos chineses estão estudando a formação das cidades médias brasileiras. Aqui, a população cresceu rapidamente em número, mas esse crescimento não ficou no campo. As pessoas não moram em qualquer cidade. Muitas cidades pequenas perdem população. Algumas até mesmo desaparecem.
Agência FAPESP – Que consequências a dispersão urbana pode trazer?
Goulart Reis – Um dos aspectos principais é que ela tende a tornar obsoletos os padrões correntes de controle do Estado sobre o espaço urbano. Porque toda a legislação está baseada no poder do município. E todos os problemas que discutimos aqui são intermunicipais. A legislação de loteamentos e condomínios é obsoleta, não responde às necessidades de hoje. O grosso da urbanização é feito à margem da lei.
Agência FAPESP – Tanto no caso dos ricos como no dos pobres?
Goulart Reis – Antes, só os bairros populares estavam à margem. Agora, a classe média também ocupa irregularmente. Isso porque toda a estrutura administrativa está atrasada em pelo menos meio século. Mas as pessoas não estão dando atenção aos problemas urbanos no Brasil.
Agência FAPESP – Todo esse processo ainda continua avançando no mesmo ritmo?
Goulart Reis – O movimento rural-urbano arrefeceu, porque a população proporcionalmente já é muito menor. Mas, por outro lado, as cidades menores permanecem se esvaziando. O mesmo ocorre com o centro das cidades grandes. Bairros nobres de São Paulo, como os Jardins, perdem população há 20 anos. Os bairros periféricos ainda crescem, mas a indústria saiu da cidade. Bairros que eram altamente industrializados no início do século 20, como a Mooca, não têm mais fábricas. Os municípios como os do ABC e Osasco, que absorveram essas fábricas a partir dos anos 1940, estão também se desindustrializando. As fábricas estão indo muito mais para o interior ou para outros estados. As áreas metropolitanas mudam para centros de serviços e comércio. Os serviços, por sua vez, organizam-se em escala industrial – ensino, cursos de inglês, laboratórios médicos –, tudo padronizado em redes nacionais. Mas os velhos centros estão esvaziados, assim como as áreas portuárias.
Agência FAPESP – O que motiva hoje o processo de dispersão?
Goulart Reis – As pessoas são atraídas de acordo com a dinâmica do trabalho e dos negócios. É um fenômeno mundial. Isso traz o inconveniente de abandonar áreas nas quais foram feitos grandes investimentos por um século ou mais. Os bairros industriais paulistanos abandonados são um desperdício gigantesco de infraestrutura formada com investimentos públicos. Não se pode jogar fora cidades, nem partes delas. O centro de São Paulo tem cerca de 100 edifícios fechados. É um desperdício. Por outro lado, parte dos investimentos feitos nos bairros ricos e condomínios fechados é realizada pelos próprios loteadores. Como se constrói mais em áreas novas, mas dispersas, o terreno é mais barato e o mercado imobiliário contribui com a dispersão.
Agência FAPESP – Falamos dos condomínios de luxo, mas como se dá a dispersão no caso das favelas?
Goulart Reis – Durante a construção das rodovias, condomínios, fábricas e refinarias, as construtoras levam os operários. Os mais pobres, enquanto a construção está em curso, usam sobras de materiais para se instalar. Quando termina a construção, apenas a parte da mão-de-obra mais qualificada é aproveitada nas fábricas. Os demais se instalam precariamente. Então, a construção das áreas dispersas é uma fábrica de favelas. Ela gera bolsões de miséria. Estamos fabricando monstruosidades urbanísticas porque não há regras claras para esse tipo de processo. Isso acontece porque não damos atenção à questão urbana.
Agência FAPESP – Os investimentos públicos não levam em conta a nova realidade urbana?
Goulart Reis – Não levam em conta. Porque não temos conhecimento suficiente dessa nova realidade. Até 1960, havia acompanhamento dos investimentos públicos e das mudanças urbanas. Hoje, não temos mais. Seria preciso ter no Brasil núcleos de estudos sobre cada uma dessas 50 aglomerações urbanas, estudando sistematicamente esses processos, com dados anuais que permitissem orientar políticas públicas e privadas. Isso também é do interesse do mercado, porque o setor de construção civil funciona em escala industrial. Seguindo padrões de indústria, precisam que as regras sejam fixadas com antecedência. Interessa ao grande investidor que haja coleta e organização de dados.
Planeta de favelas
***Este texto foi escrito em 2006. Vejam como se mantém atual. O Livro citado no final do texto, de Mike Davis, já está publicado no Brasil com o nome Planeta Favela, da Boitempo Editorial ***
Emir Sader
Sociólogo
O historiador britânico Eric Hobsbawn havia destacado que uma das características do século 20 teria sido a de que, pela primeira vez na história da humanidade, mais gente viveria nas cidades que no campo. Tudo depende do critério do que seja população urbana. Para as Nações Unidas, neste ano se dará a passagem histórica.
O ritmo acelerado de crescimento das cidades, no entanto, em vez de representar a transição para um tipo de vida mais civilizado, produz nos grandes conglomerados urbanos a representação mais aguda do caos, que a desordem capitalista gera. O novo relatório das Nações Unidas - chamado UN-habitat, o estado das cidades 2006/07 -, apresentado na semana passada, relata o drama dos conglomerados urbanos no mundo.
As megacidades - com mais de 20 milhões de habitantes - tendem a se multiplicar. Hoje, Pequim tem 15 milhões de habitantes. Em 2020 haverá nove megacidades com mais de 20 milhões de habitantes: Cidade do México, São Paulo, Lagos (Nigéria), Mumbai e Nova Delhi (Índia), Daca (Bangladesh), Jacarta (Indonésia), Tóquio (Japão) e Nova York (EUA) - apenas as duas últimas situadas no centro do capitalismo.
Mas essas megacidades apresentam um quadro assustador, com centros tradicionais cercados por grandes zonas marginais, em que primam as favelas. Dos 6, 5 bilhões de habitantes do mundo atualmente, uma de cada três pessoas vive em favela ou em situações similares às das favelas. A população total desse tipo de habitação chegará, no próximo ano, a 1 bilhão de pessoas.
Três fatores principais explicam esse crescimento: a expansão demográfica na periferia do capitalismo, a redefinição dos critérios das zonas rurais e a migração do campo para as cidades. A previsão da ONU é a de que, em 2030, viverão nas cidades 5 bilhões de pessoas, do total de 8,1 bilhões de habitantes.
Por isso, o documento afirma: "Este relatório deixa claro que a luta global depende em grande medida do estado das cidades. Melhorar a vida nas favelas terá automaticamente um impacto positivo para cumprir os objetivos do milênio. A formação de favelas não é nem inevitável, nem aceitável. Tirar os pobres da cidade não é opção: ajudá-los a se integrar no tecido urbano é a única solução sustentável ao crescimento da pobreza no mundo urbanizado".
Será necessário investimento de US$ 67 bilhões para cumprir um dos objetivos do milênio: conseguir que, em 2020, pelo menos 100 milhões de pessoas que vivem em favelas melhorem as condições de vida. Vancouver, onde se reuniu na semana passada o Fórum Urbano Mundial - o primeiro deles se reuniu há 30 anos, na mesma cidade -- foi eleita a melhor cidade do mundo por sua qualidade de vida.
Multiculturalismo, equilíbrio ecológico, infra-estruturas eficientes, riqueza cultural, fácil acesso a bens e serviços e baixo índice de criminalidade - foram os critérios utilizados para atribuir essa posição a Vancouver. Nada menos que 46% de seus habitantes são imigrantes, a maioria originária de países asiáticos, menos da metade usa o inglês como primeiro idioma. Políticas de inclusão social e melhoria das relações interculturais favoreceram a integração e o desenvolvimento econômico dos imigrantes.
No pólo oposto está Mumbai, na Índia, com seus 18,3 milhões de habitantes. Cinco milhões deles vivem em favelas, em péssimas condições de habitação, de saneamento, de transporte, de acesso à água.
Na periferia das grandes metrópoles cresce o setor social que representa a maioria da população da humanidade: as crianças e jovens pobres. São órfãos da urbanização. Trabalham nos mais diferentes tipos de atividades, combinam vários ao mesmo tempo, se socializam nas ruas ou em igrejas, às vezes no narcotráfico. Não têm identidades próprias, vivem em situações de risco permanentes. São vítimas da violência, da discriminação, da marginalização. Seu destino interessa pouco ou nada às elites, porque são excedentes do mercado de trabalho capitalista, tampouco são os trabalhares altamente especializados do futuro, nem os consumidores de luxo que a alta esfera do mercado demanda.
O título deste artigo é retirado do nome do livro de Mike Davis, que será publicado este ano no Brasil e reflete a realidade mais grave e importante, resultado das transformações regressivas que as políticas neoliberais produziram, reduzindo a promessa civilizatória da modernidade a uma das maiores lacras do mundo contemporâneo.
Emir Sader
Sociólogo
O historiador britânico Eric Hobsbawn havia destacado que uma das características do século 20 teria sido a de que, pela primeira vez na história da humanidade, mais gente viveria nas cidades que no campo. Tudo depende do critério do que seja população urbana. Para as Nações Unidas, neste ano se dará a passagem histórica.
O ritmo acelerado de crescimento das cidades, no entanto, em vez de representar a transição para um tipo de vida mais civilizado, produz nos grandes conglomerados urbanos a representação mais aguda do caos, que a desordem capitalista gera. O novo relatório das Nações Unidas - chamado UN-habitat, o estado das cidades 2006/07 -, apresentado na semana passada, relata o drama dos conglomerados urbanos no mundo.
As megacidades - com mais de 20 milhões de habitantes - tendem a se multiplicar. Hoje, Pequim tem 15 milhões de habitantes. Em 2020 haverá nove megacidades com mais de 20 milhões de habitantes: Cidade do México, São Paulo, Lagos (Nigéria), Mumbai e Nova Delhi (Índia), Daca (Bangladesh), Jacarta (Indonésia), Tóquio (Japão) e Nova York (EUA) - apenas as duas últimas situadas no centro do capitalismo.
Mas essas megacidades apresentam um quadro assustador, com centros tradicionais cercados por grandes zonas marginais, em que primam as favelas. Dos 6, 5 bilhões de habitantes do mundo atualmente, uma de cada três pessoas vive em favela ou em situações similares às das favelas. A população total desse tipo de habitação chegará, no próximo ano, a 1 bilhão de pessoas.
Três fatores principais explicam esse crescimento: a expansão demográfica na periferia do capitalismo, a redefinição dos critérios das zonas rurais e a migração do campo para as cidades. A previsão da ONU é a de que, em 2030, viverão nas cidades 5 bilhões de pessoas, do total de 8,1 bilhões de habitantes.
Por isso, o documento afirma: "Este relatório deixa claro que a luta global depende em grande medida do estado das cidades. Melhorar a vida nas favelas terá automaticamente um impacto positivo para cumprir os objetivos do milênio. A formação de favelas não é nem inevitável, nem aceitável. Tirar os pobres da cidade não é opção: ajudá-los a se integrar no tecido urbano é a única solução sustentável ao crescimento da pobreza no mundo urbanizado".
Será necessário investimento de US$ 67 bilhões para cumprir um dos objetivos do milênio: conseguir que, em 2020, pelo menos 100 milhões de pessoas que vivem em favelas melhorem as condições de vida. Vancouver, onde se reuniu na semana passada o Fórum Urbano Mundial - o primeiro deles se reuniu há 30 anos, na mesma cidade -- foi eleita a melhor cidade do mundo por sua qualidade de vida.
Multiculturalismo, equilíbrio ecológico, infra-estruturas eficientes, riqueza cultural, fácil acesso a bens e serviços e baixo índice de criminalidade - foram os critérios utilizados para atribuir essa posição a Vancouver. Nada menos que 46% de seus habitantes são imigrantes, a maioria originária de países asiáticos, menos da metade usa o inglês como primeiro idioma. Políticas de inclusão social e melhoria das relações interculturais favoreceram a integração e o desenvolvimento econômico dos imigrantes.
No pólo oposto está Mumbai, na Índia, com seus 18,3 milhões de habitantes. Cinco milhões deles vivem em favelas, em péssimas condições de habitação, de saneamento, de transporte, de acesso à água.
Na periferia das grandes metrópoles cresce o setor social que representa a maioria da população da humanidade: as crianças e jovens pobres. São órfãos da urbanização. Trabalham nos mais diferentes tipos de atividades, combinam vários ao mesmo tempo, se socializam nas ruas ou em igrejas, às vezes no narcotráfico. Não têm identidades próprias, vivem em situações de risco permanentes. São vítimas da violência, da discriminação, da marginalização. Seu destino interessa pouco ou nada às elites, porque são excedentes do mercado de trabalho capitalista, tampouco são os trabalhares altamente especializados do futuro, nem os consumidores de luxo que a alta esfera do mercado demanda.
O título deste artigo é retirado do nome do livro de Mike Davis, que será publicado este ano no Brasil e reflete a realidade mais grave e importante, resultado das transformações regressivas que as políticas neoliberais produziram, reduzindo a promessa civilizatória da modernidade a uma das maiores lacras do mundo contemporâneo.
domingo, 26 de abril de 2009
O direito de sobreviver
Kátia Maia - Coordenadora da Oxfam Internacional no Brasil.
O protagonista do filme "Quero ser milionário", Jamal Malik, foi criado em uma favela de Mumbai (Bombaim), na Índia, perdeu seus pais por causa da violência religiosa, morou em um lixão e chegou a se envolver com bandidos antes de ganhar um prêmio oferecido por um programa de televisão do tipo "Show do Milhão" e conquistar a sua amada. O que o filme não retratou, no entanto, foi uma ameaça crescente à vida de Jamal e à de outros moradores de sua cidade, o clima.
Mumbai é das mais vulneráveis a enchentes do mundo, e mais da metade de sua população de 13 milhões vive em favelas que proliferam, em grande parte, em áreas alagadiças, impróprias para ocupação humana. Em julho de 2005, enchentes mataram 900 pessoas na cidade, a maioria em quedas de barreiras e desmoronamentos. Sistemas de drenagem caindo aos pedaços, uma ocupação desordenada e a destruição de manguezais que no passado absorviam as chuvas intensas estão aumentando cada vez mais os riscos climáticos enfrentados pela população em situação de pobreza dessa megacidade.
E isso não acontece apenas em Mumbai. Por toda Ásia, África e América, o intenso processo de expansão e urbanização observado em cidades como Jacarta, Lagos e Porto Príncipe, para não falar das capitais brasileiras, força pessoas a morar em áreas marginais sujeitas a enchentes e a outros desastres ecológicos. Análises feitas pela Oxfam ("The right to survive", publicado nesta semana) revelam que, em apenas seis anos, o número de pessoas afetadas por crises climáticas deve aumentar 54%, de 250 para 375 milhões.
Muitos desastres naturais não chegam a ser manchete. Mas os efeitos cumulativos desses fenômenos são, no entanto, devastadores. Como John Holmes, o coordenador de Ajuda Humanitária da ONU, observou, "isoladamente, as mortes provocadas por esses eventos podem não impressionar como deviam, mas, somadas, elas caracterizam um megadesastre". Em 2006, o mundo gastou cerca de US$ 14,2 bilhões com ajuda humanitária internacional, menos do que foi gasto em videogames. Mas, para fazer frente à esperada intensificação de desastres naturais, o mundo precisará gastar cerca de US$ 25 bilhões somente para manter o volume de ajuda humanitária atual.Considerando, no entanto, que essa ajuda é de US$ 50 por pessoa, percebe-se claramente que ela é insuficiente para satisfazer as necessidades mais básicas do ser humano.
Além de maior, a ajuda deveria ser gasta de maneira mais justa. Em 2004, as vítimas do tsunami asiático receberam, em média, 1.241 dólares cada em ajuda humanitária. No Chade, que teve uma cobertura jornalística bem menor que a do tsunami, somente US$ 23 per capita foram gastos com pessoas que sofreram perdas semelhantes. A diferença delas foi a de terem sofrido um desastre lento, silencioso e traiçoeiro.
Países pobres podem tomar muitas medidas para fazer frente aos efeitos de tempestades e enchentes - desde que tenham vontade política. Bangladesh, Cuba e Moçambique investiram maciçamente em medidas de proteção para suas populações e estão perdendo menos vidas por causa de desastres naturais do que outros países igualmente pobres. Com uma ajuda adicional de nações ricas, países mais vulneráveis poderiam seguir esses exemplos.
Além de disponibilizarem uma ajuda humanitária melhor e maior, os países ricos devem ajudar países pobres a enfrentar a tensão adicional gerada pelas mudanças climáticas. A Oxfam estima que os países ricos precisam disponibilizar pelo menos US$ 50 bilhões por ano- além de seus atuais orçamentos de ajuda humanitária - para ajudar as pessoas a se proteger das mudanças climáticas. Com esse objetivo em vista, será necessário desenvolver culturas tolerantes a secas ou enchentes, garantir uma melhor infra-estrutura, construir pontes e estradas em áreas sujeitas a enchentes ou fortalecer edificações para que não desmoronem diante de um crescente de furacões e tempestades.
Preparar regiões inteiras para lidar melhor com desastres naturais será um trabalho longo e árduo. Afinal, poucos políticos do mundo ocidental serão aclamados por aumentar orçamentos de ajuda humanitária em tempos de crise e recessão. Nenhum diretor de Hollywood ganhou um Oscar por fazer um filme sobre um indiano que levanta um dique para salvar a favela onde mora. Mas esse fato não torna esse trabalho menos urgente ou importante.
O protagonista do filme "Quero ser milionário", Jamal Malik, foi criado em uma favela de Mumbai (Bombaim), na Índia, perdeu seus pais por causa da violência religiosa, morou em um lixão e chegou a se envolver com bandidos antes de ganhar um prêmio oferecido por um programa de televisão do tipo "Show do Milhão" e conquistar a sua amada. O que o filme não retratou, no entanto, foi uma ameaça crescente à vida de Jamal e à de outros moradores de sua cidade, o clima.
Mumbai é das mais vulneráveis a enchentes do mundo, e mais da metade de sua população de 13 milhões vive em favelas que proliferam, em grande parte, em áreas alagadiças, impróprias para ocupação humana. Em julho de 2005, enchentes mataram 900 pessoas na cidade, a maioria em quedas de barreiras e desmoronamentos. Sistemas de drenagem caindo aos pedaços, uma ocupação desordenada e a destruição de manguezais que no passado absorviam as chuvas intensas estão aumentando cada vez mais os riscos climáticos enfrentados pela população em situação de pobreza dessa megacidade.
E isso não acontece apenas em Mumbai. Por toda Ásia, África e América, o intenso processo de expansão e urbanização observado em cidades como Jacarta, Lagos e Porto Príncipe, para não falar das capitais brasileiras, força pessoas a morar em áreas marginais sujeitas a enchentes e a outros desastres ecológicos. Análises feitas pela Oxfam ("The right to survive", publicado nesta semana) revelam que, em apenas seis anos, o número de pessoas afetadas por crises climáticas deve aumentar 54%, de 250 para 375 milhões.
Muitos desastres naturais não chegam a ser manchete. Mas os efeitos cumulativos desses fenômenos são, no entanto, devastadores. Como John Holmes, o coordenador de Ajuda Humanitária da ONU, observou, "isoladamente, as mortes provocadas por esses eventos podem não impressionar como deviam, mas, somadas, elas caracterizam um megadesastre". Em 2006, o mundo gastou cerca de US$ 14,2 bilhões com ajuda humanitária internacional, menos do que foi gasto em videogames. Mas, para fazer frente à esperada intensificação de desastres naturais, o mundo precisará gastar cerca de US$ 25 bilhões somente para manter o volume de ajuda humanitária atual.Considerando, no entanto, que essa ajuda é de US$ 50 por pessoa, percebe-se claramente que ela é insuficiente para satisfazer as necessidades mais básicas do ser humano.
Além de maior, a ajuda deveria ser gasta de maneira mais justa. Em 2004, as vítimas do tsunami asiático receberam, em média, 1.241 dólares cada em ajuda humanitária. No Chade, que teve uma cobertura jornalística bem menor que a do tsunami, somente US$ 23 per capita foram gastos com pessoas que sofreram perdas semelhantes. A diferença delas foi a de terem sofrido um desastre lento, silencioso e traiçoeiro.
Países pobres podem tomar muitas medidas para fazer frente aos efeitos de tempestades e enchentes - desde que tenham vontade política. Bangladesh, Cuba e Moçambique investiram maciçamente em medidas de proteção para suas populações e estão perdendo menos vidas por causa de desastres naturais do que outros países igualmente pobres. Com uma ajuda adicional de nações ricas, países mais vulneráveis poderiam seguir esses exemplos.
Além de disponibilizarem uma ajuda humanitária melhor e maior, os países ricos devem ajudar países pobres a enfrentar a tensão adicional gerada pelas mudanças climáticas. A Oxfam estima que os países ricos precisam disponibilizar pelo menos US$ 50 bilhões por ano- além de seus atuais orçamentos de ajuda humanitária - para ajudar as pessoas a se proteger das mudanças climáticas. Com esse objetivo em vista, será necessário desenvolver culturas tolerantes a secas ou enchentes, garantir uma melhor infra-estrutura, construir pontes e estradas em áreas sujeitas a enchentes ou fortalecer edificações para que não desmoronem diante de um crescente de furacões e tempestades.
Preparar regiões inteiras para lidar melhor com desastres naturais será um trabalho longo e árduo. Afinal, poucos políticos do mundo ocidental serão aclamados por aumentar orçamentos de ajuda humanitária em tempos de crise e recessão. Nenhum diretor de Hollywood ganhou um Oscar por fazer um filme sobre um indiano que levanta um dique para salvar a favela onde mora. Mas esse fato não torna esse trabalho menos urgente ou importante.
quinta-feira, 23 de abril de 2009
Poluição causará 25 mil mortes em SP até 2040
Por Vivian Lobato, do Aprendiz
Todos os anos 3,5 mil pessoas morrem na cidade de São Paulo (SP) devido à má qualidade do ar. Entre 5% e 10% das mortes consideradas por “causas naturais” na Grande São Paulo são resultados de danos causados pela poluição atmosférica à saúde da população. Até 2040, cerca de 25 mil mortes estarão relacionadas à poluição do ar da região metropolitana de São Paulo.
Os dados foram apresentados pelo professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e coordenador do Laboratório de Poluição da USP, Paulo Saldiva, durante o seminário "Qualidade do Ar e Políticas Públicas Socioambientais nas Metrópoles Brasileiras", realizado no Instituto de Estudos Avançados (IEA). O evento integra um ciclo de debates sobre políticas públicas ambientais, promovido pelo Grupo de Pesquisa de Ciências Ambientais, que realizará outras palestras nos dias 29 de abril e 6 de maio.
Além do professor, o seminário contou com a participação de outros dois pesquisadores da Faculdade de Saúde Pública da USP, João Vicente Assunção e Helena Ribeiro.
Para os pesquisadores a frota automotiva é a verdadeira vilã do problema de poluição do ar. “A poluição industrial em São Paulo está controlada desde a década de 1980 através de filtros. Hoje, só a capital paulista tem quase 6 milhões de veículos (21% da frota nacional). Mais 1 milhão de carros e 150 mil caminhões ainda entram na cidade todo dia”, alertou Helena.
De acordo com Saldiva, a qualidade do ar as ações da Secretaria do Meio Ambiente conseguem controlar, mas não resolver, a situação. “As medidas compensaram o aumento da frota, que cresce a cada ano 10%. Mas ainda é pouco para solucionar o problema”, destacou.
Soluções
“O primeiro passo seria melhorar o que existe. A ideia que o paulistano não usa transporte público não é verdade. Indício disso é a valorização imobiliária de regiões perto do metrô”, explicou Saldiva.
A professora Helena também lembrou que em 2008 aconteceu a primeira inversão na curva de aumento do uso de carro e transporte coletivo. “O paulistano utiliza transportes públicos para se locomover, mas para aumentar esses números precisamos exigir mais qualidade e eficiência”.
Para o professor Ribeiro, seria necessário melhorar as condições de mobilidade urbana e regularizar os compostos químicos liberados para a atmosfera assumindo as metas para cortar os poluentes.
“A questão do carro é diferente, não depende só da inspeção veicular. Muitas medidas já foram tomadas, mas o grande problema é a antiga frota que ainda circula e emite muitos poluentes”, apontou. “Implantar muitas ciclovias na capital como na Marginal e Radial Leste também seria uma boa alternativa”, completou.
“Investir em transporte público, especialmente no metrô”, destacou Vicente. O professor também ressaltou o tratamento dado aos pedestres. “O pedestre do Brasil é de terceira categoria, não existe a prioridade para o pedestre, infelizmente vivemos uma cultura do carro”.
De acordo com Saldiva, para diminuir a poluição produzida pelos carros, é necessário melhorar a locomoção dos pedestres, assim como um lugar para amarrar as bicicletas e tomar banho. “As motos não são uma boa saída, pois ainda não estão com tecnologia ideal, poluindo bastante. O rodízio funcionaria se durante o período fossem tomadas medidas estruturais para redução da poluição, pois ele tira 20% dos carros, mas a frota aumenta 10% a cada ano”, finalizou.
Poluição do ar e saúde
A poluição atmosférica causa efeitos à saúde como problemas oftálmicos, doenças dermatológicas, problemas gastrointestinais, problemas cardiovasculares, doenças pulmonares, alguns tipos de câncer, efeitos sobre o sistema nervoso e algumas doenças infecciosas.
O nível de poluição atmosférica é determinado pela quantificação das substâncias poluentes presentes no ar. O grupo de poluentes considerados como indicadores mais abrangentes da qualidade do ar é composto por monóxido de carbono, dióxido de enxofre, material particulado e ozônio, mais o dióxido de nitrogênio. A razão da escolha desses parâmetros como indicadores de qualidade do ar está ligada a sua maior frequência de ocorrência e aos efeitos adversos que causa ao meio ambiente.
Ciclo de seminários
O ciclo de palestras do IEA sobre políticas públicas ambientais continua no dia 29 de abril com o tema "Meio Ambiente, Desigualdades e Representações Sociais - Uma Análise Comparativa entre São Paulo e Paris". Por fim, o terceiro seminário do ciclo tratará da "Governança da Água no Brasil" no dia 6 de maio.
Os interessados em participar do ciclo devem se inscrever com mensagem para ineshita@usp.br. Os seminários são transmitidos online pelo site http://www.iea.usp.br/aovivo. O IEA fica na Av. Prof. Luciano Gualberto, Travessa J, 374, Cidade Universitária, São Paulo (SP).
Todos os anos 3,5 mil pessoas morrem na cidade de São Paulo (SP) devido à má qualidade do ar. Entre 5% e 10% das mortes consideradas por “causas naturais” na Grande São Paulo são resultados de danos causados pela poluição atmosférica à saúde da população. Até 2040, cerca de 25 mil mortes estarão relacionadas à poluição do ar da região metropolitana de São Paulo.
Os dados foram apresentados pelo professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e coordenador do Laboratório de Poluição da USP, Paulo Saldiva, durante o seminário "Qualidade do Ar e Políticas Públicas Socioambientais nas Metrópoles Brasileiras", realizado no Instituto de Estudos Avançados (IEA). O evento integra um ciclo de debates sobre políticas públicas ambientais, promovido pelo Grupo de Pesquisa de Ciências Ambientais, que realizará outras palestras nos dias 29 de abril e 6 de maio.
Além do professor, o seminário contou com a participação de outros dois pesquisadores da Faculdade de Saúde Pública da USP, João Vicente Assunção e Helena Ribeiro.
Para os pesquisadores a frota automotiva é a verdadeira vilã do problema de poluição do ar. “A poluição industrial em São Paulo está controlada desde a década de 1980 através de filtros. Hoje, só a capital paulista tem quase 6 milhões de veículos (21% da frota nacional). Mais 1 milhão de carros e 150 mil caminhões ainda entram na cidade todo dia”, alertou Helena.
De acordo com Saldiva, a qualidade do ar as ações da Secretaria do Meio Ambiente conseguem controlar, mas não resolver, a situação. “As medidas compensaram o aumento da frota, que cresce a cada ano 10%. Mas ainda é pouco para solucionar o problema”, destacou.
Soluções
“O primeiro passo seria melhorar o que existe. A ideia que o paulistano não usa transporte público não é verdade. Indício disso é a valorização imobiliária de regiões perto do metrô”, explicou Saldiva.
A professora Helena também lembrou que em 2008 aconteceu a primeira inversão na curva de aumento do uso de carro e transporte coletivo. “O paulistano utiliza transportes públicos para se locomover, mas para aumentar esses números precisamos exigir mais qualidade e eficiência”.
Para o professor Ribeiro, seria necessário melhorar as condições de mobilidade urbana e regularizar os compostos químicos liberados para a atmosfera assumindo as metas para cortar os poluentes.
“A questão do carro é diferente, não depende só da inspeção veicular. Muitas medidas já foram tomadas, mas o grande problema é a antiga frota que ainda circula e emite muitos poluentes”, apontou. “Implantar muitas ciclovias na capital como na Marginal e Radial Leste também seria uma boa alternativa”, completou.
“Investir em transporte público, especialmente no metrô”, destacou Vicente. O professor também ressaltou o tratamento dado aos pedestres. “O pedestre do Brasil é de terceira categoria, não existe a prioridade para o pedestre, infelizmente vivemos uma cultura do carro”.
De acordo com Saldiva, para diminuir a poluição produzida pelos carros, é necessário melhorar a locomoção dos pedestres, assim como um lugar para amarrar as bicicletas e tomar banho. “As motos não são uma boa saída, pois ainda não estão com tecnologia ideal, poluindo bastante. O rodízio funcionaria se durante o período fossem tomadas medidas estruturais para redução da poluição, pois ele tira 20% dos carros, mas a frota aumenta 10% a cada ano”, finalizou.
Poluição do ar e saúde
A poluição atmosférica causa efeitos à saúde como problemas oftálmicos, doenças dermatológicas, problemas gastrointestinais, problemas cardiovasculares, doenças pulmonares, alguns tipos de câncer, efeitos sobre o sistema nervoso e algumas doenças infecciosas.
O nível de poluição atmosférica é determinado pela quantificação das substâncias poluentes presentes no ar. O grupo de poluentes considerados como indicadores mais abrangentes da qualidade do ar é composto por monóxido de carbono, dióxido de enxofre, material particulado e ozônio, mais o dióxido de nitrogênio. A razão da escolha desses parâmetros como indicadores de qualidade do ar está ligada a sua maior frequência de ocorrência e aos efeitos adversos que causa ao meio ambiente.
Ciclo de seminários
O ciclo de palestras do IEA sobre políticas públicas ambientais continua no dia 29 de abril com o tema "Meio Ambiente, Desigualdades e Representações Sociais - Uma Análise Comparativa entre São Paulo e Paris". Por fim, o terceiro seminário do ciclo tratará da "Governança da Água no Brasil" no dia 6 de maio.
Os interessados em participar do ciclo devem se inscrever com mensagem para ineshita@usp.br. Os seminários são transmitidos online pelo site http://www.iea.usp.br/aovivo. O IEA fica na Av. Prof. Luciano Gualberto, Travessa J, 374, Cidade Universitária, São Paulo (SP).
Bangkok, um mau exemplo
Por Leticia Freire, do Mercado Ético
Nem tudo que vem do oriente é diferenciado do ocidente. O progresso irregular e desorganizado tem gerado desequilíbrio além da grande muralha chinesa.
Segundo o relatório “Bangkok: Assessment Report on Climate Change 2009, a capital da Tailândia emitem mais carbono que Nova York e Londres. “Em termos de emissões per capita, Bangkok foi responsável por produzir 7,1 toneladas de dioxide de carbono (CO2) por ano, só em 2007,” disse o relatório. Para se ter uma idéia, cada morador de Londres lança em média 5,9 toneladas no ar.
As conseqüências das emissões dos gases de efeito estufa são as responsáveis primárias pela elevação da temperatura global. Bangkok e suas cidades periféricas já estão sofrendo frequentes enchentes e temperaturas medias de 35º C. A temperatura máxima dessa quarta-feira (22/04) chegou a 38°, segundo informação do departamento metrológico da Tailândia.
“Esperamos que esse relatório sirva para aumentar a conscientização e estimular ações que precisam ser tomadas por todos os setores”, disse Park Young-Woo, diretor regional da UNEP para Ásia e Pacifico.
Transporte e produção energética foram apontados como as causas para a maior parte das emissões em Bangkok. “O resultado do impacto da emissão de gases de efeito estufa em Bangkok podem ser severos”, complementou o relatório.
Todas as grandes metrópoles mundiais foram convidadas pela UNEP a participarem de uma campanha para reduzir 15% das emissões até 2012. Segundo o relatório iniciativas como reorganização do transporte público, investimento em energia renovável e implantação de políticas de eficiência energética estão na lista das lições de casa.
Para ler o relatório (inglês, pdf) - http://www.roap.unep.org/BARCC_2009/BARCC_Report.pdf
Nem tudo que vem do oriente é diferenciado do ocidente. O progresso irregular e desorganizado tem gerado desequilíbrio além da grande muralha chinesa.
Segundo o relatório “Bangkok: Assessment Report on Climate Change 2009, a capital da Tailândia emitem mais carbono que Nova York e Londres. “Em termos de emissões per capita, Bangkok foi responsável por produzir 7,1 toneladas de dioxide de carbono (CO2) por ano, só em 2007,” disse o relatório. Para se ter uma idéia, cada morador de Londres lança em média 5,9 toneladas no ar.
As conseqüências das emissões dos gases de efeito estufa são as responsáveis primárias pela elevação da temperatura global. Bangkok e suas cidades periféricas já estão sofrendo frequentes enchentes e temperaturas medias de 35º C. A temperatura máxima dessa quarta-feira (22/04) chegou a 38°, segundo informação do departamento metrológico da Tailândia.
“Esperamos que esse relatório sirva para aumentar a conscientização e estimular ações que precisam ser tomadas por todos os setores”, disse Park Young-Woo, diretor regional da UNEP para Ásia e Pacifico.
Transporte e produção energética foram apontados como as causas para a maior parte das emissões em Bangkok. “O resultado do impacto da emissão de gases de efeito estufa em Bangkok podem ser severos”, complementou o relatório.
Todas as grandes metrópoles mundiais foram convidadas pela UNEP a participarem de uma campanha para reduzir 15% das emissões até 2012. Segundo o relatório iniciativas como reorganização do transporte público, investimento em energia renovável e implantação de políticas de eficiência energética estão na lista das lições de casa.
Para ler o relatório (inglês, pdf) - http://www.roap.unep.org/BARCC_2009/BARCC_Report.pdf
terça-feira, 14 de abril de 2009
Amazônia poderá sofrer com forte enchente
O sistema hidrográfico dos rios Negro e Solimões, em Manaus, poderá sofrer a maior inundação, desde 1953, quando houve uma cheia histórica recorde, que influencia diretamente toda a bacia amazônica. Naquela época o nível do rio chegou a 29,69 centímetros (cm). A previsão para este ano é que chegue a 29,68 cm no mês de junho, quando tradicionalmente ocorre o pico da cheia.
O alerta foi dado hoje (14) pelo diretor-presidente do Serviço Geológico do Brasil, Agamenon Dantas, durante audiência pública realizada pela Comissão da Amazônia, Integração Nacional e Desenvolvimento Regional da Câmara dos Deputados.
A previsão é feita em três fases: primeiramente, com 75 dias de antecedência, realizada em março, que indica 70% de chance de acerto; depois com 60 dias (que será feita no final de abril) com 87% de probabilidade de acerto e, por fim, com 30 dias de antecedência, o que garante acerto de 95% .
De acordo com Dantas, atualmente o nível dos rios está em 28,10 cm, 16 cm superior ao mês de abril de 1953. A média diária para este período é de um aumento de 2 cm diários do nível dos rios, mas apenas hoje o nível subiu 6 cm. O cálculo é realizado através da apuração pluviométrica em cerca de 300 estações distribuídas pela chamada Amazônia Ocidental.
É importante que que estes dados sejam divulgados com antecedência. Caso se confirmem as enchentes será necessário uma preparação de todo o estado, principalmente porque temos a previsão de permanência da cheia por cerca de 60 dias, destacou Dantas. (Agência Brasil)
O alerta foi dado hoje (14) pelo diretor-presidente do Serviço Geológico do Brasil, Agamenon Dantas, durante audiência pública realizada pela Comissão da Amazônia, Integração Nacional e Desenvolvimento Regional da Câmara dos Deputados.
A previsão é feita em três fases: primeiramente, com 75 dias de antecedência, realizada em março, que indica 70% de chance de acerto; depois com 60 dias (que será feita no final de abril) com 87% de probabilidade de acerto e, por fim, com 30 dias de antecedência, o que garante acerto de 95% .
De acordo com Dantas, atualmente o nível dos rios está em 28,10 cm, 16 cm superior ao mês de abril de 1953. A média diária para este período é de um aumento de 2 cm diários do nível dos rios, mas apenas hoje o nível subiu 6 cm. O cálculo é realizado através da apuração pluviométrica em cerca de 300 estações distribuídas pela chamada Amazônia Ocidental.
É importante que que estes dados sejam divulgados com antecedência. Caso se confirmem as enchentes será necessário uma preparação de todo o estado, principalmente porque temos a previsão de permanência da cheia por cerca de 60 dias, destacou Dantas. (Agência Brasil)
Mudanças climáticas, o homem, e o aumento da desertificação no mundo
Por Carolina Carvalho*
A desertificação é um problema grave, que vem se intensificando ao longo dos últimos anos, como uma das causas/conseqüências das mudanças climáticas. Eu escrevi causas/conseqüências, porque o problema da desertificação geralmente é deflagrado ou agravado pelo homem e suas atividades (desmatamento, expansão urbana, exploração mineral descuidada, entre outros), e quando o processo já está instalado, contribui para o desequilíbrio ambiental responsável pelo aquecimento global. Ou seja, torna-se uma reação em cadeia.
Segundo a ONU, a definição do processo de desertificação que atinge várias áreas do globo, seria “a degradação das terras nas regiões áridas, semi-áridas e sub-úmidas secas, resultantes de diversos fatores, tais como as variações climáticas e as atividades humanas”. Significa então que o solo perdeu sua capacidade produtiva devido aos fatores citados. Em regiões áridas, já existe uma pré-disposição ao processo de degradação, que pode inclusive, iniciar naturalmente, porém, sem desequilíbrio. Bem, o que as pessoas deviam saber sobre desertificação é que ela não existe só na África e Ásia, mas no Brasil também, e não é apenas uma região brasileira que apresenta o problema em nível já avançado, mas inúmeras.
No estado do Rio Grande do Sul, especificamente nas regiões dos municípios de Alegrete, Quaraí e adjacências, já se observa um agressivo processo de degradação do solo, intensificado pelo manejo inadequado dos recursos naturais.
Os solos da região já apresentam tendências naturais à degradação, visto que são mais arenosos, com baixa coesão entre as partículas, baixa fertilidade e esparsa cobertura vegetal. Porém, com a intervenção inadequada do homem, as áreas se expandiram e até mesmo áreas não degradadas, hoje apresentam o processo de arenização, formando os chamados “areais”. Neste local, não é atribuído o nome de desertificação ao processo que atinge o local, visto que o Rio Grande do Sul não está inserido nas faixas climáticas árida e semi-árida.
No nordeste do país (região árida e semi-árida), há quatro núcleos de desertificação existentes, com área de cerca de 18.000km2, sendo que “núcleos de desertificação” são consideradas áreas com o processo de degradação já irreversível. Fora isso, cerca de 1 milhão de km2 das regiões nordeste e norte do estado de Minas Gerais se encontram susceptíveis ao processo e já o apresentam a um certo grau.
Com base em pesquisas do Centro Hadley do Escritório Meteorológico do Reino Unido, até o ano de 2100, um terço do planeta estará convertido em deserto. Migrações de milhões de pessoas para terras mais férteis, em busca de sobrevivência, se tornarão comuns, aumentando o impacto do homem no meio ambiente e aumentando a pressão por demanda de recursos, e com isso, desequilibrando ainda mais os efeitos das mudanças climáticas no globo.
O papel do homem nesta história é o de sempre, o manejo inadequado e exaustivo dos recursos naturais. No caso do nordeste brasileiro, a exploração mineral, agricultura e pecuária acabam por minar a rala vegetação existente, funcionando como um acelerador da desertificação. Sem a colaboração das prefeituras dos municípios atingidos e claro, do próprio governo, e ainda, o desenvolvimento de uma consciência ambiental no próprio homem, não haverá escapatória quanto à irreversibilidade do processo de desertificação, não apenas no nordeste brasileiro, mas no mundo todo. E as conseqüências provavelmente serão imensuráveis e irrecuperáveis para a população mundial.
* Carolina Carvalho é geóloga (UNESP), mestre em sensoriamento remoto (INPE) e doutoranda em planejamento energético na Coppe (UFRJ).
(Envolverde/CarbonoBrasil)
A desertificação é um problema grave, que vem se intensificando ao longo dos últimos anos, como uma das causas/conseqüências das mudanças climáticas. Eu escrevi causas/conseqüências, porque o problema da desertificação geralmente é deflagrado ou agravado pelo homem e suas atividades (desmatamento, expansão urbana, exploração mineral descuidada, entre outros), e quando o processo já está instalado, contribui para o desequilíbrio ambiental responsável pelo aquecimento global. Ou seja, torna-se uma reação em cadeia.
Segundo a ONU, a definição do processo de desertificação que atinge várias áreas do globo, seria “a degradação das terras nas regiões áridas, semi-áridas e sub-úmidas secas, resultantes de diversos fatores, tais como as variações climáticas e as atividades humanas”. Significa então que o solo perdeu sua capacidade produtiva devido aos fatores citados. Em regiões áridas, já existe uma pré-disposição ao processo de degradação, que pode inclusive, iniciar naturalmente, porém, sem desequilíbrio. Bem, o que as pessoas deviam saber sobre desertificação é que ela não existe só na África e Ásia, mas no Brasil também, e não é apenas uma região brasileira que apresenta o problema em nível já avançado, mas inúmeras.
No estado do Rio Grande do Sul, especificamente nas regiões dos municípios de Alegrete, Quaraí e adjacências, já se observa um agressivo processo de degradação do solo, intensificado pelo manejo inadequado dos recursos naturais.
Os solos da região já apresentam tendências naturais à degradação, visto que são mais arenosos, com baixa coesão entre as partículas, baixa fertilidade e esparsa cobertura vegetal. Porém, com a intervenção inadequada do homem, as áreas se expandiram e até mesmo áreas não degradadas, hoje apresentam o processo de arenização, formando os chamados “areais”. Neste local, não é atribuído o nome de desertificação ao processo que atinge o local, visto que o Rio Grande do Sul não está inserido nas faixas climáticas árida e semi-árida.
No nordeste do país (região árida e semi-árida), há quatro núcleos de desertificação existentes, com área de cerca de 18.000km2, sendo que “núcleos de desertificação” são consideradas áreas com o processo de degradação já irreversível. Fora isso, cerca de 1 milhão de km2 das regiões nordeste e norte do estado de Minas Gerais se encontram susceptíveis ao processo e já o apresentam a um certo grau.
Com base em pesquisas do Centro Hadley do Escritório Meteorológico do Reino Unido, até o ano de 2100, um terço do planeta estará convertido em deserto. Migrações de milhões de pessoas para terras mais férteis, em busca de sobrevivência, se tornarão comuns, aumentando o impacto do homem no meio ambiente e aumentando a pressão por demanda de recursos, e com isso, desequilibrando ainda mais os efeitos das mudanças climáticas no globo.
O papel do homem nesta história é o de sempre, o manejo inadequado e exaustivo dos recursos naturais. No caso do nordeste brasileiro, a exploração mineral, agricultura e pecuária acabam por minar a rala vegetação existente, funcionando como um acelerador da desertificação. Sem a colaboração das prefeituras dos municípios atingidos e claro, do próprio governo, e ainda, o desenvolvimento de uma consciência ambiental no próprio homem, não haverá escapatória quanto à irreversibilidade do processo de desertificação, não apenas no nordeste brasileiro, mas no mundo todo. E as conseqüências provavelmente serão imensuráveis e irrecuperáveis para a população mundial.
* Carolina Carvalho é geóloga (UNESP), mestre em sensoriamento remoto (INPE) e doutoranda em planejamento energético na Coppe (UFRJ).
(Envolverde/CarbonoBrasil)
terça-feira, 7 de abril de 2009
77% da verba do G-20 tem de ajudar ODM
Por Redação do Pnud
Campanha da ONU pede que pelo menos US$ 850 bilhões dos US$ 1,1 trilhão aprovados ajudem pobres a atingir os Objetivos do Milênio.
Os ODM (Objetivos de Desenvolvimento do Milênio) têm de ser os critérios para direcionar os financiamentos que o Fundo Monetário Internacional (FMI) e Banco Mundial vão promover com verba do G-20, pede a campanha Un Millenium (http://www.endpoverty2015.org/). A iniciativa das Nações Unidas quer que, dos US$ 1,1 trilhão do pacote aprovado na última cúpula do G-20, pelo menos US$ 850 bilhões ( 77% do total) sejam usados para ajudar os países pobres a cumprirem os oito ODM dentro do prazo que acaba em 2015.
Em comunicado, a campanha elogiou a decisão dos líderes dos países ricos e emergentes anunciada neste dia 02 em Londres, mas diz que é preciso garantir o aumento da ajuda ao desenvolvimento. “Os países mais pobres, especialmente os do sul da África, precisam de dinheiro para ajudá-los nos ODM, ou seja, precisam de ajuda para o desenvolvimento e não de empréstimos”, argumenta o texto intitulado "Resposta ao G-20".
Entre os setores que seriam beneficiados com os investimentos nos ODM estão o combate a pobreza, a educação, a saúde, o meio ambiente e a igualdade de gênero. Os países mais pobres da África, estima o documento da campanha, têm recebido menos de um quinto das quantias voltadas para ajuda nessas áreas.
A Un Millenium considera frágil outra das decisões da cúpula: de que os diretores do FMI e do Banco Mundial não serão mais necessariamente norte-americanos ou europeus. “O compromisso é tímido e lento demais para que se materialize uma administração mais inclusiva nas instituições financeiras”, declarou.
Já o combate ao protecionismo, outra promessa, se tornou apenas uma “retórica” e precisa ser monitorada, afirma o documento. Na cúpula anterior a de Londres, 20 países fizeram a promessa, mas 17 não a cumpriram, destaca.
“Vamos ajudar os cidadãos a cobrar dos líderes do G-20 a responsabilidade sob suas promessas”, diz o diretor da campanha Salil Shetty. “Apesar de elogiarmos os compromissos feitos na cúpula, reconhecemos que os resultados precisam ser urgentes”, concluiu.
Leia o documento "Resposta ao G-20" - http://www.endpoverty2015.org/english/news/un-millennium-campaign-urges-staggering-850-billion-allocated-imf-and-world-bank-g-20-be-targeted-ac/02/apr/09
Campanha da ONU pede que pelo menos US$ 850 bilhões dos US$ 1,1 trilhão aprovados ajudem pobres a atingir os Objetivos do Milênio.
Os ODM (Objetivos de Desenvolvimento do Milênio) têm de ser os critérios para direcionar os financiamentos que o Fundo Monetário Internacional (FMI) e Banco Mundial vão promover com verba do G-20, pede a campanha Un Millenium (http://www.endpoverty2015.org/). A iniciativa das Nações Unidas quer que, dos US$ 1,1 trilhão do pacote aprovado na última cúpula do G-20, pelo menos US$ 850 bilhões ( 77% do total) sejam usados para ajudar os países pobres a cumprirem os oito ODM dentro do prazo que acaba em 2015.
Em comunicado, a campanha elogiou a decisão dos líderes dos países ricos e emergentes anunciada neste dia 02 em Londres, mas diz que é preciso garantir o aumento da ajuda ao desenvolvimento. “Os países mais pobres, especialmente os do sul da África, precisam de dinheiro para ajudá-los nos ODM, ou seja, precisam de ajuda para o desenvolvimento e não de empréstimos”, argumenta o texto intitulado "Resposta ao G-20".
Entre os setores que seriam beneficiados com os investimentos nos ODM estão o combate a pobreza, a educação, a saúde, o meio ambiente e a igualdade de gênero. Os países mais pobres da África, estima o documento da campanha, têm recebido menos de um quinto das quantias voltadas para ajuda nessas áreas.
A Un Millenium considera frágil outra das decisões da cúpula: de que os diretores do FMI e do Banco Mundial não serão mais necessariamente norte-americanos ou europeus. “O compromisso é tímido e lento demais para que se materialize uma administração mais inclusiva nas instituições financeiras”, declarou.
Já o combate ao protecionismo, outra promessa, se tornou apenas uma “retórica” e precisa ser monitorada, afirma o documento. Na cúpula anterior a de Londres, 20 países fizeram a promessa, mas 17 não a cumpriram, destaca.
“Vamos ajudar os cidadãos a cobrar dos líderes do G-20 a responsabilidade sob suas promessas”, diz o diretor da campanha Salil Shetty. “Apesar de elogiarmos os compromissos feitos na cúpula, reconhecemos que os resultados precisam ser urgentes”, concluiu.
Leia o documento "Resposta ao G-20" - http://www.endpoverty2015.org/english/news/un-millennium-campaign-urges-staggering-850-billion-allocated-imf-and-world-bank-g-20-be-targeted-ac/02/apr/09
segunda-feira, 6 de abril de 2009
Marina Silva diz que bancada conservadora em relação ao meio ambiente tem dias contados
Por Redação da Agência Brasil
Brasília - Ao participar da 3ª Conferência Nacional Infanto-Juvenil pelo Meio Ambiente, a senadora Marina Silva (PT-AC) afirmou no sábado (4/04) que a bancada conservadora do Congresso Nacional no que diz respeito ao meio ambiente “tem os dias contados”. Ao se referir aos cerca de 700 alunos com idade entre 11 e 14 anos reunidos em Luziânia (GO), ela acrescentou: “Essa meninada vai fazer mudanças.”
Marina defendeu que a educação funcione como base de todo processo de mudança. Ela lembrou que, durante toda a sua trajetória, o homem sempre se colocou como independente, “como se as outras formas de existência fossem recursos infinitos que estariam ao nosso dispor para todo o sempre”.
Atualmente, a capacidade do planeta de suportar a ação humana, segundo a senadora, já está comprometida em cerca de 30%. “Estamos no vermelho”, disse, ao avaliar que o lugar considerado “privilegiado” para que as pessoas possam refletir e tratar de temas ambientais precisa ser a escola. “ É onde você envolve os professores, os alunos e a comunidade.”
Marina admitiu, entretanto, que a iniciativa de fortalecer o envolvimento das escolas na elaboração de políticas de meio ambiente não deve gerar respostas “imediatistas”. Trata-se de crianças e adolescentes que, de acordo com ela, levarão a noção desses conceitos apenas no futuro, mas que podem influenciar decisões políticas.
“Eles têm uma força de pressão muito grande. Boa parte da atitude inovadora dos pais e dos avós na questão ambiental é influência direta dos filhos. Hoje, grandes empresários que passam o bastão para seus filhos não o passam para pessoas com a mesma mentalidade que eles tiveram e que herdaram de seus pais. Crianças são um público promissor.”
Brasília - Ao participar da 3ª Conferência Nacional Infanto-Juvenil pelo Meio Ambiente, a senadora Marina Silva (PT-AC) afirmou no sábado (4/04) que a bancada conservadora do Congresso Nacional no que diz respeito ao meio ambiente “tem os dias contados”. Ao se referir aos cerca de 700 alunos com idade entre 11 e 14 anos reunidos em Luziânia (GO), ela acrescentou: “Essa meninada vai fazer mudanças.”
Marina defendeu que a educação funcione como base de todo processo de mudança. Ela lembrou que, durante toda a sua trajetória, o homem sempre se colocou como independente, “como se as outras formas de existência fossem recursos infinitos que estariam ao nosso dispor para todo o sempre”.
Atualmente, a capacidade do planeta de suportar a ação humana, segundo a senadora, já está comprometida em cerca de 30%. “Estamos no vermelho”, disse, ao avaliar que o lugar considerado “privilegiado” para que as pessoas possam refletir e tratar de temas ambientais precisa ser a escola. “ É onde você envolve os professores, os alunos e a comunidade.”
Marina admitiu, entretanto, que a iniciativa de fortalecer o envolvimento das escolas na elaboração de políticas de meio ambiente não deve gerar respostas “imediatistas”. Trata-se de crianças e adolescentes que, de acordo com ela, levarão a noção desses conceitos apenas no futuro, mas que podem influenciar decisões políticas.
“Eles têm uma força de pressão muito grande. Boa parte da atitude inovadora dos pais e dos avós na questão ambiental é influência direta dos filhos. Hoje, grandes empresários que passam o bastão para seus filhos não o passam para pessoas com a mesma mentalidade que eles tiveram e que herdaram de seus pais. Crianças são um público promissor.”
Líderes inspiradores: Lula e Obama
Por Leonardo Boff*
Um dos fatores que está emperrando a saída do caos econômico-financeiro é a escassez de lideranças inspiradoras. São os momentos de crise que fazem suscitar lideres carismáticos que fornecem foco e senso de direção. O bom líder é aquele que capta os anseios profundos do momento, sabe dar-lhe uma expressão, criar-lhe uma metáfora e sobretudo sabe suscitar entusiasmo e energias para realizar coisas que a muitos pareceriam impossíveis.
Mais que tudo, o líder deve servir a uma causa que é maior que ele, é de todo um povo e agora, de toda a humanidade. Por isso, o líder não pode ser vítima dos interesses de grupos. O bom líder está continuamente desafiando a opinião pública para rejeitar soluções maquiadas e recusar saidas convencionais que só tranqüilizam mas não transformam o caos em criativo e generativo.
O encontro dos G-20 em 2 de abril em Londres superou as espectativas, pois elaborou-se um consenso global que pode ser eficaz no resgate do equilíbrio perdido. Barack Obama e Lula despontaram como líderes inspiradores. Lula, lembrando a pobreza no mundo e Obama insistindo que o resgate deve ser verde, quer dizer, não pode mais ser feito à custa da devastação da natureza como ocorria até agora.
O Presidente Lula se tem mostrado um líder corajoso em afirmar: esta crise foi provocada por homens brancos, de olhos azuis que presidiam bancos e instituições que ditavam normas para os outros mas eles mesmos não as seguiam. Hoje estão desmoralizados porque suas idéias eram truque baratos. Eles possuiam uma ideologia imperial de dominação do mundo.
Mauro Santayana, o príncipe dos analistas políticos brasileiros, nos revelou recentemente num artigo do Jornal do Brasil(26/03) o plano norteamericano de dominação do mundo que ficara oculto por mais de quarenta anos. Dizem os documentos agora revelados: “a soberania supranacional de uma elite intelectual e de banqueiros é seguramente preferível à autodeterminação nacional praticada nos séculos passados”. Em nome desta propósito imperial fizeram-se intervenções econômicas, políticas, culturais e militares em quase todas as partes do mundo. É a razão de os EUA manterem 700 bases militares pelo mundo afora com 500 mil solados servindo no exterior. É o espírito de Davos, onde os senhores do mundo se reúnem anualmente não para pensar os problemas da Terra, dos pobres, das mulheres, da fome, mas das moedas, dos mercados, do crescimento e dos próprios interesses. É o mais crasso materialismo.
Este espírito montado na falsa liderança, na mentira, na arrogância e na violência, agora ruiu com o sistema que o sustentava. Obama mostra clara consciência deste fato. Lula é um dos poucos líderes mundiais que teve a coragem de dizer as verdades diante do Primeiro Ministro da Inglaterra, G. Brown, que nos visitou em março. Só espíritos medíocres que possuem dentro de si ainda o colonizador e que incondicionalmente se alinham ao poder dominante, fizeram criticas ao Presidente como se sua fala fosse expressão de racismo. Não entenderam a metáfora. Mas traíram o que escondem: seu submetimento à potência mais forte.
Mas chegará o dia em que o espírito de Porto Alegre, altermundista, generoso, amante da vida e da Terra vai ver o começo da realização de seu sonho. A liderança inspiradora de Lula, de Evo Morales, de Fernando Lugo, de Rafael Correa e de Barack Obama fará com que as potencialidades do novo, arrancadas do aceano infinito da Energia de fundo que sustenta o inteiro universo e cada ser, se tornem realidade. A humanidade a Terra o merecem. Só assim elas continuarão a ter um futuro benaventurado.
* Leonardo Boff é autor de “A civilização planetária”, editora Sextante, Rio.
Um dos fatores que está emperrando a saída do caos econômico-financeiro é a escassez de lideranças inspiradoras. São os momentos de crise que fazem suscitar lideres carismáticos que fornecem foco e senso de direção. O bom líder é aquele que capta os anseios profundos do momento, sabe dar-lhe uma expressão, criar-lhe uma metáfora e sobretudo sabe suscitar entusiasmo e energias para realizar coisas que a muitos pareceriam impossíveis.
Mais que tudo, o líder deve servir a uma causa que é maior que ele, é de todo um povo e agora, de toda a humanidade. Por isso, o líder não pode ser vítima dos interesses de grupos. O bom líder está continuamente desafiando a opinião pública para rejeitar soluções maquiadas e recusar saidas convencionais que só tranqüilizam mas não transformam o caos em criativo e generativo.
O encontro dos G-20 em 2 de abril em Londres superou as espectativas, pois elaborou-se um consenso global que pode ser eficaz no resgate do equilíbrio perdido. Barack Obama e Lula despontaram como líderes inspiradores. Lula, lembrando a pobreza no mundo e Obama insistindo que o resgate deve ser verde, quer dizer, não pode mais ser feito à custa da devastação da natureza como ocorria até agora.
O Presidente Lula se tem mostrado um líder corajoso em afirmar: esta crise foi provocada por homens brancos, de olhos azuis que presidiam bancos e instituições que ditavam normas para os outros mas eles mesmos não as seguiam. Hoje estão desmoralizados porque suas idéias eram truque baratos. Eles possuiam uma ideologia imperial de dominação do mundo.
Mauro Santayana, o príncipe dos analistas políticos brasileiros, nos revelou recentemente num artigo do Jornal do Brasil(26/03) o plano norteamericano de dominação do mundo que ficara oculto por mais de quarenta anos. Dizem os documentos agora revelados: “a soberania supranacional de uma elite intelectual e de banqueiros é seguramente preferível à autodeterminação nacional praticada nos séculos passados”. Em nome desta propósito imperial fizeram-se intervenções econômicas, políticas, culturais e militares em quase todas as partes do mundo. É a razão de os EUA manterem 700 bases militares pelo mundo afora com 500 mil solados servindo no exterior. É o espírito de Davos, onde os senhores do mundo se reúnem anualmente não para pensar os problemas da Terra, dos pobres, das mulheres, da fome, mas das moedas, dos mercados, do crescimento e dos próprios interesses. É o mais crasso materialismo.
Este espírito montado na falsa liderança, na mentira, na arrogância e na violência, agora ruiu com o sistema que o sustentava. Obama mostra clara consciência deste fato. Lula é um dos poucos líderes mundiais que teve a coragem de dizer as verdades diante do Primeiro Ministro da Inglaterra, G. Brown, que nos visitou em março. Só espíritos medíocres que possuem dentro de si ainda o colonizador e que incondicionalmente se alinham ao poder dominante, fizeram criticas ao Presidente como se sua fala fosse expressão de racismo. Não entenderam a metáfora. Mas traíram o que escondem: seu submetimento à potência mais forte.
Mas chegará o dia em que o espírito de Porto Alegre, altermundista, generoso, amante da vida e da Terra vai ver o começo da realização de seu sonho. A liderança inspiradora de Lula, de Evo Morales, de Fernando Lugo, de Rafael Correa e de Barack Obama fará com que as potencialidades do novo, arrancadas do aceano infinito da Energia de fundo que sustenta o inteiro universo e cada ser, se tornem realidade. A humanidade a Terra o merecem. Só assim elas continuarão a ter um futuro benaventurado.
* Leonardo Boff é autor de “A civilização planetária”, editora Sextante, Rio.
quinta-feira, 2 de abril de 2009
Ambientalistas querem frear MP que autoriza venda de terras sem licitação na Amazônia
Por Luana Lourenço, da Agência Brasil
Brasília - Organizações não-governamentais (ONGs) e parlamentares da bancada ambientalistas deverão dificultar a aprovação da Medida Provisória 458, que autoriza a transferência de terras na Amazônia sem licitação. A MP já está trancando a pauta de votações da Câmara.
O plenário deverá analisar o relatório do deputado Asdrubal Bentes (PMDB-PA), apresentado no último dia 18, que ampliou as possibilidades de transferência de terras da Amazônia sem licitação previstas no texto enviado pelo governo, inclusive com redução da reserva legal (percentual de floresta original que deve ser mantido nas propriedades) e autorização para compra por pessoas jurídicas.
“Ele [Asdrubal Bentes] extrapolou o escopo da MP, que por si só é perigosa sem que seja feito antes o zoneamento ecológico e econômico da região”, afirmou hoje (1º) o presidente da Frente Parlamentar Ambientalista, deputado Sarney Filho (PV-MA).
A ONG Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) divulgou nota técnica com críticas ao relatório de Bentes. “[O texto] mantém e acrescenta estímulos à desocupação desordenada da região, além de consolidar um processo histórico de grilagem de terras na Amazônia”, de acordo com a entidade.
Segundo o Imazon, se a regularização fundiária da região for conduzida da forma prevista no relatório de Bentes, o processo poderá “legalizar a grilagem”, com incentivos ao desmatamento e sem critérios claros de transparência na concessão dos títulos.
Na avaliação de Sarney Filho, um dos pontos mais polêmicos é a previsão de redução de 80% para 50% da reserva legal para as terras ocupadas até 1996.
“Não se pode mexer em reserva legal em uma medida provisória, que não foi feita para isso, e sem nenhuma discussão, é perigoso.”
“Vamos votar contra a MP e vamos pedir destaque para esse artigo [da redução da reserva legal] se perdermos na votação principal”, acrescentou.
Hoje (02/04), a MP será tema de audiência pública na Comissão de Meio Ambiente da Câmara. Os ministros do Meio Ambiente, Carlos Minc, e do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel, devem participar do debate.
(Envolverde/Agência Brasil)
Brasília - Organizações não-governamentais (ONGs) e parlamentares da bancada ambientalistas deverão dificultar a aprovação da Medida Provisória 458, que autoriza a transferência de terras na Amazônia sem licitação. A MP já está trancando a pauta de votações da Câmara.
O plenário deverá analisar o relatório do deputado Asdrubal Bentes (PMDB-PA), apresentado no último dia 18, que ampliou as possibilidades de transferência de terras da Amazônia sem licitação previstas no texto enviado pelo governo, inclusive com redução da reserva legal (percentual de floresta original que deve ser mantido nas propriedades) e autorização para compra por pessoas jurídicas.
“Ele [Asdrubal Bentes] extrapolou o escopo da MP, que por si só é perigosa sem que seja feito antes o zoneamento ecológico e econômico da região”, afirmou hoje (1º) o presidente da Frente Parlamentar Ambientalista, deputado Sarney Filho (PV-MA).
A ONG Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) divulgou nota técnica com críticas ao relatório de Bentes. “[O texto] mantém e acrescenta estímulos à desocupação desordenada da região, além de consolidar um processo histórico de grilagem de terras na Amazônia”, de acordo com a entidade.
Segundo o Imazon, se a regularização fundiária da região for conduzida da forma prevista no relatório de Bentes, o processo poderá “legalizar a grilagem”, com incentivos ao desmatamento e sem critérios claros de transparência na concessão dos títulos.
Na avaliação de Sarney Filho, um dos pontos mais polêmicos é a previsão de redução de 80% para 50% da reserva legal para as terras ocupadas até 1996.
“Não se pode mexer em reserva legal em uma medida provisória, que não foi feita para isso, e sem nenhuma discussão, é perigoso.”
“Vamos votar contra a MP e vamos pedir destaque para esse artigo [da redução da reserva legal] se perdermos na votação principal”, acrescentou.
Hoje (02/04), a MP será tema de audiência pública na Comissão de Meio Ambiente da Câmara. Os ministros do Meio Ambiente, Carlos Minc, e do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel, devem participar do debate.
(Envolverde/Agência Brasil)
O planeta necessita que mudemos de modelo de vida
Por Cristina Vázquez, do El País
Serge Latouche, professor emérito de Economia da Universidade de Paris-Sul (Orsay), é um dos teóricos do decrescimento, uma proposta que rechaça o crescimento pelo crescimento e a sociedade de consumo. Convidado pelo Instituto do Território, Latouche alertou, em uma conversa em Valência, para a superexploração do Planeta. Urge uma mudança, razão pela qual, para Latouche, “a crise é uma boa notícia”.
Segue a entrevista que Serge Latouche concedeu a Cristina Vázquez e está publicada no jornal espanhol El País, 30-03-2009. A tradução é do Cepat.
Esses tempos de crise são um momento propício para as teorias do decrescimento, não?
Sim e não. Sim, porque a crise econômica está conectada ao desastre econômico, o que nos leva a um choque terapêutico que exige outro sistema [de produção]. E não, porque a reação de todos os Governos e dos poderes econômicos não é corrigir, mas reproduzir o atual sistema; mais indústrias automobilísticas e mais cimento, o que é uma contradição. Os Governos admitem isso, mas fazem o contrário para evitar tensões sociais e seguem ajudando os bancos, o capital…
A sua proposta não é utópica?
É uma revolução e toda revolução implica uma mudança de mentalidade. Temos o exemplo do Maio de 1968, que não foi violento. As pessoas saíram às ruas para pedir outro modelo de vida. Não foi uma mudança tão espetacular como a revolução francesa, mas trouxe transformações. O Planeta necessita que mudemos de estilo de vida.
Há alguém que possa liderar este movimento?
As mudanças não serão produzidas com as estruturas atuais, que são do século XIX. Serão associações, mas não necessariamente um partido político. Eu, ao menos, não tenho intenção de criá-lo.
Que mudanças vão empreender?
A relocalização, porque permite desmundializar, questiona os mercados financeiros e encontra um sentido diferente para a produção local e ecológica.
Um retorno ao campo?
Não apenas um retorno ao campo. Mas creio que haverá uma agricultura não produtivista. Não deve ser entendido como um retorno ao passado; será preciso reinventar uma agricultura mais próxima, menos produtivista e que use menos pesticidas e produtos químicos para engorda.
O desemprego é o grande drama desta crise. O que você faria?
Os governos reimpulsionam o crescimento, o que nos empurra novamente contra a parede. Há soluções fáceis como aumentar a população agrícola, reduzir as horas de trabalho ou potencializar a reciclagem. A indústria automobilística poderia produzir tecnologia solar em vez de carros.
Como vive um crítico do crescimento?
Não é preciso ser de uma sobriedade masoquista. Mas eu, por exemplo, não ando de avião, prefiro o trem. Andar de carro pela cidade também é bastante desagradável. Se pudermos andar de bicicleta, melhor. Não gosto de beber água engarrafada. Prefiro as biocooperativas aos shoppings centers e coisas do gênero.
É o decrescimento incompatível com a internet?
Todos aqueles que fizeram uma opção radical de voltar ao campo, ser autônomos e produzir seus próprios alimentos, têm computador. O decrescimento não demoniza necessariamente a internet.
(Envolverde/IHU - Instituto Humanitas Unisinos)
Serge Latouche, professor emérito de Economia da Universidade de Paris-Sul (Orsay), é um dos teóricos do decrescimento, uma proposta que rechaça o crescimento pelo crescimento e a sociedade de consumo. Convidado pelo Instituto do Território, Latouche alertou, em uma conversa em Valência, para a superexploração do Planeta. Urge uma mudança, razão pela qual, para Latouche, “a crise é uma boa notícia”.
Segue a entrevista que Serge Latouche concedeu a Cristina Vázquez e está publicada no jornal espanhol El País, 30-03-2009. A tradução é do Cepat.
Esses tempos de crise são um momento propício para as teorias do decrescimento, não?
Sim e não. Sim, porque a crise econômica está conectada ao desastre econômico, o que nos leva a um choque terapêutico que exige outro sistema [de produção]. E não, porque a reação de todos os Governos e dos poderes econômicos não é corrigir, mas reproduzir o atual sistema; mais indústrias automobilísticas e mais cimento, o que é uma contradição. Os Governos admitem isso, mas fazem o contrário para evitar tensões sociais e seguem ajudando os bancos, o capital…
A sua proposta não é utópica?
É uma revolução e toda revolução implica uma mudança de mentalidade. Temos o exemplo do Maio de 1968, que não foi violento. As pessoas saíram às ruas para pedir outro modelo de vida. Não foi uma mudança tão espetacular como a revolução francesa, mas trouxe transformações. O Planeta necessita que mudemos de estilo de vida.
Há alguém que possa liderar este movimento?
As mudanças não serão produzidas com as estruturas atuais, que são do século XIX. Serão associações, mas não necessariamente um partido político. Eu, ao menos, não tenho intenção de criá-lo.
Que mudanças vão empreender?
A relocalização, porque permite desmundializar, questiona os mercados financeiros e encontra um sentido diferente para a produção local e ecológica.
Um retorno ao campo?
Não apenas um retorno ao campo. Mas creio que haverá uma agricultura não produtivista. Não deve ser entendido como um retorno ao passado; será preciso reinventar uma agricultura mais próxima, menos produtivista e que use menos pesticidas e produtos químicos para engorda.
O desemprego é o grande drama desta crise. O que você faria?
Os governos reimpulsionam o crescimento, o que nos empurra novamente contra a parede. Há soluções fáceis como aumentar a população agrícola, reduzir as horas de trabalho ou potencializar a reciclagem. A indústria automobilística poderia produzir tecnologia solar em vez de carros.
Como vive um crítico do crescimento?
Não é preciso ser de uma sobriedade masoquista. Mas eu, por exemplo, não ando de avião, prefiro o trem. Andar de carro pela cidade também é bastante desagradável. Se pudermos andar de bicicleta, melhor. Não gosto de beber água engarrafada. Prefiro as biocooperativas aos shoppings centers e coisas do gênero.
É o decrescimento incompatível com a internet?
Todos aqueles que fizeram uma opção radical de voltar ao campo, ser autônomos e produzir seus próprios alimentos, têm computador. O decrescimento não demoniza necessariamente a internet.
(Envolverde/IHU - Instituto Humanitas Unisinos)
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