segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Música do dia: Mercy Mercy Me (the Ecology)

Do disco What's going on, de 1971, de Marvin Gaye, a música trata da então ecologia e ainda se mantém atualíssima.
Vale para complementar o post anterior. Vai também a letra da música.



Ah, mercy, mercy me,
Ah, things ain't what they used to be, no, no.
Where did all the blue skies go?
Poison is the wind that blows from the north and south andeast.

Mercy, mercy me,
Ah, things ain't what they used to be, no, no.
Oil wasted on the ocean and upon
our seas fish full of mercury,

Oh, mercy, mercy me.
Ah, things ain't what they used to be, no, no, no.
Radiation underground and in the sky;
animals and birds who live near by are dying.

Oh, mercy, mercy me.
Ah, things ain't what they used to be.
What about this over crowded land?
How much more abuse from man can she stand?

2008: o "Ano Internacional do Saneamento"

A ONU determinou que 2008 seria o "Ano Internacional do Saneamento". A idéia era tentar acelerar as metas do milênio, um conjunto de objetivos que os 191 países integrantes da organização assumiram de cumprir até 2015. Um desses objetivos é garantir a sustentabilidade ambiental, que engloba integrar os princípios do desenvolvimento sustentável nas políticas e programas nacionais e reverter a perda de recursos ambientais; reduzir pela metade, até 2015, a proporção da população sem acesso permanente e sustentável a água potável segura e esgotamento sanitário, além de até 2020, ter alcançado uma melhora significativa nas vidas de pelo menos 100 milhões de habitantes de bairros degradados.

Uma pesquisa do Ministério das Cidades apontou que, mantida a atual tendência, o Brasil dificilmente conseguirá diminuir pela metade a proporção de pessoas sem rede de esgoto até 2015, como prevê o sétimo dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. A probabilidade de que a meta seja atingida é de apenas 30%.

Até 2004, o Brasil só conseguiu chegar à proporção de 47,95% da população com acesso a esgotamento. Se quisermos chegar à proporção fixada pelo Objetivo do Milênio, deveremos nos esforçar para garantir acesso ao serviço para mais 53.524.405 pessoas.

O estudo não é animador quanto à possibilidade de isso acontecer. Mantendo-se o atual nível de investimentos e a mão-de-obra disponível para obras sanitárias, há apenas 29,81% de chances de dar certo. Para chegar aos números os autores do estudo utilizaram dados do Censo 2000 e da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios).

"A probabilidade de não atingir a meta relacionada a esgoto é muito grande, já a de água é possível de ser cumprida", avalia um dos autores do estudo, Lineu Afonso. "O país sempre investiu mais em rede de água do que de esgoto. Isso porque é mais difícil para as pessoas viverem sem água potável e porque as obras de esgotamento são mais caras".


O Brasil deve investir R$ 40 bilhões no setor de saneamento entre 2007 e 2010 pelo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). A verba representa 220% mais do que os investimentos assumidos entre 2003 e 2006, de R$ 12,5 bilhões. “Com os recursos do PAC é provável que a situação melhore. Porém não se sabe se a verba vai ser mantida com a troca de governo”, avalia a técnica do programa, Nyedja da Silva

Boa parte do texto acima foi tirado do próprio site do PNUD, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento.

Venho defendendo que nenhum município brasileiro tem condições de fazer o investimento necessário para alcançar o objetivo proposto na área de saneamento. E saneamento tem tudo a ver com as ocupações desordenadas nas nossas cidades.

Enquanto não se resolver a questão da regularização fundiária urbana, tanto mais difícil será resolver a questão do saneamento porque mais e mais áreas nas cidades serão invadidas e degradadas.

Por isso o objetivo do saneamento está atrelado ao da melhoria dos bairros degradados.

O objetivo será alcançado? Se vivermos, veremos

domingo, 28 de setembro de 2008

Música do fim de noite de domingo: tente outra vez

Depois da derrota do Papão...

O esporte sem rumo

Acabou o jogo do Paysandu. Perdeu para o Rio Branco do Acre. Mais um ano na terceira divisão do campeonato brasileiro. O Remo, talvez, ano que vem estará na quarta divisão.
Uma das coisas que meu pai me ensinou foi não ser um torcedor dito doente. Terminado um jogo, ainda que o resultado seja a derrota, a vida continua e a página deve ser virada.
Mas também minha formação familiar me leva a dizer que sou um desportista. Fui atleta de basquete do Paysandu por 12 anos. Desde os 10 anos de idade. Lá também aprendi a ser gente. Gosto de esporte. Gosto de ver, ainda jogo uma pelada de basquete quando posso, ajudaria um projeto sério de alcance social voltado para inclusão pelo esporte.
A gente forma a nossa personalidade na família, na religião, no esporte.
O que vem acontecendo com os nossos clubes de futebol é apenas a ponta de um iceberg.
Se o futebol está assim, imaginem o basquete, o vôlei, o futsal e tantos outros esportes menos populares que aquele.
Na verdade, o esporte no Pará reflete a nossa sociedade. Uma sociedade que o despreza como alternativa para as drogas, para a formação de uma pessoa de bem.
A incúria na administração de nossos clubes de esportes é a mesma incúria dos poderes públicos.
Não há um só programa governamental esportivo de visibilidade e repercussão social. Se há, ele é tão insignificante que não consegue alcançar as páginas de jornal ou mesmo os telejornais.
Os clubes de massa do Pará, localizados em Belém, estão afundados em dívidas e seus bens penhorados.
Derrotas como a de hoje mexem com a auto-estima da população mais pobre do Pará, que tem orgulho do futebol paraense, que já foi uma referência nacional.
Cuidar do esporte é cuidar da formação cultural de um povo.

sábado, 27 de setembro de 2008

Músicas da noite - Clocks e Viva la Vida (Coldplay)



Para não esquecer da arborização e das áreas verdes de Belém

Este talvez seja o post mais longo deste blog, mas necessário.
Apesar do título auto-concedido de cidade das mangueiras, repetido, irrefletidamente, há décadas, a realidade mostra que a capital do Pará é já de muito uma das lanterninhas nacionais no quesito arborização.
O déficit de árvores por habitante foi apontado já na década de 70, por meio de um estudo já apontado neste blog. E era ainda uma época de jardins, quintais, e várias áreas cobertas de vegetação cercando o perímetro urbano.
A Rodovia Augusto Montenegro, hoje mais parecida com uma avenida, por exemplo, cortava uma mata fechada, região hoje totalmente tomada por condomínios, empresas e invasões.
Quem chega a Belém de avião pode observar que no entorno da cidade, além das ilhas que vem se mantendo a salvo da predação, aparentemente por descuido, restaram apenas as manchas verdes do Parque do Utinga, uma pequena reserva ao lado do conjunto Médici, os terrenos da aeronáutica, além do Bosque, do Museu Goeldi e das praças na região central.
A expansão desordenada da cidade, enquanto aumentava exponencialmente a área construída, custou-nos o desaparecimento daquelas matas e quintais, resultando em elevação da temperatura e diminuição da ventilação. Notícia recente dá conta de que os níveis de temperatura e baixa umidade do ar chegaram a um patamar inédito.
Daí ter a arborização das ruas crescido tanto em importância. Mas como avançar num amplo projeto de arborização, se Belém mal dá conta de manter o que uma gestão de mais de cem anos atrás lhe legou?
Além do aspecto estético, esses antigos administradores entendiam que uma cidade situada em tal latitude precisava de densa cobertura vegetal para atenuar o tórrido calor e a cegante luminosidade. Já as administrações municipais mais recentes têm se contentado em tratar da arborização como mera figura de marketing, cada vez mais difícil de sustentar na realidade (a logomarca do governo local atual pretende ser uma mangueira).
Os prefeitos se sucedem, gasta-se tinta e saliva discutindo as espécies mais apropriadas e nada de realmente sério nessa área vem sendo feito há décadas.
Na verdade, os prefeitos da virada do século foram os responsáveis pela única área de Belém que pode se considerar verdadeiramente arborizada (aliás, única também nos quesitos: calçadas niveladas e esgotamento sanitário), o chamado quadrilátero das mangueiras, ao qual a cidade deve a sua imerecida fama. Este, apesar do nome, envolve ruas também plantadas com acácias, oitizeiros, benjaminzeiros e amendoeiras, compreendendo o perímetro entre a Presidente Vargas e as principais avenidas, ruas e travessas dos bairros de Nazaré, Batista Campos e São Brás. Nos outros bairros a presença de árvores é bem menor, estando elas ainda mal distribuídas, plantadas erraticamente, ao sabor dos caprichos dos moradores, que muitas vezes se equivocam na escolha das espécies.
Para um pedestre e antigo morador do tal quadrilátero, é fácil observar que houve perda considerável de árvores neste perímetro, perdidas por morte morrida ou matada. Algumas tombaram em um vendaval ao qual ficaram mais vulneráveis por podagens mal feitas, outras, vítimas de parasitas ou veneno, comidas por cupins, regadas por urina, encurraladas por fios, canos, entulho e lixo.
A prefeitura vem replantando, é verdade, novas mudas no lugar das árvores perdidas mais recentemente. Muitas delas não vingam, já que plantas pequenas são presas fáceis de predadores. E a lista destes é grande. Mas não está dando atenção aos trechos em que, após a perda, tapou-se a cova onde a árvore estava plantada. É assim que nesse perímetro foram aparecendo tantos horríveis clarões, trechos de calçada descarnada, que a grande legião de pedestres belemitas conhece muito bem e evita o quanto pode, com cada vez menos alternativas de sombra.
As sucessivas prefeituras também colaboram para isso, quando na reforma do passeio de ruas e praças, passam por cima de antigos canteiros sem árvores ou já fechados. Agora mesmo, no projeto de nivelamento das calçadas que a prefeitura vem realizando na José Malcher, Magalhães Barata e Brás de Aguiar não se aproveitou a oportunidade para reconstituir o renque de mangueiras que essas avenidas perderam ao longo dos anos, reabrindo covas há muito cimentadas, numa demonstração de que os diferentes órgãos da administração municipal trabalham desarticulados entre si e com os outros órgãos de alguma maneira afetados à arborização, como Rede Celpa, Cosanpa, Telemar e Detran.
A desarticulação atinge, de novo, as insuficientes equipes responsáveis por plantio e abertura de canteiros. Cito dois exemplos já antigos, que continuam se reproduzindo. Sei, que o dono de um estacionamento que funcionava próximo ao palacete Bolonha foi autuado e multado pela derrubada da mangueira que ficava em frente ao seu estabelecimento. Mas a cova fechada nunca foi reaberta, nem outra árvore foi até hoje plantada no lugar onde, depois, foi construída uma casa noturna e hoje é um buffet infantil, no que se tornou mais um ponto de desmangueirização perene. Um outro exemplo desses é de um dos primeiros casos de punição por mangueiricídio, já há pelo menos duas décadas, na Gentil, em frente à extinta loja O Ganha Pouco. Na época o proprietário foi multado, mas a calçada permanece até hoje careca. Essa é uma ocorrência comum, que conta com o desinteresse conivente da população, especialmente daqueles motorizados, munidos de película e ar-condicionado. Pensei que essa indiferença estivesse mudando quando soube do protesto de populares na Pedro Álvares Cabral, onde dezenas de oitizeiros tombaram para o alargamento da avenida. Mas a manifestação tinha a ver exclusivamente com a conversão da via em mão única. Pela perda das árvores, única pincelada de verde naquele trecho favelizado, nenhuma lágrima.
Entre tantas e tantas outras, mangueiras também foram retiradas na Gentil, já próximo à José Bonifácio, quando estava sendo construído o prédio que atualmente abriga a SEFA, agora é como se nunca tivessem ali existido.
Sou testemunha de que o órgão do meio ambiente começou no ano passado um trabalho de rearborização lá pela Dr. Moraes. Em poucos metros se observou uma resistência quase generalizada de moradores e comerciantes. Na quadra entre Nazaré e Braz de Aguiar, uma empresa que merece os maiores elogios pela caprichosa recuperação do palacete onde funcionou o colégio Rui Barbosa, conseguiu licença para retirar um pé-de-manga mal ele tinha sido fincado na calçada em frente. Alegaram que a árvore iria impedir a visão do prédio tombado. Ora, ela, na verdade, iria reconstituir o cenário original de cem anos atrás, mais completo e bonito quando estivesse sombreado pela copa da mangueira. A arborização nesse trecho, aliás, deveria estar tão tombada, quanto o edifício.
O trabalho que começou tímido não parece ter prosseguido. Pergunto, que tal continuar reabrindo as covas, onde for possível? Muitas administrações foram indiferentes à questão e permitiram a construção de garagens na direção das antigas mangueiras, mas mesmo assim há espaço de sobra para realizar essa reposição sem obstruir o acesso às garagens. Além dos notórios benefícios ambientais para a cidade como um todo, do refrigério para grande maioria da população, que é pedestre e enfrenta diariamente a suadeira nos escaldantes caminhos de Belém, o verde tem o poder adicional de amenizar a feiúra de tantos prédios públicos e particulares em Belém, retocados à luz filtrada pelas folhagens. Devemos às árvores, aliás, boa parte da dignidade das nossas avenidas.
Aproveito para registrar, entre tantas perdas, algumas que me ocorrem no momento, e sugerir o plantio de amendoeiras no lugar das centenárias árvores dessa espécie que pareciam dois grandes guarda-sóis na frente do antigo colégio “12 de Outubro”, agora Ideal, cujas covas estão devidamente cimentadas, e a mangueira que ficava em frente de onde agora é uma lavanderia expressa, na Benjamim, entre Braz de Aguiar e Gentil. Tenho certeza que cada amigo das árvores e de Belém tem uma longa lista para recomendar.
Ao lado desse esforço de reconstituição seria o momento de continuar o trabalho daqueles antigos administradores, estendendo a arborização aos trechos periféricos de avenidas como Gentil, Conselheiro, Dr. Moraes, Mundurucus, Pariquis, Serzedelo, Alcindo Cacela, Pe. Eutíquio, etc..., chegando a zonas com quase nenhuma cobertura vegetal.
Pergunto ainda, porque não se arboriza a calçada que circunda o canteiro central da Doca, avenida que é um braseiro nu exposto à radiação, onde tanta gente faz suas corridas e caminhadas. Ali, mesmo às primeiras horas da manhã e depois que o sol já se pôs ainda ronda o bafo das horas de calor mais intenso. Soube através do Jornal do Lúcio Flávio Pinto que havia a intenção de arborizá-la desde a sua abertura, na gestão do prefeito Nélio Lobato. O projeto, entretanto, sucumbiu a um interminável falatório e o tempo e a inércia se encarregaram de dar a coisa como resolvida. No Rio há exemplos de canais circundados por árvores, como o do Rio Maracanã, com flamboyants plantados pelo lado de dentro do canal e a avenida Albuquerque, no Leblon, com a sombra cerrada de imensos benjaminzeiros, além do Jardim de Alá, entre Ipanema e Leblon. E não me refiro só ao canteiro central da Doca, mas também às calçadas laterais, que a população pedestre usa para o seu ir e vir. Aliás, porque não se arborizam também as calçadas de avenidas com intenso trânsito de pedestres como a Almirante Barroso e a Duque, do lado em que o passeio é mais largo, e cuja arborização atual se restringe ao canteiro central. Gostaria também de saber como deve proceder o cidadão que queira sugerir o plantiu ou replantiu de árvores na sua calçada. Os belenenses telefonam para a SEMMA mais para pedir derrubadas, mas sejamos otimistas, esses defensores de uma Belém mais verde devem existir.
Um telejornal mostrou recentemente que em Londrina, moradores e donos de estabelecimentos comerciais são obrigados, por lei, a plantar uma árvore na calçada em frente à sua casa ou negócio. Ótimo exemplo a ser seguido por Belém. São as árvores, na estação quente, que tornam a cidade transitável. Seria impossível o comércio da Brás de Aguiar sem a sombra das mangueiras. Já o Umarizal, outro raro bairro belenense com boa oferta de serviços, não é convidativo ao pedestre, com calçadas desniveladas e sem árvores é área que se percorre de carro. Este pouco movimento nas calçadas é atrativo, por outro lado, aos assaltos. Em Belo Horizonte, na zona sul do Rio de Janeiro e em bairros com melhor qualidade de vida de São Paulo, Goiânia ou Curitiba, a arborização é um índice de valorização imobiliária. Vide os tão decantados bairros da Savassi em BH, os Jardins, em São Paulo, a zona sul do Rio de Janeiro.
Pra terminar: gostaria de fazer o obituário tardio de uma comunidade de árvores que sombreavam a subida da Tiradentes, entre a Doca e a Quintino. Ali, o condomínio de três edifícios botou em baixo algo como dezoito amendoeiras com pelo menos vinte anos de idade, e que faziam daquele trecho uma espécie de bosque, oásis no meio da paisagem semi-desértica do Reduto/Umarizal. Tenho a impressão de que as árvores estavam num recuo da calçada, em terreno pertencente aos prédios que, portanto, podiam fazer delas o que bem entendessem. A alegação para a derrubada, segundo soube, era de que a sombra favorecia assaltos e que morcegos atraídos pelas árvores invadiam os apartamentos. Me pergunto se toda aquela gente que mora ali esteve de acordo com o sacrifício das amendoeiras e se nenhuma outra solução menos drástica foi cogitada. O fato, numa época de estardalhaço em torno do aquecimento global, dá uma idéia do distanciamento com que mesmo setores mais informados da população ainda percebem a questão. Ergue-se uma espessa barreira entre as informações despejadas todos os dias pela mídia – e que ninguém em sã consciência desaprova – e o dia a dia dos cidadãos, sinal da insensibilidade com a vida coletiva, uma faceta do individualismo anárquico, que grassa em Belém. Esse egoísmo individual, talvez, já seja entendida pelos belenenses como um traço cultural que nos distingue, tanto como a informalidade e o humor carioca, o tradicionalismo gaúcho, a discrição mineira. Uma individualismo orgulhoso, triunfante a corroer as esperanças de quem sonha com uma cidade melhor para todos.

Jornal da Eleição

Meu pai, como já disse em outro post foi fotógrafo profissional, formado na "escola da vida" como ele gostava de dizer. Foi um auto-ditada na fotografia.

Também se orgulhava de, nessa condição, ter sido o único a ser, no Brasil, presidente de um sinsdicato de jornalistas, no caso, o Pará.

Mas havia uma coisa que ele mais se orgulhava: a luta pelas causas sociais. Começou ajudando Fundação Pestalozzi do Pará, instituição que trabalha pelos deficientes mentais, que, carinhosamente, atribuiu o nome de sua biblioteca "Emanoel O'de Almeida".

Depois foi para a APAE - Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais, onde ajudou, sem nunca ter sido dirigente da instituição ou ter qualquer filho ou parente direto excepcional ou deficiente mental, por mais de 40 anos. Destaca-se a ampla campanha que liderou pela construção do Centro de Habilitação dos alunos e da piscina e quadra de esportes, que hoje carregam o seu nome.

Foi também fundador da Escola de Cegos do Pará, colaborava com a Fundação Filipo Smaldone, para surdos e mudos, com a Colônia de Prata e Fundação Eunície Weaver, de Hansenianos, dentre tantas outras instituições filantrópicas.

Em 1976 se elegeu vereador em Belém e fez de seu mandato um instrumento de luta para servir aos nossos irmãos que, muitas vezes, além de deficientes, ainda eram necessitados financeiramente.

Passou 20 anos como vereador, até falecer em 1996, ainda nesta condição, vítima de terrível enfermidade.

Neste mesmo ano, meu irmão mais velho, o segundo de uma ninhada de cinco filhos, foi candidato a vereador. Perdeu por pouco mais de 30 votos.

Após 12 anos de espera, volta a ser candidato a vereador, agora com 43 anos, mais experiente, depois de exercer dois mandatos como presdidente da APAE Belém e um mandato como Presidente da Federação Estadual das APAES.

Advogado militante, conseguiu continuar o trabalho de nosso pai, honrando o nosso patronímico, herança de valor imaterial que nosso pai e nossa mãe nos deixaram.

Todos temos orgulho de sua vida de serviço. Temos orgulho da APAE que apresenta um nível de credibilidade da comunidade local de 80% de aprovação, apurados em uma pesquisa de telemarketing que alcançou 350 mil telefones. É um patrimônio que não podemos desprezar.

Agora, com sua canditadura para vereador, busca avançar nas conquistas, buscando no legislativo municipal, o espaço que falta para consolidar o trabalho desenvolvido instituicionalmente.

Para você leitor deste blog, ofereço o seu nome e seu número como uma alternativa para sua decisão de votação nestas eleições.


EMANOEL O' DE ALMEIDA - 15.115

O entorno do conjunto Feliz Lusitânia

Passada quase uma década do incêndio que destruiu parcialmente o prédio onde funcionava a loja Bechara Mattar, o esqueleto do prédio ainda continua de pé e inacabado.

Acreditava-se que as outrora ruínas do edifício seriam demolidas e o espaço aproveitado para alguma coisa que favorecesse a integridade e a harmonia de um recanto reputado por Mário de Andrade como o mais belo do país.

A construção do edifício de 5 andares, sem nenhum valor arquitetônico, se deu num período em que a consciência quanto à preservação deste patrimônio era incipiente, o que nos custou perdas irreparáveis.

Li em algum lugar que a prefeitura iria desapropriá-lo e pô-lo abaixo, mas, ao contrário, atualmente o prédio está sendo recuperado pelo proprietário, indicando que deve brevemente voltar a vender brinquedos e fogos de artifício, como o pequeno anexo, que aleijou o térreo da um casarão vizinho ao solar do Barão do Guajará, sede do Instituto Histórico e Geográfico Paraense.

O prédio do Bechara Mattar não é o único espécime do maltratado centro histórico belenense – vide o espigão do Banco Central em meio aos casarões do Boulevard Castilhos França -, mas pelas dimensões e pela localização, em pleno núcleo original da cidade, cercado por um raro conjunto remanescente contínuo, composto de algumas das nossas mais preciosas jóias arquitetônicas, merece uma atenção especial.

O quarteirão é uma mácula ao cenário que os colonizadores ergueram evocando as cidades portuguesas.

Na época em que a loja Bechara Mattar soterrou o que havia naquela esquina para construir o desastroso edifício, talvez não existissem consciência nem instrumentos legais para impedi-la. O proprietário, portanto, tem seus direitos adquiridos.

Mas se por um lado, em relação à lei vigente, não há como retroagir no direito de intervir negativamente naquele sítio histórico, me pergunto por que, por outro, na se pensou num meio de impedir que, uma vez desativado, o prédio, com aquelas características arquitetônicas em desacordo com a vizinhança, não voltasse a ser utilizado?

Existe pelo menos uma imagem que nos permite visão bastante nítida do casario que compunha aquela quadra nas primeiras décadas do século XX. Reprodução desta fotografia pode ser vista no salão do restaurante Estação Gourmet.

Aparentemente, boa parte seria o prolongamento do prédio vizinho ao IHGP já citado.

Outro seria idêntico ao belo casarão azulejado, solitário sobrevivente do quarteirão.

Cabe agora ao poder público acertar essa conta com a história. Se não há como reconstituir inteiramente o cenário que encantou Mário de Andrade, pode empenhar-se em minimizar os danos à beleza que, todavia, resiste.

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Um sentido para viver...

Passeando pelo orkut de meu sobrinho Gustavo, observei o vídeo abaixo. Estarrecedora a informação de que a cada 18 minutos uma pessoa se suicida nos EUA.
Estarrecedora, porém esclarecedora. A sociedade americana é tão cheia de contrastes quanto a brasileira. Nós reclamamos muito do exercício de nossa cidadania, coisa que por lá eles aparentemente têm de sobra.
Mas lá também é a maior população consumidora de drogas do mundo, lá a desestruturação familiar cobra um alto preço dos seus filhos, lá a venda de armas sem peias dá os instrumentos para que uma vida sem sentido dê cabo do corpo fragilizado por uma alma doente.
Devo dizer que no Brasil já há cidades com alto índice de suicídios. Cidades sem rumo econômico, sem políticas sociais inclusivas, com políticos que só pensam nos ganhos.
Que bom que um grupo de rock levantou o tema. E que bom que tocou no assunto para desestimular os suicidas. Segue a letra traduzida




"Aguente Firme"


Esse mundo, esse mundo é frio
Mas você, você não precisa ir
Você se sente triste, você se sente solitário
E ninguém parece se importar
Tua mãe se foi e teu pai te bate
Essa dor você não pode suportar

Mas todos nós sangramos do mesmo jeito que você
E todos nós passamos pelas mesmas coisas

Agüente firme...se você sente como se não desse mais
Agüente firme...acaba melhorando mais rapido do que você pensa

Teus dias, você diz que eles são muito longos
E as tuas noites, você não consegue pegar no sono de jeito algum
(agüenta aí)
E você não tem certeza do que está esperando.
Mas você não quer saber mais
E você não tem certeza do que está procurando,
mas não quer saber mais

Mas todos nós sangramos do mesmo jeito que você
E todos nós passamos pelas mesmas coisas

Agüente firme...se você sente como se não desse mais
Agüente firme...acaba melhorando mais rapido do que você pensa

Não pare de procurar, você está a um passo de distância
Não pare de buscar, ainda não acabou...

O que você está procurando?
O que você está esperando?
Você sabe o que está fazendo comigo?
Vá em frente...o que você está esperando?

Agüente firme...se você sente como se não desse mais
Agüente firme...acaba melhorando mais rapido do que você pensa

Não pare de procurar, você está a um passo de distância
Não pare de buscar, ainda não acabou...

Agüente firme...se você sente como se não desse mais
Agüente firme...acaba melhorando mais do que você pensa ...

terça-feira, 23 de setembro de 2008

A restauração dos casarões do Boulevard

A Prefeitura resolveu chamar a si a responsabilidade de recuperar prédios do centro histórico de Belém, muito provavelmente por conta do financiamento para este fim que foi oferecido pelo Projeto Monumenta, sobre o qual se depositou as melhores expectativas, mas despertou o interesse de pouquíssimos proprietários de imóveis nessa área.

Soube-se pelos jornais que, na impossibilidade de atender de uma vez a totalidade das edificações, a Prefeitura elegeu para o trabalho os casarões do Boulevard Castilhos França e da rua Leão XIII.

No Boulevard, os operários trabalham em várias fachadas ao lado de uma placa que anuncia o Projeto “Portal das Cores”. Num deles observa-se a aplicação de réplicas de azulejos com um padrão comum a vários outros prédios daquele conjunto, cujo resultado visual de cor e textura faz parecer exatamente aquilo que são – réplicas.

Um outro sobrado, apresentava revestimento azulejado com poucas lacunas. O padrão desses azulejos, com fundo branco e elaborada decoração em azul, se não for único, é raríssimo entre as poucas casas azulejadas remanescentes em Belém. Para este, a decisão dos responsáveis pelo Projeto foi despojá-lo de seus azulejos originais.

Pensei, por algum tempo, acreditando, talvez, que a retirada tivesse fins de restauração e os azulejos seriam recolocados oportunamente. Finalmente constatei que nem os azulejos originais, aparentemente em bom estado, nem réplicas inconvincentes haviam sido aplicadas à fachada. Ela está sendo simplesmente pintada com uma cor diferente das demais casas para compor o tal portal policromático.

O entusiasmo cidadão ao saber que, finalmente, antes que desabassem ou fossem destruídos por um incêndio, veria aquele belo trecho recuperado, virou espanto.

Justamente o poder público, que deveria estabelecer bons critérios para a preservação do malsinado patrimônio histórico da cidade, avaliza uma ação desastrada que beira a delinqüência. O que foi feito dos azulejos retirados?

Será que tiveram o mesmo fim do corrimão da Avenida Presidente Vargas?

Aguarda-se uma resposta da Prefeitura para a questão, já rezando para que a Rua Leão XIII escape das boas intenções do Projeto Portal das Cores.

Os Chalés de Ferro

Belém é uma cidade interessante pela variedade de construções que albergava e alberga, ainda.
Havia alguns chalés de ferro na cidade que foram sendo maltratados e esquecidos.
Dois deles foram desmontados de seus lugares originais e montados em outros lugares: um no Bosque Rodrigues Alves, outro na Universidade Federal do Pará, onde funciona atualmente parte do Núcleo de Meio Ambiente da UFPA, o chamado NUMA. Há até uma pequena história sobre este chalé no site do NUMA:
De origem belga, é o mais expressivo representante no Brasil do sistema construtivo Danly e do modelo de bangalô anglo-indiano, é o único com dois pavimentos totalmente em ferro.
Não se conhece com precisão as circunstâncias de sua aquisição. Sabe-se com segurança, porém que ele chegou a Belém não antes de 1890 e que já se encontrava montado em 1893, ano em que foi colocado à venda.
O chalé serviu de residência à família do Senador Álvaro Adolfo, tendo sido alugado a UFPA entre 1963 e 1972, período em que sediou inicialmente o curso de arquitetura e depois, o serviço de Atividades Musicais. Posteriormente passou a ser propriedade do clube Monte Líbano, que em 1981 o repassou ao arquiteto Euler Arruda, em contrapartida à elaboração de um novo projeto para a sede social do clube.
O arquiteto, também professor da UFPA, num gesto de grande desprendimento e de amor à instituição, doou o chalé à UFPA que providenciou sua desmontagem e seu transporte para remontagem no Campus Universitário.


Havia um terceiro, não mais chalé mas um verdadeiro casarão de ferro no endereço da Imprensa Oficial do Estado, na Avenida Almirante Barroso. Ele é um dos três exemplares deste tipo de edificação em Belém e, tudo indica, ao que coube a pior sorte. Já deve ter passado mais de uma década desde que foi desmontado e, se não nos enganamos, suas peças estavam sob a guarda da mesma UFPA que salvou o chalé do NUMA. Existiriam ainda? Há algum plano para remontá-lo?
Com a palavra a UFPA, ou quem sabe o Ministério Público.

É do Japão!

Na Semana que passou foi comemorada a Semana do Japão, em alusão a presença da Colônia Japonesa em nossas terras. Depois de tantos convites da minha amiga Nívea, e muitas desculpas esfarradas, fui conferir o último dia da festa, que incluía o Bon Odori, uma homenagem aos espíritos dos antepassados, que tradicionalmente é realizado, no Japão, à época de finados. "Bon" significa mortos, e "dori", dança. A celebração teve início com lavradores japoneses, que dançavam para agradecer pelas colheitas abundantes. Mas no Brasil, a característica que a festa ganhou foi de comemoração do aniversário das cidades que a realizam. Foi uma experiência fascinante e acolhedora. Abaixo, fotos do evento (numa delas a minha amiga Nívea comigo) e eu dançando o Bon Odori.





E o corrimão da Avenida Presidente Vargas onde está?

By me e o Guto O'de Almeida

Houve um tempo em que o início da Avenida Presidente Vargas, em Belém, era a beira do rio da cidade e nesta beira havia uma rampa.
Nesta rampa havia um corrimão.
Pois bem, mais da metade do corrimão de uma daquelas escadas que sobem do Boulevard para a Presidente Vargas foi derrubado há mais de um ano. As escadas fazem parte do conjunto que inclui a amurada da praça em frente à Estação das Docas. Um pequeno obelisco registra o ano de 1916 como o da inauguração da rampa, na gestão do prefeito Martins Pinheiro. Segundo moradores da região, a estrutura foi derrubada por um ônibus e, quase dois meses depois, os restos foram recolhidos do local, como entulho, por um caminhão da própria prefeitura. Não soube até o momento de manifestação da administração municipal sobre providências para recuperar o trecho.
Enquanto isso, a cidade vai vivendo sem olhar para trás, não vendo o seu passado, a sua história, a sua cultura se desfazendo...

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

I'm busy

Não prometo nada. Mas para não perder o costume, duas músicas. A primeira da LOVE UNLIMITED, orquestra que era comandada pelo Barry White e que tinha como vocalistas essas moreninhas aí, uma delas então esposa do grande maestro. Infelizmente não consegui o show da Alemanha, onde as moças mostravam o tamanho da unha postiça que usavam (era moda): maior que a do Zé do Caixão! Mas a voz delas era ótima.
A outra música boa de se ouvir é do Lenine: paciência. Estou treinando, inclusive. Aproveitem!



domingo, 21 de setembro de 2008

Música do domingo para relaxar: I've found someone

Dedicada a Carla Mota



It's not everyday
You can find something in your life
That is worth all the money in this world
Happiness

And for the first time in my life
I find it hard for me to express myself
Or the way I feel
It's plain to see why I wanna scream
Makes me wanna holler
Makes me wanna shout
It makes me wanna sing lyrics of love
And joy and happiness

Never thot I'd find someone who'd blow my mind..yea
Like you do
And never thot I'd see the day
That it could be so true yea

Yes I found someone..yea
Someone that I can give my love to
And do all the things I've longed to do
Girl I've found out it's you, it's true
It's true..it's you

Never have I known the kinda love you've shown
In my life
An don't believe its something that I've ever felt
Yes I know why
It's all because I...
I've...I've found someone..yea yea yea
Someone that I can reach out and touch

Your smiling face...it means so much
Girl you'll be the one I need
When things go wrong
I'm gonna need your faith
To keep me strong

Ohhh I don't care, I don't care
I don't care what you do
Gonna take the rest of my life
Taka chance on you

Belém: uma cidade bonita

Nossa cidade foi favorecida por acontecimentos históricos que lhe proporcionaram detalhes em relação a prédios e desenho urbano que, somados, formaram uma bela cidade.
Como a cidade fica praticamente na linha divisória do tratado de tordesilhas, que dividia o mundo entre as terras que seriam de Portugal e Espanha, quando estes estiveram ameaçados pelo poder napoleônico, acabaram por instituir o Reino Ibérico. Com o fim do império ibérico, os dois países decidiram, após muita controvérsia, que valeria o chamado princípio do uti possidetis, segundo o qual se reconhece a soberania de um estado sobre o território livre que ele ocupava ou no qual se encontrava na posse atual e ininterrupta, mansa e pacífica e de boa-fé, com a intenção de o tornar próprio.
Como, a partir de Belém, todo o lado oeste do Brasil era, a princípio da Espanha, nossa cidade torno-se uma localidade estratégica para o avanço do domínio português.
Com isso, o Marquês de Pombal, homem forte da Coroa Portuguesa, manda seu irmão Francisco Mendonça Furtado, governar a Província do Pará, a partir de nossa cidade, com carta branca independente do Governador-Geral do Brasil. Ou seja, o Pará só devia explicações e contas diretamente ao Rei de Portugal.
Com isso, houve um forte investimento na urbanização da cidade neste período, sendo pródiga a construção de prédios públicos, como os que vemos no bairro da Cidade Velha.
Mais tarde, já no final do século XIX, início do século XX, o intendente Antônio Lemos produz uma ampla urbanização da cidade, criando belos espaços de lazer, como as praças da República e Batista Campos, a abertura de ruas e a previsão de expansão da cidade, seja para o lado de Canudos, seja para o lado do bairro do Marco.
O resultado foram bairros belíssimos que foram melhorados, com casas seguindo um estilo uniforme, como o bairro de Nazaré e a plantação de nossas ainda famosas mangueiras.
Agora experimentamos uma tentativa de resgate do nosso passado e a preparação para o futuro.
Sem dúvida, a chegada da Estação das Docas, o Mangal das Garças, o Hangar Centro de Convenções deram os primeiros passos para essa transformação. Há um evidente ganho para a cidade com estes equipamentos comerciais.
Precisamos avançar. Cuidar do que ainda resta de nossas jóias prediais no centro comercial. Precisamos ser criativos e verificar qual é a funcionalidade desses prédios, como podemos desapropriar e dar uma atividade útil que mantenha a higidez do patrimônio tombado.
Em relação as áreas de baixadas, que estão sendo urbanizadas a muito custo, precisamos cuidar de que ela cresça com a tecnicalidade mais eficiente e moderna do urbanismo e saneamento, pois Belém não é só a Belém dos prédios históricos.
Também precisamos cuidar do parcelamento do solo e na divisão equilibrada das atividades comerciais da cidade.
Belém é bonita. Precisamos cuidar das pessoas para que elas aprendam a cuidar da cidade.

sábado, 20 de setembro de 2008

Música para noite: Mal Nenhum

Antes de ver e ouvir a música, conto uma historinha do baú.
Fui locutor de rádio-fm por um breve período de minha vida, em 1986.
Uma experiência e tanto.
Até porque era uma experiência que nem essa do blog: eu era um locutor das minorias. Meu horário era de 01:00 às 05:00 da manhã!(Já disse que às vez me sinto escrevendo para mim mesmo neste espaço)
Bem, muitas vezes começava meu horário por duas músicas: "uniformes" do ainda "Kid Abelha e os Abóboras Selvagens" e "mal nenhum" do Loão em parceria com o Cazuza. Houve um tempo em que o Lobão volta e meia ia preso. Tava puxando uns fumos do condomínio onde morava, denunciavam, e lá ia o cabra pro xaxado. Juntou com o Cazuza, que era outro que tinha espírito libertário (palavra inesquecível que eu passei a usar com frequência a partir de Carla Mota) e deu nisso aí.
Poderia dizer que cantei inconscientemente essa música nas grandes biritadas. Mas hoje já não posso dizer que não posso causar mal nenhum a não ser a mim mesmo. Há gente na dependência da minha existência.
A versão que eu tocava era com o Lobão. A versão do Cazuza calha com o outro post que falava da minha geração 4.0. Eu estava lá no Rock in Rio I, no dia do Barão Vermelho, e assisti ao vivo a execução da música, até então inédita.
Mas vão as duas porque a do Lobão não está muito boa. Bom proveito!



Geração 4.0

Minha geração está chegando aos 40.

Pegamos uma fase entre o nascimento da comunicação de massa por meio de computadores e explosão da mesma por meio da internet e dos celulares.

Minha geração não se iniciava sexualmente con suas colegas de turma (ou pelo menos não na sua maioria). Minha geração namorava mais e por mais tempo. Ainda pegamos o termo "paquerar" ao invés de "ficar" dos dias de hoje.

Dos que foram às drogas, quase todos não passaram dos cigarrinhos baseados sem a transgenia da super-cannabis da atualidade. Salvaram-se...

Vivemos o estertor moribundo da ditadura, o movimento diretas-já, o movimento Tancredo-Presidente, a morte durissimamente sentida do Tancredo, a Constituinte e a promulgação da Constituição de 1988, o Rock in Rio I (quando se dizia que o Nostradamus havia previsto uma grande tragédia no evento), o primeiro sucesso da Madonna e por aí vai.

Minha geração talvez seja a última do idealismo romântico - se é que ele realmente existiu - que foi substituído pelo idealismo de resultados: viver intensamente, viver o hoje, ter sucesso a qualquer preço não importam os meios.

Mas, por ser uma geração de transição, aprendeu a olhar os dois lados, o que ficou para trás e o que se apresenta no Século XXI.

Meus amigos todos de colégio e faculdade, ao contrário da música do Renato Russo, não estão procurando emprego. Estão empregados, estão ocupando seus espaços profissionais, alguns na universidade, outros no serviço público, outros ainda na iniciativa privada. Alguns estão chegando ao poder, digamos assim, ocupando cargos de direção no serviço público. Ainda não temos nenhum político em casas legislativas ou eleito para o Executivo. Não sei se vamos ter.

Tenho orgulho do que foi construído até agora. Tenho orgulho das famílias construídas e dos circulos mantidos, ainda que alguns tenham caído na armadilha do desfazimento de casamentos.

Quero chegar aos oitenta. Se não chegar, onde quer que eu chegue quero olhar para trás e ver que valeu a pena ser dessa geração.

E de preferência com o mesmo corpinho dos 4.0!

Música do dia: bilhetinho azul

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Água: sinal de alerta

O IBGE publica nova edição da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio, que analisa bens e serviços postos à disposição ou que a população possui em seus lares.
O resultado é bastante preocupante para o Pará em relação ao abastecimento de água.

Diz a pesquisa que mais de 50% dos lares paraenses não possui água potável.

E nos lares que possuem, podemos confiar na água? A pesquisa não responde, mas podemos ter algumas pistas.

É normal o cidadão comum da Amazônia dizer que nós nunca teremos problema com a água potável porque os rios são nossa maior riqueza.

Meia verdade.

Evidentemente que a água potável tem relação com o cuidado que temos com a nossa cidade, com as áreas ribeirinhas, com o saneamento básico, com a destinação do lixo.

Em Belém, já é rotina alguns bairros conviverem com a falta d'água durante o período da noite.

Também é fato que temos apenas 20% da cidade é servida com redes de esgoto e menos de 10% com estações de tratamento de esgoto. Como dissemos em outro post, o aterro sanitário de destinação final de lixo fica a 1.400 metros da estação de captação de água que abastece parte da cidade.

Belém tem uma característica importante para observarmos um maior cuidado com o tema: possui muitos canais que cruzam a cidade e recolhem a água servida das residências, desaguando na baia de Guajará ou no rio Guamá.

Sabe-se que a companhia de águas usa grande quantidade de produtos químicos para deixar a água distribuída em nível de potabilidade.

Mais uma vez, estas eleições se tornam importantes para percebermos: quem está falando sobre o tema nos programas eleitorais? Quais são as propostas daqueles que estão se manifestando sobre o assunto?

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Estou ocupado...

Mas ainda hoje sai algum texto e uma música....

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Ora,ora...

Quer dizer que a Merrill Lynch, aquela misto de banco com agência de risco, que dizia qual o país que era bom para investir, qual estava quebrado, qual não era confiável, quebrou? Sei...
Quer dizer que o segundo maior banco dos EUA também quebrou? Ah, tá...
Quer dizer que eles ficavam trocando papéis uns com outros que nem aquele aquele jogo da pirâmide que apareceu tempos atrás onde um grupo de pessoas dava um tanto de cheques para uma pessoa e depois se fazia isso sequencialmente dentro do grupo até que uma pessoa resolveu não aceitar mais o jogo e todos quebraram, juntos? Huhum...
Quer dizer que é esse mercado que se controla sozinho e deixa todo mundo feliz? Ok...

Música da madrugada (depois do quarto expediente): Belle (Al Green)

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Lixo: uma igualdade já alcançada pela Parada Gay.

Quem acordou hoje e teve que entrar na Avenida Visconde de Souza Franco, seguindo pela Avenida Marechal Hermes até a Praça Waldemar Henrique pensava que estava ou nos Estados Unidos, depois dos furacões IKE e GUSTAV, ou no Iraque ou outro país em guerra.
O cenário era devastador.
Havia lixo por toda a extensão dessas vias.
Vendo os telejornais matutinos ficamos devidamente esclarecidos. Não se tratava de obra da natureza, nem de evento de guerra.
Tratou-se da versão belenense da Parada Gay. Segundo a polícia, cerca de 400 mil pessoas entre gays, lésbicas, transgêneros e simpatizantes estiveram presentes.
Tenho certeza que a tônica, além da alegria, foi o discurso da igualdade, do não à discriminação, do sim ao casamento homossexual etc.
Só não deve ter havido nenhum apelo para manter a cidade limpa. Nem como fazer isso.
Jogar aquilo que se consumiu simplesmente na rua e deixar para a Prefeitura recolher não foi politicamente correto.
Aliás, por essa (falta de limpeza) e outra (falta de segurança, sobretudo esta) é que as micaretas nas ruas se acabaram. Transformaram-se em indoors.
Evidentemente que a manifestação da Parada Gay não visa lucro, como as micaretas, mas não custava nada que aqueles que buscam igualdade de direitos também respeitassem o direito, seu e dos outros, de ter uma cidade limpa.
Também a Prefeitura de Belém deveria ter exigido dos patrocinadores do evento, sim porque pela estrutura movimentada este evento não nasceu do nada, deve ter havido lideranças e liderados, que o lixo fosse imediatamente recolhido, com taxas bem cobrados pelo lixo produzido.
Ou será que isso não é cidadania também?
Uma coisa é certa: os participantes da Parada Gay são tão porcalhões quantos os ricos e pobres que frequentam as praias do Atalaia, em Salinas, ou Crispim, em Marapanim, ou ainda de Marudá.
São tão porcalhões como os que frequentam os campos de futebol, as nossas praças, ou jogam objetos pelas janelas dos carros e ônibus nas ruas, ou ainda os que jogam lixo pelas janelas dos edifícios.
Essa igualdade todos os citados já alcançaram.
Vida que segue...

domingo, 14 de setembro de 2008

Música do fim de noite de domingo: the thrill is gone

Vivemos realmente uma liberdade de imprensa?

O embate político está acirrado. As posições políticas também.
Em tempos idos, sempre que uma crise política se abatia, a primeira coisa que se fazia era "empastelar" os jornais, os mais importantes meios de comunicação. Por que isso acontecia?
Porque desde sempre a imprensa brasileira se posicionou politica e partidariamente.
Isso é ruim? Não sei exatamente. Apenas acho que para ser honesta e sincera era preciso que a imprensa dissesse que apóia tal e qual posicionamento político, como é feito, por exemplo nos EUA.
Hoje, o meio de comunicação mais poderoso é a televisão e ainda que ele seja considerado um serviço público, move-se, via-de-regra, por interesses comerciais e políticos. Mas no Brasil querem sempre parecer isentos.
As emissoras não prestam um serviço público eficiente. Não há espaço para assuntos que interessam a coletividade no chamado horário nobre. Assuntos como a destinação do lixo, o trânsito nas cidades, o meio-ambiente, a urbanização, estão em horários antes das sete da manhã ou em canais pay-per-view, quando estão.
No horário nobre, apenas "divertimento": novelas, filmes de ação, jornais que parecem que foram feitos pelas mesmas pessoas em todas as emissoras, tal a igualdade das notícias e do tom de cada uma delas.
Meu pai foi fotógrafo e na sua época haviam os grandes articulistas e jornalistas locais e nacionais. Penso que eles não falavam sobre tudo que queriam livremente. Mas que parece que falavam mais livremente de que como se fala nos dias atuais, apesar de vivermos um amplo momento de liberdade, ah! isso parece.
Considero que hoje há poucos, pouquíssimos, articulistas independentes e os jornalistas experientes foram substituídos por jornalistas "investigativos" bastante jovens.
Mas que papel estes últimos estão cumprindo neste contexto?
Gostaria de perguntar aos jornalistas de hoje, a pergunta que fiz lá em cima, observados os detalhes que me chamam atenção e estão neste post, além de perguntar em que publicação escrita deveríamos acreditar nos dias atuais.

Música do Domingo: Brincar de Viver

Do fundo do baú....

A internet não ajuda os jovens a ler aprendendo

O título deste post poderia via acompanha de um sinal de interrogação. Não veio justamente porque já cheguei a conclusão que a internet não ajuda os jovens a ler aprendendo.
Para quem tem filhos na adolescência ou idade escolar no ensino médio sabe do que estou falando.
A internet nasceu como uma ferramenta que parecia ser salvadora de uma deficiência mundial em relação a educação e a cultura.
Mas a internet tem sido uma ferramenta de informação, não necessariamente de educação.
Tenho para mim que a internet não substitui o livro porque a internet não é um instrumento de concentração profunda, pelo menos para os jovens em formação. A internet é o fast food da informação.
O número 138, de setembro de 2008, da revista Caros Amigos, nos traz um texto primoroso da escritora Ana Miranda, autora de Desmundo, livro que se tornou filme nacional, cujo título é AUSÊNCIA DO LIVRO.
Ana Miranda cita Maria, personagem fictício da cena brasileira, estudante, que gosta de ler, mas não lê; que ouve os pais e professores dizerem da importância da leitura de um livro, mas mesmo assim não lê. Alguns ela até leu, mas foram os mais fáceis. A Maria de Ana Miranda tem dezessete anos, vai fazer vestibular, entende as matérias, mas erra nas respostas porque não sabe ler o enuniciado. Não sabe ler o que encontra no computador, apenas copia e cola. Não saber ler nem mesmo aquilo que escreveu. Não sabe escrever uma redação.
A Maria, como nossos filhos e sobrinhos, é da geração internet. Diz naum, blz, bom FDS e por aí vai. Desaprendem a lingua oficial e criam uma própria, um universo paralelo que de nada vai lhe servir.
A internet poderia ser um dos instrumentos de aprendizagem do ser humano. E até deve ser em algum lugar desse país e desse mundo.
Sou professor universitário licenciado e posso afirmar que essa Maria de 17 anos da Ana Miranda se reproduz nas faculdades.
A grande maioria dos estudantes colegiais e universitários não entende o comando de uma questão de prova. Não entende o que escrevem porque recortam e colam textos da internet em profusão. Isso é muito grave porque eles continuam chegando à universidade, vão se graduar e vão continuar não entendendo muito bem o que lêem.
Estaremos criando um exército de meio profissionais. De profissionais fast food.
O esforço do governo na compra e distribuição de livros, deve vir acompanhado de uma mudança de atitude das escolas e dos pais. Há que se encontrar um caminho para minimizar os efeitos que um instrumento libertário como a internet não se torne um instrumento de alienação dos jovens em idade de formação de personalidade.
Meu testemunho sobre a leitura na internet é que é difícil ficar nela (internet) por muito tempo, sem prejudicar os olhos, que começam a arder, e a cabeça, que começa a doer. Assim como nunca sabemos a cadeira e posição ideais para ler no computador.
Por fim, acho que nada substitui um bom livro e também uma boa visita a uma biblioteca.
Mas quantos de nós programamos passeios a uma biblioteca nos fins de semana?
De uma coisa eu sei, a internet não está ajudando o jovens a ler aprendendo.

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Música do dia: Sou você

Políticas Públicas: problemas na implementação.

Temos assistido nos tele-jornais, o relato de como está a implementação de políticas públicos pelo Governo Federal.
O chamado Plano de Acelaração do Crescimento - PAC prevê uma atuação coordenada e sistematizada de diversos programas de governo que buscam o atingimento de demandas há muito esquecidas. E falo aqui não como um aliado deste governo federal que está em curso, mas como um humilde analista da conjuntura cotidiano.
O chamado PAC urbano encontra, por exemplo, dificuldades de implementação porque a falta, por décadas, de investimento nas áreas de urbanismo e saneamento fizeram com que jovens potencialmente vocacionados para as profissões de arquiteto, no viés urbanista, e engenheiro sanitário fossem desprezadas em detrimento, p. ex., dos cursos de direito e da área médica.
O resultado é que muitos projetos contemplados pelo PAC urbano encontram-se atrasados porque não há profissionais disponíveis, no Brasil, para dar conta da elaboração dos projetos básicos (para quem conhece a nomenclatura não estamos falando de projetos de execução, mas tão somente do início do processo que desaguará na implementação dos referidos projetos).
Penso que a estrutura governamental não estava preparada para um projeto de tão largo alcance. Não há nenhum órgão do Executivo com servidores suficientes para prover as execuções previstas.
Há que se ter um esforço enorme de articulação entre os diversos ministérios envolvidos para que o objetivo seja alcançado.
Ocorre que nos dias atuais, aqui e ali não encontramos a adequada articulação, seja pela falta de servidores, seja pela competência e atuação compartimentada dos ministérios, seja pelo próprio peso da burocracia estatal, que não deixa que o Estado seja tão ágil quanto necessário.
O desafio que se apresenta, além da própria consecução dos projetos, é fazer com que a implementação de políticas públicas, com alto grau de interesse para a sociedade brasileira, não se torne uma armadilha para o próprio Estado, com a criação de possíveis esqueletos institucionais que deságuem no judiciário.

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Música do dia: Jealous Guy

Não às catações....

Lixo na cidade: Quem vai cuidar?

Belém, por muito tempo, tratou a questão do recolhimento e destinação do lixo de forma improvisada.
Primeiro, não avaliou o futuro da cidade e instalou uma usina de incineração de lixo em área próxima aos bairros centrais da cidade, fato que fez nascer até um bairro com o sugestivo nome de Cremação. Tal usina só foi desativada na década de 80.
Depois, fez com que o problema fosse empurrado para outro município, Ananindeua, adjacente a Belém e hoje uma espécie de cidade dormitório da capital do Estado, instalando o outrora chamado Lixão do Aurá às margens lago de mesmo nome que se comunica com o rio Guamá.
Na década de 90, o caso do lixo era tão grave que por um bom tempo foi proibida a entrada de pessoas e pesquisadores na área do lixão. Havia estudo feito por professores e alunos da UFPA, mas os dados tinham de ser coletados em verdadeiras aventuras, com o pessoal indo em pequenos barcos pelo rio até o lago Aurá, colhendo amostras de água para análise de contaminação.
Aliás, a companhia de águas do governo do Estado faz a captação de água que serve boa parte da cidade a cerca de 1.400 metros do lixão do Aurá.
Ainda no final da década de 90, houve uma tentativa, por parte do município de Belém, de se gerir de forma mais profissional a questão do lixo.
Houve investimento do governo federal e viu-se pela cidade a distribuição de containers pequenos, médios e grandes para os domicílios individuais e condomínios visando estabelecer uma única metodologia de coleta. Espalhou-se pela cidade postos de coleta voluntária, na modalidade seletiva, instalou-se um serviço de coleta específica para hospitais e também de coleta de lixo em áreas de difícil acesso, como as baixadas da cidade.
Chegamos agora na primeira década dos anos 2000. Sumiram os postos de coleta voluntária, os containers indiviuais não foram substituídos e não se tem notícia de como anda o agora aterro sanitário do Aurá, nem como ficaram os estudos para se instalar um novo local de destinação do lixo doméstico, bem como se há um monitoramento das águas próximas ao aterro sanitário.
A bem da verdade, é preciso e necessário que essas informações sejam repassadas de forma obrigatória para o conjunto da sociedade local.
Ainda não vi em nenhum programa dos candidatos, a simples menção ao tema.
Já há, em diversas capitais brasileiras, projetos instalados de venda do gás metano dos aterros sanitários. Em Belém, o assunto é tratado quase como sigiloso.
É hora da sociedade civil cobrar informações e ações sobre o tema.
Esse problema é potencialmente grave para a saúde pública da região metropolitana de Belém.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Música do dia: Everytime - Simple Plan

Desculpem, estou pop-rock romântico:

Mangueiras: árvores inadequadas para Belém?

Ouvi dizer que saiu um estudo afirmando que as mangueiras são inadequadas para Belém.
As mangueiras, hoje centenárias, plantadas em parte de nossa cidade, foram idéia do então intendente Antônio Lemos.

Devo dizer que a notícia não é nova. Ainda em 2003, quando finalizava a minha dissertação de mestrado, encontrava num clipping da UFPA, a seguinte notícia:

No aniversário do Museu Paraense Emílio Goeldi, Belém ganha um presente que promete contribuir para diversificar a paisagem árborea da cidade paraense - o Horto Botânico Jacques Huber. O Horto é produto do projeto “Seleção de espécies arbóreas ornamentais para produção de mudas para arborização urbana adequada à rede elétrica no Estado do Pará”, resultante da parceria do Museu Goeldi, Rede Celpa e Fundação Instituto para o Desenvolvimento da Amazônia (Fidesa). O projeto pretende melhorar a arborização da capital e de outras cidades do Estado do Pará.
O Horto Botânico, funcionando desde abril deste ano, será inaugurado oficialmente hoje, no Campus de Pesquisa do Museu Goeldi, como parte da programação comemorativa dos 137 anos da instituição. O projeto “Seleção de espécies arbóreas ornamentais” vai produzir mais de 10 mil mudas de espécies adequadas ao espaço urbano, considerando sobretudo à rede elétrica. O plantio das novas árvores também será monitorado pelos técnicos formados no projeto para evitar a degradação estética e danos ao patrimônio da cidade.

Além da criação do Horto Jacques Huber, o projeto visa capacitar estudantes de nível superior, professores do nível médio, funcionários de empresas privadas e das prefeituras na produção de mudas e gerenciamento de unidades de produção. Ainda relacionado ao envolvimento da comunidade paraense com a melhoria ambiental das cidades, a parceria do Museu Goeldi e Rede Celpa também pretende desenvolver atividades de educação ambiental direcionadas a estudantes e a comunidade, tendo como “sala de aula” o próprio horto.

Arborização - Segundo levantamento prévio, Belém tem aproximadamente duas mil árvores, sendo estas em sua maioria mangueiras, acácias e castanholas. O dado curioso sobre a capital paraense é que cerca de 96% das espécies catalogadas não são originárias da Amazônia. Além disso, segundo a avaliação dos pesquisadores do projeto, as árvores que compõem a paisagem de Belém podem ser classificadas como inadequadas de acordo com critérios botânicos que relacionam as condições da planta com o meio ambiente urbano, bem-estar da população e custo para conservação e manutenção dessas espécies.

No Horto Botânico do Museu Goeldi, estão sendo produzidas mudas de 15 espécies consideradas adequadas ao perfil urbano de Belém e que serão distribuídas, pela Rede Celpa, às prefeituras. Entre as espécies selecionadas para compor a nova arborização de Belém, Rafael Salomão (botânico do Museu Goeldi e coordenador do Projeto) destaca árvores frondosas como a Mamorana (Pachyra aquatica), própria das áreas de várzea, a Andirá Uchi, a Aroreira e o Ipê do Cerrado, o Pau Preto e a Moringa, originária do Nordeste. O projeto tem duração prevista para três anos e segundo relatório parcial já produziu mais de sete mil mudas.


Percebam que a notícia tratava de uma parceria entre a empresa distribuidora de energia elétrica no Pará e instituições de pesquisa e ensino de Belém para adequar a arborização da cidade à rede distribuidora de energia elétrica.

Quando plantadas, não existiam praticamente carros na cidade, tampouco havia energia elétrica gerada em massa como temos nos dias atuais.

Mas, depois de tanto tempo, e Belém sendo chamada (dizem os paraibanos injustamente porque João Pessoa é que seria a que deveria ganhar o adjetivo) de cidades das mangueiras, elas tornaram-se inadequadas para a cidade.

Mesmo não tendo acesso aos estudos feitos, arvoro-me (sem trocadilho) a dizer que inadequados são os métodos e a maneira de gestão das áreas verdes e arborização da cidade, bem como a forma como se administra a instalação e manutenção da rede de energia elétrica em Belém.

Como disse num outro post em agosto, Belém perde 27 bosques Rodrigues Alves por ano em desmatamento de áreas verdes em Belém, agora também em florestas urbanas.

Evidentemente que Belém já foi uma floresta, e floresta equatorial. Assim, suas árvores típicas eram o Mogno, a samaúma e tantas outras frodosas árvores. A mangueira além de frondosa, é frutífera, dá sombra em abundância, enfim, é bela e charmosa.

Como dizia o texto da matéria acima, das 2.000 árvores da cidade, a maioria não era de árvores nativas da região, além de que as mangueiras já não eram a maioria

Se elas são inadequadas, mais inadequadas são uns tais de "ficus" que têm sido plantados em substituição de mangueiras, muitas vezes porque a mangueira atrapalha a entrada da garagem de uma casa, prédio, ou comércio. Tal árvore não é frondosa, não dá frutos e nem bonita é.

Se inadequadas são as mangueiras, mais inadequadas ainda são as podas feitas em formato de "v" apenas para contemplar os fios que passam por entre as árvores.

Já disse em outra oportunidade, se pagamos tão caro uma taxa de iluminação pública por que não fazemos um plano de tornar subterrânea as fiações elétricas, telefônicas, de fibra ótica, enfim, tudo o que está colocado nos postes da cidade.

Manter as mangueiras é fundamental, além de aceitar também o resultado do estudo acima e do estudo que vier.

Melhorar a gestão ambiental da cidade é imprescindível.

domingo, 7 de setembro de 2008

Música do fim de noite de domingo

Depois do fim de semana que passei, só cantarolando essa mesmo...

Geração de Emprego X Urbanização da Cidade

Mote de campanhas eleitorais, a geração de emprego sempre é lembrada como uma coisa boa para o cidadão e para a cidade.
Determinadas atividades que geram renda em um dado momento, porém, se a demanda for grande e não houver um acompanhamento pelo Estado, podem se tornar armidilhas para as cidades.
Vejamos o caso da construção civil.
Em cidades com alto índice de verticalização de unidades de moradia, a construção de prédios residenciais tem sido o que se apresenta como alternativa para a falta de expansão horizontal.
Em Belém, bairros como Umarizal, Batista Campos e até mesmo São Brás e Jurunas estão sendo alvos de construção de prédios residenciais acima de 30 andares e implantação de centro comerciais (shoppings) em áreas de pouca alternativa de fluxo e refluxo de automóveis e pessoas.
A geração de emprego da construção civil demora entre 18 e 48 meses de uma maneira geral.
Após isso, sobra o resultado da construção: o prédio físico construído em atividade que atrai mazelas como o engarrafamento de trânsito, ambulantes, flanelinhas, etc. E muitas vezes o desemprego daquele que trabalhou na construção, se o mercado não se mantiver aquecido ou o ciclo da economia não estiver propício para manter os postos de trabalho em aberto.
No momento, em quase todo Brasil, falta mão-de-obra para a construção civil.
Mas, os que estão empregados e construindo prédios que tumultuarão a cidade e as suas próprias vidas sabem o que estão fazendo? Evidentemente que a pessoa de baixa renda, que muitas vezes buscam o seu primeiro emprego, não sabem que podem ser instrumento de desorganização e balburdia da cidade. O que lhes interessa é a sobrevivência, sua e de seus filhos.
Resta então ao Estado, prefeituras sobretudo, balizar a atividade da construção civil, estruturando a legislação decorrente da Constituição e do Estatuto das Cidades, principalmente o observando o Estudo de Impacto de Vizinhança e lei de parcelamento de solo.
De outra parte, é necessário aproveitar este tempo de bonança na construção civil e capacitar os operários para que possam ter novas atividades, se o tempo virtuoso se for.

Música do Domingo: para quem chegou, marcou e partiu rapidamente

deixando saudades...


sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Madonna: fim do sonho

Eu e mais todo o povo que acompanha o Círio de Nazaré(para quem não é de Belém e quer entender a gíria local clique aqui e veja a foto), gostamos da Madonna. Considero-a uma camaleoa que atravessou décadas adaptando-se aos ritmos que foram se transformando. A primeira vez que ouvi a Madonna foi em 1983. Já se vão 25 anos...
Este ano tencionava ver a dita cuja ao vivo.
Mas no meio do caminho tinha uma galera que queria ver também. Os ingressos para o show do RJ, local escolhido para a missão, começaram a vender pela internet à meia-noite do dia 1º de setembro e se esgotaram lá pelas 13:00 h do mesmo dia.
Tentamos, eu e os missionários amigos, insistir pela internet, mas após o primeiro e segundo passos, o computador travava que nem reza braba liberava.
Soube que nas bilheterias, cada comprador podia adquirir até seis ingressos. Seis? Não era muito não? Se não era muito, por que logo depois da notícia do esgotamento, já havia notícia de que o ingresso mais caro, originalmente de 600 pilas, já estava sendo vendido a dois mil reais?
Fãs de Madonna, uní-vos! Pela igualdade de direitos na compra de ingressos! Bom, acho que isso não vai funcionar.
E o projeto Madonna foi-se...
A última vez que a Madonna veio ao Brasil foi em 1993, quinze anos atrás. Se ele voltar daqui a 15 anos, será que ela terá o mesmo pique dos seus recém completados 50anos? Ou os joelhos já não aguentarão?
De qualquer modo acho que nem eu terei mais pique para ir atrás de assitir a Madoona.

Música da sexta-feira: Soldado da Paz

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Brasil contra a Violência

Esta semana, desde terça-feira, 02 de setembro, até sexta, 05 de setembro, estou em Brasília para, dentre outras coisas, participar da Conferência "Brasil contra a Violência: superação da violência e promoção da cultura da paz."
O evento é uma realização do Conselho Federal da OAB em parceria com o Ministério da Justiça, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB e a Associação dos Juízes Federais - AJUFE. Para ver o site do evento clique aqui.

A idéia da conferência é "reunir todos os segmentos que compõem a sociedade civil organizada e o Poder Público para debater questões que envolvam violência e criminalidade no Brasil". O resulta previsto é a sugestão ao Governo Federal de políticas sociais eficientes.

Sou delegado do Conselho Federal da OAB na conferência, como membro da Comissão Nacional de Advocacia Pública.

Nós que estamos a falar do urbanismo neste blog, devemos analisar o quadripé do urbanismo e ver no que ele se relaciona com a violência urbana, e até mesmo com a violência no campo: trabalho, habitação, circulação e lazer.

Uma vida sem trabalho, sem emprego, sem uma ocupação evidentemente que leva à criminalidade e à violência. Uma pessoa sem emprego é uma pessoa com fome, excluída socialmente, uma pessoa que pode ser violenta.

Da mesma forma, uma pessoa sem habitação, possivelmente uma pessoa desempregada, é também uma pessoa sedenta do suprimento de suas necessidades mais primitivas, que por isso mesmo, atiça os seus instintos mais primitivos,que geram violência.

A má circulação nas cidades, a falta de planejamento urbano e fiscalização da circulação de pessoas, automóveis, bicicletas, levam à violência. Não é à tôa que a violência no trânsito, no país, é caso de calamidade e saúde públicas.

Por fim, o lazer. Já falamos aqui neste blog que o esporte, as áreas de lazer e contemplação são elementos que podem diminuir a violência nas cidades, violência que sufoca e angustia a todos.

Ou seja, uma cidade urbanizada, regularizada, que contemple os princípios do urbanismo, é instrumento de paz.

Meu papel nesta conferência, além de ouvir muito os interessantes tesmunhos de Ministros de Estado, acadêmicos, membros da sociedade civil, é contribuir com sugestões para aplacar a violência que campeia no país.

Devo fazer o registro do painel do Ministro Patrus Ananias, ministro de Estado do Desenvolvimento Social, talvez, hoje, o melhor quadro do atual governo federal, que se mostrou além de sensível, honesto e sincero.

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

A História das Coisas

Recebi interessante e-mail dando conta de um site www.storyofstuff.com que trata de esclarecer as pessoas sobre a maneira de viver do mundo hoje em dia e sobre como essa maneira vai nos levar a inviabilidade do planeta. O vídeo abaixo vale a pena conferir.Voltado para a comunidade americana, serve para entendermos porque os países do chamado terceiro mundo são países de apoio aos desenvolvidos.