sexta-feira, 24 de outubro de 2008

A questão da migração nas cidades

O Estado do Pará e a Amazônia, de uma maneira geral, foram destinos de migrantes do Brasil.
No século passado, mais acentuadamente, a abertura das Belém-Brasília e Transamazônica com os consequentes projetos de incentivo a lavoura e a pecuária, fizeram com que diversas famílias do sul e sudeste do país migrassem para o sul, sudeste e sudoeste do Pará. Era o tempo do "Integrar para não Entregar".
Mais recentemente, os fenômenos dos projetos de mineração tem trazido mais e mais migrantes, agora do nordeste, sobretudo do Maranhão para o nosso Estado.
Em paralelo (só posso atribuir ao baixo índice de desenvolvimento humano e a falta de oportunidade de emprego), mais pessoas do vizinho Maranhão vem para a capital do Estado, seja para se empregar como doméstica em casas de família, seja para trabalharem no comércio, seja ainda para trabalharem como ambulantes em nossas ruas.
Uma característica vinda junto com a migração para o interior é que o Estado do Pará é um dos poucos estados da nação com mais homens do que mulheres em sua composição demográfica. Estima-se que tenhamos 500 mil homens a mais do que mulheres. Explica-se na migração para o Pará que primeiro vem o homem tentar a sorte, depois, em dando certa a investida, vem a mulher.
Na capital isso não se confirma, mas já há tantos maranhenses em Belém que, minha secretária, maranhense de Cururupu teve uma oferta de viagem gratuita para a sua cidade natal para que fosse votar. Organizaram-se vários ônibus para levar os maranhenses para exercer o direito de voto. Quanto a esmola é muita o santo desconfia.
Mas, qual são as consequências para uma cidade com alto fluxo migratório.
Ora, se é dificil planejar uma cidade com ausência de controle de natalidade, imagine-se quando "nasce" população, jovem e adulta, pronta para trabalhar, estudar, comer, precisando de médicos, prcisando de abrigo ou...pronta para delinquir.
Diz-se que Jânio Quadros, quando prefeito de São Paulo, montou um posto da prefeitura no terminal rodoviário mais movimentado da cidade que oferecia passagem de volta para o migrante.
No Brasil, nunca se pensou no fluxo migratório interno, a não ser para povoar sem cumprir as promessas do tempo do "integrar...".
Com isso, e com os efeitos colaterais do migração, sobretudo a auência de oportunidades para todos que redunda em violência urbana, normalmente, criou-se uma espécie de xenofobia migratória, de ambos lados, seja de quem migra, seja de quem é da terra.
Por isso que por aqui se diz que o Pará leva a fama, mas os pistoleiros são todos de fora do estado, vide Caso Doroty Stang, onde vítima, mandante, intermediário, executor e ajudante não eram paraenses.
Xenofobias à parte, cidades antes inexistentes caminham para um crescimento exponencial pela falta de planejamento governamental, nas três esferas (federal, estadual, municipal), quando não se prevê o deslocamento humano quando é instalado um projeto mineralógico ou hidrelétrico de grande porte.
Daí que as empresas constroem seus empreedimentos, auferem seus lucros, mas quem paga a conta do fluxo migratório é o município e a cidade, vide casos de Juruti e Canaã de Carajás, ambos no Pará.
Só uma atuação concertada dos governos salva-nos do caos.

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