Em outros posts tenho tratado da questão da circulação de carros e pessoas na cidade de Belém e da grande corrida imobiliária que agora se apresenta, sobretudo no bairro do Umarizal.
Mais uma vez me reporto ao bairro do Umarizal, agora para tratar de dois shoppings centers que estão previstos para saírem nos próximos dois anos no bairro.
Sempre imaginei que grandes shoppings são oportunidade de o município poder abrir novas frentes comerciais, com repercussão exatamente na circulação de pessoas e automóveis, dando oportunidade também de geração de emprego em lugares mais afastados, o que possibilitaria que moradores dessas localidades trabalhassem mais próximo de casa, não sobrecarregando o transporte público para áreas comerciais já consolidadas.
Não foi o que ocorreu em Belém nas duas primeiras experiências de shoppings centers.
O primeiro surgiu numa área comercial consolidada, que foi a confluências dos bairros do Comércio, Cidade Velha e Batista Campos, e o segundo surgiu às margens da BR-316, no chamado entroncamento entre os municípios de Ananindeua e Belém.
Em ambos os casos, as áreas já eram extremamente adensadas populacionalmente e com poucas opções de vias de acesso, sendo que o trânsito, antes mesmo de eles serem lançados, já não era exatamente tranquilo.
O surgimento de shoppings em áreas adensadas e residenciais, faz com que se transforme a característica do entorno dos empreendimentos, aparecendo satélites comerciais em volta deles, bem como atividades informais, como barracas de lanches e comidas típicas, ambulantes etc. Sem falar no chamariz que se dá para a prática de furtos e assaltos.
Não precisa ser muito inteligente para perceber isso.
No caso do shopping da BR-316, o problema hoje se apresenta tão complexo, que o Poder Público terá que intervir para construir, com dinheiro público, uma moderna passarela, que constará inclusive de escadas rolantes, e talvez esteiras rolantes, que alcance de um lado a outro da BR.
Como já referi anteriormente, o bairro do Umarizal não estava previsto como área de expansão comercial.
Um dos shoppings surgirá na famosa Avenida Visconde de Souza Franco, mais conhecida como Doca de Souza Franco. Ele ficará entre o bairro do Reduto e o Umarizal. Trata-se de área predominantemente residencial, cujo entorno terá três ruas de pequeno porte e uma avenida que, do lado da frente do shopping, possui um canteiro central, que diminui a sua área de rodagem.
Se percebemos que mais adiante, um grande supermercado já congestiona parte da avenida, podemos imaginar quando um shopping que pretende instalar mais de 200 (duzentas) lojas, sendo 4 (quatro) delas megastores, como está anunciado, o que vai acontecer.
O segundo shopping surgirá a cerca de 1.000 (mil) metros do primeiro e da mesma forma será instalado em área predominantemente residencial apesar de já estarem presentes a dois quarteirões de distância, uma faculdade de médio porte, um banco e a sede do SEBRAE.
Além da pouca distância entre um e outro shopping, o que será do entorno deles quando estiverem em funcionamento? Como será a circulação e o estacionamento dentro e fora deles? O primeiro já anunciou que terá vagas, rotativas, para 2.000 (dois mil) carros. Elas serão suficientes?
Além da proximidade e da inadequação da área de instalação, por ser residencial, eles ainda serão bem próximos do centro comercial tradicional de Belém, o que obrigará que pessoas de baixa renda, que trabalharão nas suas instalações, desloquem-se de suas residências na periferia, sobrecarregando ainda mais o transporte público, centralizando cada vez mais as linhas de ônibus.
É assim que se planeja uma cidade?
terça-feira, 5 de agosto de 2008
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Um comentário:
Mauro, vejo como inevitável a criação destes shoppings nas áreas centrais da cidade.
De fato, este é mais um exemplo que a cidade de Belém não se planeja para seu crescimento. Ou, se há planejamento, há lobbies e influências que permitem "modificações" no plano original.
Ouço falar, que há proibição de construir prédios na área antiga do Reduto. É bom que continue assim, para não se impedir de vez um pouco da entrada de ar na cidade que vem da baía. Caso contrário, o ar agradável vai ser privilégio de quem mora no alto dos prédios.
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