segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Proprietários de bens tombados podem vender potencial construtivo

Proprietários de bens tombados podem vender potencial construtivo
CRISTIANE CAPUCHINHO
da Folha de S.Paulo

Pensar as maiores avenidas de São Paulo é recordar a história da cidade.
Não se pode dissociar a Paulista dos barões do café, assim como a região do
rio Pinheiros vem junto com a memória dos bandeirantes.

Mas esses espaços hoje são ícones do boom imobiliário e não dessa história,
feita de outras, contadas por casarões nos grandes corredores da cidade.

Alguns estão abandonados e até viraram lendas urbanas, como o Castelinho da
rua Apa (centro). Outros, após restauro, passarão a abrigar grandes centros
comerciais.

Em geral, a política de proteção patrimonial de bens tombados é pouco
conhecida pelas pessoas. "Muitas acham que o tombamento é uma condenação ao
bem", fala José Lefèvre.

A frase do presidente do Conpresp (Conselho Municipal de Preservação do
Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo) indica o
hábito de desvalorização de prédios antigos.

"Tem quem se orgulhe por ter um imóvel tombado, mas são poucos", diz Jorge
Eduardo Rubies, presidente da associação Preserva São Paulo.

Para conservar e adaptar os bens, a prefeitura dá incentivos a
proprietários, como a possibilidade de vender potencial construtivo para
qualquer imóvel em região de mesmo zoneamento. Toda a área adicional que
poderia ser construída no lote, mas impedida pelo tombamento, pode ser
"vendida".

Outro incentivo da prefeitura é a isenção de IPTU (Imposto Predial e
Territorial Urbano) para donos de imóveis tombados, no centro, que
conservarem as fachadas.

Mas até o diretor do Departamento do Patrimônio Histórico, Walter Pires,
concorda que os estímulos "não são suficientes para manter em bom estado os
imóveis tombados".

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