domingo, 31 de agosto de 2008

Marketing político e sinceridade combinam?

Estamos em pleno período eleitoral, com programas eleitorais gratuitos no rádio e tv acontecendo diariamente.
Chama atenção o formato dos programas, um tanto desgastados, mantendo a linha "no meu governo, empregarei milhões de reais na instalação de novos postos de saúde". "Eleito, melhorarei o transporte público como nunca foi feito antes", e por aí vai.
No Estado democrático de direito que vivemos, não há nada que possa ser feito se não houver lei prévia autorizando. Assim, quando um candidato diz que vai empregar milhões em alguma ação governamental, ele precisa saber se vai ter dinheiro disponível para assim agir.
Se já tivéssemos um nível de esclarecimento ou educacional cidadão, a grande massa da população saberia que o primeiro ano de mandato do governante ainda transcorre sob a influência da lei orçamentária do governante que saiu. Assim, o emprego de recursos do novo governo será uma "herança" do velho governo, muitas das vezes de visão política completamente divergente do novel.
Alguém aí já ouviu um candidato a prefeito dizer que no governo dele vai "tentar" empregar os milhões que promete? Ou dizer "vou fazer o possível, mesmo usando um orçamento que não fui eu que elaborei, para melhorar o atendimento nos postos de saúde" ou "reformar tanto quanto possível, as escolas municipais".
Conversando certa feita com um especialista em marketing político ele me disse que a população não aceita "vou tentar", "vou fazer o possível". Isso seria uma demonstração de fraqueza e o povo exige pessoas decididas. Será que é assim mesmo?
Será que o marketing político não aceita a sinceridade e a verdade?
Da mesma forma, vejo candidatos a vereador falarem como se fossem candidatos a prefeito. Alguém já falou para eles de "princípio da separação de poderes" e que o legislativo não executa, mas sim fiscaliza e legisla o e para executivo operar os possíveis benefícios da governança?
Muitos candidatos a vereador,no passado, que tinham ascendêcia no grupo social da qual faziam parte, conseguiram chegar à Câmara Municipal, mas a decepção e a frustração era tão grande por não conseguirem fazer alguma coisa que acabavam sendo vereadores de um mandato só e, pior, acabavam desmoralizados perante a comunidade que faziam parte não mais influenciando ou tendo participação ativa como agente social privado.
Não sei, posso ser muito idealista, mas se fosse marqueteiro político tentaria uma só vez ser honesto e sincero com a população e falar das dificuldades em ser vereador ou prefeito.
Espero que um dia alcancemos um nível de organização que as pessoas tenham a liberdade de escolha consciente e não a da fantasia do eu faço e aconteço.

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