terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Tecnologia, humanidade e natureza: qual é o plano B?

O caso da tragédia natural, que se tornou uma tragédia humana, em Santa Catarina, ainda nos emociona.
Agora que a chuva passou mais, as águas do rio Itajaí baixaram, restou o lixo, a água contaminada, a falta de energia, estradas bloqueadas que ainda vão levar quase um mês para serem liberadas. Sobrou a balbúrdia urbana.
Blumenau e até as outras cidades atingidas pelo evento extremo não são cidades caóticas, por assim dizer, do ponto de vista urbano. Blumenau, por exemplo, tem menos de 400 mil habitantes e para quem a conhece sabe que é uma cidade minimamente organizada.
Mas, como já disse em outro post, como toda cidade que possui morros e rio (este inclusive que lhe atravessa o território) a população busca essas áreas para morar, por falta de oportunidade melhor (os pobres) ou porque são as áreas mais nobres da cidade (ricos)
O ser humano, desde tempos imemoriais, transforma suas edificações em sinônimo de poder. Assim foram os palácios, tumbas e monumentos dos faraós egípcios, assim foram as catedrais da idade média, assim são os prédios imensos na China, em Dubai e em outros pontos do mundo.
Também desde que descobriu o combustível fóssil e a energia elétrica avança tecnologicamente para afastar o fazer humano manual para o fazer da máquina que substituiu o homem.
Assim, há processos que estão sendo diminuídos e até se pretendem extinguir, como o armazenamento de documentos em papel, de informações em arquivos físicos, substituídos que estão sendo por arquivos virtuais.
Há outros processos industriais e comerciais que teimam em não serem observados com mais acuidade que só fazem aumentar a escala de produção de lixo no mundo. Observe um sanduíche da Macdonald's ou uma simples compra que você faz num shopping center e veja quantas embalagens de papel e plástico são usadas e quanto tempo elas ficam nas suas mãos para em pouco tempo virarem lixo. Agora imagine onde está sendo depositado todo esse lixo e faça um exercício de inteligência se nós temos capacidade de dar conta de limpar o mundo inteiro desse aparentemente inofensivo lixo.
Acontece que a natureza não tem sido consultada sobre a marcha tecnológica e tem respondido de forma agressiva ao que os humanos têm feito a ela.
Quando ocorre um evento extremo como este de SC ou aqueloutro de Nova Orleans nos EUA, as pessoas momentaneamente refletem sobre a sua pequenez diante da natureza. Castelos desmoronam, a informática não nos serve para nada porque não há energia elétrica, percebemos os efeitos do inofensivo lixo e de nossas estruturas municipais desurbanizadas sobre a nossa frágil existência com o surgimento ou aumento de doenças infecto-contagiosas.
E me pergunto: qual é o plano B se toda a tecnologia falhar? qual é o plano B se não conseguirmos barrar a escalada da produção do lixo e destruição da natureza? como as pessoas descerão de seus castelos de alturas inimagináveis se não houver energia elétrica para isso? Como provaremos se estamos vivos e somos cidadãos e proprietários de nossas casas, se os arquivos todos forem virtuais e não houver como acessá-los?
Quem souber que responda. O que eu sei é que o tempo não pára e os movimentos para se pensar um plano B estão, no mínimo, bem atrasados.