sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Canais: esgotos a céu aberto

Estou em Maceió. Antes passei por Salvador e Aracaju.
Em todas capitais uma coisa me chamou a atenção: todos os canais que cruzam a cidade são fétidos, assim como são os canais de Belém.
Em todas as capitais, os canais deságuam nas praias. Em Salvador, a prefeitura cobriu alguns canais, colocando um passeio onde seria a "boca" do canal.
Os canais, como o nome aponta, canalizam, recolhem os esgotos domésticos e industriais para fins de disposição final.
Eles são parte de uma política de saneamento ambiental, usada até hoje de forma distorcida. Explico.
É que não tem havido construções de estações de tratamento de esgoto intermediárias entre o recolhimento das águas servidas e a disposição final nos rios e mares.
Assim, o esgoto é recolhido e despejado in natura nos cursos d'água.
O caso de Salvador é surreal. É o típico caso de se colocar a sujeira para debaixo do tapete. A imundície continua lá, fedorenta e agressiva à saúde, mas o que os olhos não vêem e sentem, o coração não vê...
Em Belém, há estudos preliminares sobre a água de que estamos com índices de mercúrio, cromo, nitrato de prata e cadímio, todos elementos cancerígenos, na beira-rio, sobretudo na região do cais do porto e Avenida Bernardo Sayão, acima do tolerado pela Organização Mundial de Saúde.
Em comum nos dois casos, a presença de canais que despejam esgoto nas suas proximidades.
É mais grave o caso de Belém porque estamos à beira de uma baía e rio de água doce, onde parte da captação de água que abastece a cidade é retirada deles.
Seria cômico, se não fosse trágico e aterrador, estarmos tão próximo da água doce e não podermos utilizá-la.
As paredes da casa estão apresentando rachaduras. Deixaremos a casa cair?

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