A postagem aí embaixo traduz uma curiosidade e uma angústia atuais em mim, em razão do número de pessoas que tem partido e estão prestes a partir de minha convivência.
A morte, apesar de tantas tentativas de explicação, compreensão e fé, ainda não se traduziu em momento eletivo.
Eu desconheço alguém que tenha morrido e manifestado, antes do momento final, satisfação ou motivação por morrer. Já ví resignação, conformação, fé, esperança, alegria nenhuma.
Mais do que isso, em virtude das características contemporâneas, assistimos mortes violentas (quantas pessoas você não conhece que já morreram em tentativas de assalto), por cânceres (quase uma epidemia nos dias atuais), dengues, gripes avárias e suínas, no trânsito...
Esses tipos de mortes, como em quase tudo hoje em dia, nos tiram o dom da sociabilidade, do acolhimento, do contato humando, tal como os computadores e suas redes nos tiram o convívio pele-a-pele, intelecto-intelecto, conversa-a-conversa.
São mortes rápidas, e quando não rápidas, contrangedoras - quantas pessoas você não conviveu com câncer sem poder dizer que ela estava com a doença -, que nos arrancam as pessoas que amamos e estimamos quando menos esperamos ou sem que estejamos preparados para isso.
Preparação. Desde que perdi meu pai e minha mãe, de maneira nem tão rápida, mas dor terebrante, tenho procurado viver a vida em acolhimento com as pessoas que mais considero. O contato pessoal, o convívio, o conversar, o frequentar, tem sido um objetivo.
Tudo isso porque, em ambos os episódios paterno e materno, senti falta de viver a réstia de suas vidas de modo intenso. Não a intensidade da alta-rotatividade dos dias presentes, mas uma intensidade serena, do carinho, da memória dos bons momentos, do receber os conselhos da experiência de vida, do afago, do beijo, do dizer que ama, etc.
Quem sabe a preparação não esteja aí, para quem fica e para quem vai. Ter a exata noção da finitude da vida e não esquecer de dedicar todos esses sentimentos enquanto estamos vivos.
quarta-feira, 2 de março de 2011
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