quinta-feira, 31 de julho de 2008

Cidades Humanas

Gostei! Já houve repercussão dos meus primeiros posts. Um deles me chamou atenção, de uma grande amiga, que disse que o viver urbano é muito interessante, mas que de vez em quando é importante buscarmos locias mais calmos para recarregar as energias e buscar o equilíbrio. Concordo. Mas, quantos de nós temos condições de buscarmos esse lugar mais calmo que nos traga equilíbrio? Daí que a cidade deve nos proporcionar um mínimo de espaço para que alcancemos também o mínino de tranquilidade e equilíbrio. Aí vamos, quantos praças, logradouros públicos novos, com necessária área verde foram criadas em Belém nos últimos, comecemos por baixo, 10 anos? Nenhum. Pequenas praças nos subúrbios, sem a arborização adequada que privilegie a contemplação, o descanso, a leitura não contam, apenas amenizam o problema e normalmente como não tem estrutura, são tomadas por vândalos que as destroem. A última praça que lembro ter sido inaugurada foi a Dom Alberto Ramos na Marambaia, pelos idos dos anos 90. Toda uma cidade de 1,5 milhão de habitantes fica submetida a duas praças, República e Batista Campos. Para tanta gente é necessário sorvete, comida, bebida que gera lixo, barulho desorganização e todo o resto que vcs já sabem. Estes são lugares mais calmos e de contemplação? Não há uma só praça em Belém com aquelas mesas de damas, xadrez para nossos velhinhos possam passar o tempo. Não um só local em Belém para se passear de bicicleta. Que dignidade estamos dando ao nosso povo? Pensar e fazer novos espaços urbanos na cidade deveria ser uma das prioridades dos candidatos que estão se apresentando ao pleito deste ano. Por outro lado, as empresas que estão ajudando a revitalizar as praças precisam pensar em como atrair as pessoas para interagirem e permanecerem nas praças por breves ou longos períodos de tempo. Por fim, trago uma reflexão do arquiteto Paulo Cal, que tomei a liberdade de citar em minha dissertação de mestrado: “Hoje se reconhece que é na cidade, na vida urbana, que se conquista o conhecimento mais amplo do mundo. É na cidade que o homem pode se valer, ao mesmo tempo e num só lugar, da experiência de vida, da ciência e da arte para conquistar nova atitude criadora que se desenvolve a partir da ‘aprendizagem pela descoberta’ sempre mutante, como mutante é o modo de viver urbano. É na cidade que a linguagem funciona de forma ‘pura’ e tenta estabelecer uma correlação unívoca entre um espaço urbano e a prática para a qual foi concebida. Mas, paradoxalmente, é na cidade que as funções de segurança, mediação e controle são particularizadas institucionalmente. Daí surgem os muros, cercas, grades, cortinas, porteiros, síndicos, guardas, vigias, zeladores, e, desta forma, desenvolvem-se novas funções no rastro da impessoalidade e da segregação e que funcionam como verdadeiros obstáculos aos processos de aprendizagem criadora. É daí que surgem apenas poucos olhos para olhar a cidade, a convicção inexistente dos cidadãos, a responsabilidade coletiva abdicada, a escassez de personalidades públicas vocacionais e instâncias mediadoras e, até falta de vida pública. O resultado final é que a cidade que é capaz de ensinar, também é capaz de ficar burra, murada, cercada, sem nenhuma personalidade pública que a defenda, que restaure a sua dignidade.”[1] [1] Cf. CAL, Paulo. A cidade é capaz de ensinar.... O Diário do Pará, Belém (PA). Domingo, 20 de julho de 2003, p. 6.

terça-feira, 29 de julho de 2008

Ócio criativo

Como acabei de fabricar o blog, os textos começam amanhã. Até!

Por que Cidades e Humanidade?

Nasci na cidade, sou urbano.
Desde muito pequeno fui envolvido pela atmosfera do viver urbano, sempre atrelado às atividades de meu pai. Primeiro como fotógrafo, era comum muitos de nossos, meu e de meus outros quatro irmãos, passeios de fim de semana se darem nos fuscas ou nas kombis de "A Província do Pará", jornal extinto, do qual meu pai se orgulhava de ter trabalhado por mais de 40 anos.
Quando meu pai se elegeu vereador em Belém, cargo que se manteve por 20 anos, o que equivaleria nos dias de hoje a cinco mandatos consecutivos, passamos então a viver a cidade e seus problemas.
Quando meu pai se elegeu a primeira vez tinha apenas 8 anos de idade. Tornei-me seu assessor aos 18 e fiquei nessa até os 28.
Dois temas sempre me foram muito caros: terrenos de marinha e o lixo.
Tendo feito vestibular para engenharia elétrica na UFPA, vi-me em crise existencial aos 20 anos.
Tornei aluno de direito na UNESPA, depois Unama, em 1989.
Antes e depois de formado, em contato com as leis e projetos de lei municipais, interessei-me em fazer mestrado adotando como tema ou os terrenos de marinha ou o lixo. Venceu o primeiro.
Daí fui apresentado ao Direito Ambiental.
Um dos princípios de quem atua na defesa do meio ambiente está materializado na frase "pensar globalmente, agir localmente".
Estou entre eles.
Daí que este blog será um espaço de análise e discussão de temas da cidade, ou das cidades, e da humanidade.
Humildemente.

Virei blogueiro!

Depois de muito resistir, virei blogueiro.
Talvez seja o momento que esteja passando, a necessidade de me manifestar, de extravasar o que sinto, enfim, eis-me aqui blogueiro no mundo.