Todo fim eleição, a pauta jornalística já está pronta: é hora de avaliar a nova estruturação das forças políticas no Brasil.
Aí desaparecem os candidatos e aparecem os partidos. PMDB elegeu 1.200 e tantos prefeitos, depois o PT, depois o PSDB que perdeu quase duzentos prefeitos e por aí vai.
E, falando em eleição, é só quando ouvimos falar em partido. A representação político-partidária no Brasil simplesmente não existe. O que existe é um pragmatismo político onde o que conta para o prefeito é onde ele vai encontrar apoio para governar.
Todos os municípios nacionais são dependentes da União e também, em menor escala, do Estado em que ele se localiza.. A maioria dos municípios não tem um estrutura orgânico-administrativa razoável e competente. Normalmente um prefeito do interior quer saber de arrumar um contador. Por que só um contador? Por que não um administrador, um gestor, um economista? Porque a maioria dos prefeitos, mesmo aqueles que não tem nenhuma experiência de serviço público, se acham exímios administradores. E desse pensamento surgem os casos práticos de falta de licitação, desvio de recursos carimbados para outras finalidades que não as do "carimbo", as retiradas de dinheiro na "boca do caixa", os pagamentos de serviços por recibinhos etc. No Pará, dos 143 municípios, talvez nem cinco possuam procuradorias municipais instaladas com advogados públicos concursados (normalmente as prefeituras contratam advogados privados para tratarem dos interesses jurídicos e judiciais dos municípios).
Todas essas características do jeito de governar municipal tem consequências nefastas para as cidades e para as pessoas que nela vivem.
E assim, premidos pela necessidade e despreparo, os prefeitos vão seguindo as trilhas acidentadas das mudanças de partidos, ou mudança de apoio político para aqueles que lhes derem mais. Talvez pouquíssimos prefeitos saibam as diretrizes partidárias dos partidos a que são filiados.
E não se diga que as propostas de mudança do sistema político vá melhorar isso. Tenho muitas reservas com relação a lista fechada de candidatos, onde o vc vota no partido e o partido escolhe quem será o seu (do partido) representante. Num país em que os partidos são extremamente personalizados, sobretudo nos estados e municípios, isso só irá aumentar o poder dos caciques.
Assim, a nova configuração de forças saída desta eleição é apenas uma fotografia, que pode mudar a cada mês e chegar completamente desfigurada até 2010.
segunda-feira, 27 de outubro de 2008
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